Anya Müller, uma bailarina que está aos poucos se perdendo. Tom Kaulitz, um guitarrista mulherengo que não acredita na existência do amor, como ele diz, só consegue "amar uma mulher por uma noite".
Quando o assunto é a Anya, talvez não seja só por...
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10 de Janeiro, 2008 Hamburgo, Alemanha
— Duas caixas de Paracetamol por favor. — Anya disse com um sorriso fraco à farmacêutica.
Os seus dedos batiam nervosamente no balcão assim como o seu calcanhar batia no chão. Quando recebeu os medicamentos e pagou, saiu do local rapidamente, indo até ao seu apartamento.
Já se faziam duas semanas e meia desde a ida da banda para a sua turnê na Europa. Nessa semana, sem a sua distração quotidiana que eram os seus amigos, a garota focou-se muito mais no Ballet. O que resultou em mais uma vez, se sentindo um caco.
Os seus pés doíam e ardiam em cortes que tinha perto dos dedos, as suas pernas estavam dormentes maior parte do tempo, e sua zona das costelas doía. Só de respirar já era uma dor incomodativa. Se não gostasse tanto da arte, provavelmente já tinha deixado de ser bailarina há bastante tempo.
Embora tentasse evitar a toma dos analgésicos — devido às dores súbitas que tinha, que, durante um tempo já não foram tão recorrentes, mas que nestas semanas semanas faziam praticamente parte do seu quotidiano — não era possível viver com todas essas dores. Então já estava mais uma vez ela; se matando aos poucos.
O seu Natal havia sido bom, tirando o facto que passou a madrugada vomitando tudo o que comera. A sua passagem de ano? Mais do mesmo, talvez ainda pior que o Natal.
Assim que entrou no seu quarto, jogou a sua mochila no chão, pegando nas caixas de medicamento do seu bolso e pousando no seu criado mudo. Pegou na sua garrafinha de água e bebeu com os dois analgésicos.
Encolheu-se na cama à espera que o remédio fizesse efeito; sabia que era inútil a espera, sendo que ainda demoraria alguns minutos até fazer efeito. Mas também não se sentia capaz de fazer o que quer que seja com essas dores.
Pegou no seu laptop e se deitou sobre os lençóis, grunhindo levemente ao fazê-lo. Qualquer movimente lhe causava aquela familiar dor que sentia à anos. Viu algumas fofocas da época, pesquisou um pouco sobre Eminem e os seus futuros álbuns e concertos.
Um dia iria a um concerto dele, um dia.
Até que recebeu uma vídeo chamada. O nome de Tom brilhou na sua tela. Abriu um sorriso ligeiramente fraco, atendendo.
— Olá princesa.
— Hey... Tudo bem? — a sua voz soou mais fraca que o normal. Xingou internamente, pigarreando para disfarçar.
Tom ficou um tempo em silêncio observando a menina. Os seus olhos azuis não tinham brilho, profundas e escuras olheiras pousavam debaixo dos mesmos. A sua pele estava pálida, levemente amarelada. Os seus lábios também não tinham cor e pareciam ter alguns cortes.
— A pergunta é: está tudo bem contigo, Anya? — o tom dele era uma mistura de seriedade e preocupação.
Anya sorriu, ele estava preocupado com ela. Mas ela não o queria preocupar mais.
