Eles já estavam longe para um senhor caralho quando Sophie finalmente soltou seus pulsos. Ela continuou andando, porém, e ouvindo-os seguirem seus passos. Até que parou.
– Não posso fazer isso. – Sussurrou, para si mesma, sem ousar erguer os olhos para os outros. – Não posso. Não.
Era muita coisa. Sophie precisava de... um tempo.
De lobisomens, magos, tias arrependidas e mulheres escrotas.
Precisava de... Um sorriso gentil, um par de olhos compreensivos.
Ela ergueu o queixo, olhou para Harry e Daphny, e decidiu que precisava de um tempo deles também.
Sophie os amava – droga, mataria por eles – mas precisava respirar.
Porque Petúnia não fora mãe. Não de Harry por dez anos. Não de Daphny no último ano.
E sobrara para ela.
Sabia que Remus discordaria, que diria que era uma criança – e ela era, caralho, só tinha quinze anos! – mas ele, tão pouco, fora um bom pai.
Um pai, sim. Esforçado, com certeza. Mas um bom pai? Um bom pai teria feito o que era melhor para ela. E talvez o melhor para Sophie não fosse ser criada por um lobisomem.
Mas fora... decisão dos seus pais. James e Lilian, eles o escolheram como seu padrinho.
Puta que pariu, ela precisava parar de pensar. Dar um tempo do próprio cérebro.
Merda!
Sophie estremeceu. Estava frio, e ela não usava nada além de um sobretudo vermelho e um par de botinhas para se proteger do frio.
Então, um rosnado profundo.
O tipo de rosnado que só se ouvia nas profundezas da Floresta Proibida – Sophie sabia, ela já entrara tão fundo naquela floresta que se surpreendia por ainda não ter descoberto a tribo dos centauros – e não em uma ruazinha torta em um subúrbio trouxa da Inglaterra.
Era o rosnado de um animal grande – maior que grande, maior que maior. Ela virou-se, de repente, para o beco escuro entre as casas.
– Lumus Maxima. – Ela sussurrou, e a varinha de Harry em sua mão obedeceu.
Uma luz forte se acendeu, enquanto Daphny e Harry também olhavam, mas havia um vácuo no beco. Um lugar de mais de dois metros onde a luz não pegava. Sophie deu um passo à frente, se colocando entre aquilo e os meninos.
Então aquela coisa piscou.
E grandes olhos cor de tempestade brilharam na escuridão, reluzindo contra o vazio contorno de sombras.
Lobisomem.
Todos os seus instintos gritaram, e Sophie gritou. Levou rapidamente a mão à corrente em seu pescoço, o rosto do gato ruivo incrementado com acônito, um talismã caseiro para afastar criaturas como aquela.
Mas... Não era lua cheia. Ainda assim, aquilo foi embora. Pulou para longe da luz com um salto gracioso e desapareceu no quintal de uma das casas, Sophie o ouviu pulando outra cerca e sumindo no mundo.
– O que era aquilo? – Perguntou Daphny, trêmula.
Sophie olhou para trás, Daphny e Harry estavam de mãos atadas, ela não notara, suas varinhas estavam com ela. A prima agarrara o braço de Harry como se quisesse impedi-lo de avançar.
– Acho que era um lobisomem. – Ela mentiu, engolindo em seco.
Tudo bem. O susto serviu para acalmar os nervos. A descarga de adrenalina devia atrasar o choro por mais algum tempo.
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Irmãos Potter _ O Prisioneiro de Azkaban
FantasíaApós correr atrás de impedir o retorno do temível Lorde Voldemort por dois anos seguidos, Sophie Potter vê para si a egoísta chance de um alívio. Ela merecia, lutara contra demônios além da imaginação da maioria das pessoas. Agora, estava pronta par...