Eu odeio... Tu, não

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O pincel de precisão da turma de artesanato funcionava perfeitamente, apesar de Camille, apressada e já com o cabelo pronto, ter preferido usar as pontas de plástico da escova de cabelo para fazer as sardinhas. Nela deu certo, ficaram ótimas com suas manchinhas, bem espalhadas e volumosas, em Julian teriam ficado demais.

– Eu disse que algo mais artificial te cairia bem. – Disse Sophie ao virá-lo para o espelho do banheiro que Sophie e Camille compartilhavam com duas meninas do primeiro ano, que a muito tinham ido embora para as festas.

Com o cabelo penteado para os lados e as pintinhas negras finíssimas no nariz e bochechas, também cobertas de blush, ele estava bem mais a cara da comemoração do que tinha ficado no teste da escova.

Sophie por si só estava bem festiva, os cabelos presos em duas tranças longas e baixas, o vestido não era vermelho como o de Camille, mas azul, a saia curta em vários tules de diversos tons que se mostravam a cada gesto.

– Você está linda. – Elogiou Julian, levantando e apanhando a camisa social xadrez que ele tirara para não manchar de maquiagem. A faixa em seu peito não moveu um milímetro que fosse quando o garoto esticou o braço, devia estar apertando até a alma dele.

– E você também. – Rebateu ela, voltando para a pia para guardar a maquiagem. – Quando seu acompanhante chega?

– Ela já está aqui. – Disse ele, abrindo a porta do quarto delas, para deixar Dorca entrar. A filhotinha, agora crescida até quase meio metro, pulou sobre o rapaz, abanando o rabo e tentando lambê-lo. – E aí, Doquinha? Que tal se formos a uma festa?

– Sabe que não pode levar a minha cachorra, não sabe?

– Por que não? – Perguntou ele, erguendo as sobrancelhas. – Ela é simpática, linda, animada e não tem preconceitos. Tudo o que procuro em um acompanhante.

Si eso es todo lo que estás buscando, me pregunto por qué estás soltero. Oh sí, búscalo en los perros. – Soltou Camille, olhando-o com pena.

Vete a la mierda. – Respondeu Julian, fazendo uma careta. – Mas, sério, por que tenho que ir com alguém?

– Não tem. – Respondeu Sophie, dando de ombros e saindo para o quarto. – Só presumi que fosse, perdão. Você falou tanto dessa festa que achei que teria uma lista de pares.

– Bem, eu não tenho. – Ele suspirou, sentando-se para amarrar as botas bem apartadas. – E você? Não vai com um certo veterano gato, vai?

– Não que seja da sua conta. – Ela mostrou a língua e olhou para o relógio. – Mas é, e ele está atrasado.

Vamos, Sol, encontramos a Ramoni en la fiesta. – Chamou Camille, tocando o ombro de Sophie e abrindo um sorriso com os dentes da frente separados por uma linha de lápis de olho preto.

– Sim. Vamos. – Concordou Julian. – E, se ele te der um bolo, afogamos sua mágoa em pasta de milho e suco de cevada.

– O quê? – Perguntou ela, franzindo as sobrancelhas

– Pamonha y cerveza. – Respondeu Camille, abrindo a porta para eles em meio a risadas.

Quando chegaram ao átrio do subsolo, ainda sorrindo e brincando com as bandeirolas penduradas pela roupa, a plataforma baixou com dois ocupantes.

– Diretora Ann. Prof. Jay. – Cumprimentou Sophie, acenando. A jovem diretora também se vestia de azul, o cabelo ruivo preso em tranças box para trás, os braços manchados de doença à mostra, um deles atado ao do marido. O professor de Sophie vestia-se parecido com Julian, camisa de flanela, mas de um tom vermelho escuro, calças jeans pesadas, botinas, um chapéu, mas tinha um bigode desenhado no lugar de sardas. – Estão indo para a festa?

Irmãos Potter _ O Prisioneiro de AzkabanOnde histórias criam vida. Descubra agora