Ninguém falou muito durante o resto da viagem. Por fim, o trem parou na estação de Hogsmeade e houve uma grande correria para desembarcar; corujas piavam, gatos miavam e o sapo de estimação de Neville coaxou alto debaixo do chapéu do seu dono. Estava frio demais na minúscula plataforma; a chuva descia em cortinas geladas.
– Alunos do primeiro ano por aqui! – Chamou uma voz conhecida.
Harry e Gin se viraram e se depararam com o vulto gigantesco de Hagrid, no outro extremo da plataforma, fazendo sinal para os novos alunos, aterrorizados, se aproximarem para a tradicional travessia do lago.
– Tudo bem, vocês dois? – Gritou Hagrid sobre as cabeças dos alunos aglomerados.
Eles acenaram para o guarda-caça, mas não tiveram chance de lhe falar porque a massa de alunos em volta deles os empurrava na direção oposta. Harry e Gin acompanharam o resto da escola pela plataforma e desceram para uma trilha enlameada, cheia de altos e baixos, onde no mínimo uns cem coches os aguardavam, cada qual, Harry só podia supor, puxado por um cavalo invisível, porque eles embarcaram em um, fecharam a porta e o veículo saiu andando, aos trancos e balanços, formando um cortejo.
O coche cheirava levemente a mofo e palha. Harry se sentia melhor desde o chocolate, mas continuava fraco. Gin se manteve ombro a ombro com ele, tentara devolver a capa de chuva, mas Harry disse que ela estava tremendo mais. Teve a impressão de que ela segurara uma resposta na ponta da língua.
Quando o coche foi se aproximando de um magnífico portão de ferro forjado, ladeado por colunas de pedra com javalis alados no alto, Harry viu mais dois dementadores encapuzados montando guarda dos lados do portão. Uma onda de náusea e frio tornou a invadi-lo; ele se recostou no banco encalombado e fechou os olhos até atravessarem a entrada. O coche ganhou velocidade no caminho longo e inclinado até o castelo; Gin se debruçou pela janelinha, espiando as muitas torrinhas e torres que se aproximavam. Por fim, o coche parou balançando. Harry desceu primeiro, dobrando os joelhos para não machucar nada quando pulou do coche, e se virou, estendendo a mão para ajudar Gin.
Quando ela conseguiu descer, antes que pudessem dar um passo para longe do coche, ou um do outro, uma voz arrastada e satisfeita chegou aos seus ouvidos.
– Sua caridade não acaba nunca, Potter? O Weasley sabe que está com a irmã dele?
– Não estou algemada, Malfoy, então Harry não está comigo.
Draco parou na frente dos dois, barrando a passagem deles para as escadas de pedra do castelo, o rosto jubilante e os olhos claros brilhando de malícia.
– Se manda, Malfoy – Mandou Harry, cansado, mas firme. – Está frio, queremos entrar no castelo.
– Você também desmaiou, Weasley? – Perguntou Draco em voz alta. – O velho dementador apavorante também a assustou, Tiny-Ginny?
– Ow, meu irmão me chamava assim. – Ela revelou, em uma voz afetada. – Sabe o que fiz com ele da última vez que me chamou assim? – Ela sorriu, dessa vez com muita mais malícia. – Quebrei o nariz dele.
– Algum problema? – Perguntou uma voz suave. Remus acabara de desembarcar do coche seguinte.
Malfoy lançou ao novo professor um olhar insolente, que registrou os fios brancos entre os loiros e a mala surrada. Com uma sugestão de sarcasmo na voz, ele respondeu:
– Ah, não... hum... professor – Depois fez cara de riso para Crabbe e Goyle, e subiu com os dois as escadas do castelo.
Remus olhou para as costas do garoto, e então para Harry e Gin, e, com um sorriso, disse baixinho:
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Irmãos Potter _ O Prisioneiro de Azkaban
FantasiaApós correr atrás de impedir o retorno do temível Lorde Voldemort por dois anos seguidos, Sophie Potter vê para si a egoísta chance de um alívio. Ela merecia, lutara contra demônios além da imaginação da maioria das pessoas. Agora, estava pronta par...