Welcome Home - part I

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Nem me preocupei com as roupas que eu estava usando, sai andando sem rumo, quando fui me tocar estava no parque que fica na frente da minha antiga escola.

Eu costumava brincar aqui com os meninos e com a Mila.

Eu não conseguia parar de pensar na hipocrisia da minha mãe, aquilo não tinha nada a ver comigo.

E meu pai? Sério? Nunca pensou em me dar o recado? Sempre os passou pra minha mãe e tudo bem?

Mas eu não consigo entender essa dinâmica. Será que eles só tinham o telefone da minha mãe? Mesmo assim. Injustificável.

Quando a minha raiva baixou e meu corpo esfriou eu me lembrei do frio que fazia naquele lugar, puta que pariu, que gelo.

Não tenho dinheiro para ir a um café e não quero ir pra casa agora.
Poderia ir pra casa da Mila, mas sério, depois de todos esses anos sendo ignorada pela melhor amiga sem mais nem menos, como eu apareço na casa dela? "Oi, tô com frio, tem como me aquecer e me ouvir?"
Os Kaulitz com certeza não são uma opção, uma sem teto aparecendo lá?  Não obrigada.
Será que invadir a escola é uma opção? Fazer um casaco com pele de esquilo tal qual meus antepassados?

Enquanto me perdia nas incríveis e super viáveis possibilidades de me aquecer sinto um casaco sendo posto em minhas costas. Tinha um cheiro tão bom.

Por um segundo meu coração congelou pensando que poderia ser o Tom. O que ele está fazendo aqui? Ele só não vinha na quarta-feira?

Quando olho para trás vejo Mila. Congelei. Ela percebeu.

-Ei, te dei o casaco para você não congelar kkkk- diz ela se sentando ao meu lado.

-Mas como? Você sabia que eu estava aqui? -Digo incrédula a seguindo com os olhos.

-Sim, foi a notícia da cidade. Claro que não, vim buscar meu irmão e te avistei de longe andando pra lá e pra cá como fazia quando éramos pequenas. Eu não ia vir falar com você, mas quando cheguei em casa minha mãe estava em uma ligação com o seu pai. Ele explicou pra ela o que aconteceu. Peguei o casaco do meu pai que estava pendurado e voltei.

Bom, isso explica o tamanho e o perfume do casaco.

-Me desculpa, Mila. Eu realmente não sabia das ligações... foi até por isso que não te procurei quando cheguei, fiquei com medo. -Disse envergonhada.

-Olha, eu tô bem magoada, mas agora minha mágoa está direcionada a sua mãe, ela sempre foi mandona e superprotetora, mas isso é demais, Lis. O que eu faria? Bolaria um plano de te colocar em um avião de volta para a Alemanha?

-Eu sei. Não tem justificativa.

-Seu pai parecia bravo no telefone. Ele tá preocupado com você, liga pra ele. Avisa pelo menos onde você tá.

Liguei para o meu pai, ele me explicou que as ligações eram feitas para o celular da minha mãe, como tínhamos mudado de país as pessoas não tinham nosso telefone fixo.
Quando ele comentava com ela sobre os recados, cartões e tudo mais ela dizia para não comentar nada comigo porque aquilo me magoava muito.
Ela dizia para deixar tudo com ela porque ela estava lidando com tudo.
Ele me pediu para não sentir tanta raiva dela e para desculpa-la, afinal, apesar dos pesares, ela só queria o meu bem.
Ele disse ainda que vai fazer o possível para me ajudar a recuperar o tempo perdido, mas eu não aceitei, ligar pra casa da Mila tudo bem, mas ligar pros meninos pra se justificar... falar da louca da minha mãe? Falar tudo isso para eles? Não! Ainda mais que o gatilho de termos ido embora foi o bullying que Bill sofreu. Não quero isso.
Disse para deixar como está e que aos poucos voltava a conversar com ela, mas que nos próximos dias eu realmente não queria papo.

Me voltei para Mila

-O que eu faço com os meninos?

-Com qual dos dois você está mais preocupada? O amor da sua vida ou o seu melhor amigo? Kkkk

-VOCÊ SE LEMBRA DISSO?

-Como se esquecer, Lis? Você só falava dele. Quer provas? É só você olhar a sua caixa das lembranças, 90% das fotos é do Tom. Você foi a primeira fã dele kkkk dos dois, mas do Tom foi a primeira stalker.

-Que horror, eu era uma criança.

-Uma criança apaixonada e não era a única, você era a única menina que o Tom não puxava o cabelo.

-Você ainda tem contato com eles?

-Vou em uma festa ou outra que eles dão nos intervalos das turnês, mas eles vem pouco pra casa.

-O que você acha que eu faço? Depois de descobrir o que minha mãe fez estou com medo de encontrá-los, marquei com a mãe deles de ir lá na quinta-feira. Eles chegam na quarta. Você acha que eu procuro eles antes de ir para não ficar um clima ruim lá?

-Bom, eu faria isso. Olha, dependendo de como eles estão no dia em que chegam eles vão no bar da 5ª avenida, passa lá. Eu posso ir com você.

-Acho melhor também.

Continuei conversando com Mila e a atualizei sobre tudo, aquela sensação de casa estava finalmente ali, não estava completa, mas estava ali. Mila me contou tudo sobre ela, me atualizou nos mínimos detalhes. Eu estava tão feliz.

PHOTOGRAPH | Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora