Capítulo 1 - Harmon

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Two birds on a wire
One tries to fly away
And the other watches him close from that wire
He says he wants to as well
But he is a liar

Two Birds
- Regina Spektor

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Acordo com o barulho irritante do meu despertador tocando; me levanto já estressada para deliga-lo (na pura base do ÓDIO). Me sento novamente na cama e esfrego os olhos, meu quarto ainda está escuro, mas a memória da criatura mecânica ainda está bem clara em minha mente.

Foi só um sonho...

Me espreguiço e abro as cortinas, ainda em cima da cama, olho pela janela: O dia está nublado, provavelmente vai chover. Me jogo de volta no travesseiro e puxo o cobertor até o rosto, que ótimo dia para não sair de casa!

Estou quase dormindo de novo quando ouço uma batida na porta, o que me faz lembrar do pesadelo estúpido que estava tentando empurrar para o fundo da memória. A porta se abre e eu dou um pulo da cama.

- Desculpe, te acordei? - Minha mãe, bem , Mãe adotiva, Roselle, pergunta se recostando no batente da porta com um cesto de roupas na mão.

-Já estava acordada - respondo, a voz rouca e sonolenta.

Ela me dá um sorriso gentil, me encarando com seus olhos azuis como o mar; há uma certa preocupação em seu olhar. Roselle entra, colocando o cesto de roupas na cama.

- Dormiu bem? - Ela se senta ao meu lado e tira algumas mechas de cabelo do meu rosto.

Faço que não com a cabeça.

- Tive um pesadelo... - Percebo o olhar preocupado da minha mãe.

- O mesmo de sempre... - Completo tentando tranquiliza-la

Não parece funcionar muito bem.

- O do robô esquisito? - Ela pergunta, passando a mãos em seus cabelos loiros seguindo a direção das ondas, o olhar permanece cravado em mim.

- É

Tenho pesadelos quase toda a noite, mas esse da criatura mecânica é o mais recorrente.

- Devia bater nele! - Roselle brinca, tentando me arrancar um sorriso, acho que não estou com uma cara muito boa.

- Vou tentar da próxima.. - Entro na brincadeira - Materializo um machado e ai é só acertar na cabeça! - Dou um sorriso inocente

- Você está passando tempo demais com seu pai... - O olhar preocupado dela some, e de certa forma me sinto aliviada.

Dou de ombros.

Roselle desvia o olhar para um porta retrato no criado mudo ao lado da minha cama, abaixo a cabeça e percebo que estou pressionando minhas unhas na palma das mãos. Dou um suspiro.

Vai ficar tudo bem

- Que preguiça de ir trabalhar hoje... _ Reclamo, tentando desviar a atenção dela.

- Henry disse que pode ficar em casa o tempo que precisar. - Relembra minha mãe.

- Não, eu vou hoje.

Ela me encara com aquele olhar de reprovação que só uma mãe sabe fazer.

- Se me sentir mal eu volto pra casa... - Insisto, não sei por quê estou me sentindo culpada! Não é ela que tem que tomar esse tipo de decisão!

Roselle solta um longo suspiro e dá três tapinhas na minha cabeça ( uma espécie de carinho, eu acho).

- Ta bem. - Ela se levanta e vai até a porta - Se troca e vem tomar café, fiz panquecas! - As ultimas palavras são ditas enquanto ela desce as escadas, provavelmente para anunciar para o resto da casa ( meu pai, no caso).

Tales of a White RabbitOnde histórias criam vida. Descubra agora