Capítulo 17 - Toca do Coelho

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(⚠️: Relacionamento abusivo)



"So listen closely if you want to make it
through the night

My friends, they have their ways to find you,
 just don't let them bite

You cannot make it through these nights
without my help

Place your trust in me, you have no one else"

- Trust Me
- Jorge Aguilar II

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Bunny

- Você é estúpida, sabia? - William diz em seu deboche usual, enquanto eu tiro as faixas ensanguentadas do machucado na minha barriga, o machucado que ele causou. - O que tinha na cabeça, sair passeando por ai, com um machucado desses, está querendo se matar ou algo assim?

Ele se afasta, indo em direção a um dos diversos gaveteiros de metal na sala e abrindo uma das gavetas. Respiro fundo, uma sensação de exaustão e derrota percorrendo meu corpo, não sei em que buraco do inferno William me deixou dessa vez, mas tenho certeza que não vou conseguir sair daqui tão tranquilamente como na pizzaria.

Baby também não está mais aqui, (embora não ache que ela me seria de grande ajuda), William a mandou fazer alguma coisa que não consegui prestar atenção e então me mandou sentar em um dos banquinhos, na frente da mesa de metal, dizendo que ia me ajudar a trocar os curativos.

Deixo as faixas ensanguentadas em cima da mesa, só de vê-las, já sinto um enjoo tremendo, nem quero saber como está o machucado. William volta, carregando gaze, esparadrapos, soro fisiológico e algumas bolinhas de algodão, ele joga tudo isso em cima da mesa, o barulho das coisas batendo no metal fazem as minhas orelhas de coelho se abaixarem, por mais que o som em si nem me incomode tanto. Ele pega a faixas sujas e as joga em um lixo próximo, empurrando a lixeira pra mais perto de mim em seguida.

Suspiro e começo a vasculhar as coisas na mesa, puxando o algodão e o soro, não tenho lá muito conhecimento sobre curativos, mas sei que preciso limpar a região machucada pra depois enfaixar, então é o que faço. 

Percebo William me encarando do outro lado da mesa, como se essa situação já não fosse humilhante e desconfortável o suficiente; assim que termino e jogo o algodão sujo no lixinho, ele se aproxima novamente e pega a gaze e o esparadrapo.

- Consigo fazer isso sozinha. - Digo, a mão estendida pra que ele me entregue as coisas, numa mísera tentativa de afasta-lo de mim, não quero esse maluco mexendo no meu machucado, ainda mais quando foi ele que o causou.

- E eu mandei fazer algo sozinha? - William retruca, o semblante irritado. - Não faz a mínima ideia de como cuidar de um ferimento assim.

- E nem precisaria se alguém não tivesse me esfaqueado! - Bufo exausta e apoio as mãos na mesa.

Ele revira os olhos e logo pressiona a gaze contra o machucado, fazendo com que eu dê um grito de dor, William não é nem um pouco delicado. Logo, sinto a mão áspera a fria na minha pele e detesto a sensação. Eu odeio que ele me toque, de qualquer forma, não quero que encoste em mim ou chegue perto, é assustador e desconfortável. Ele prende a gaze usando os esparadrapos, em seguida, pega a faixa e a enrola ao redor do meu torso, pedindo pra que eu a segure até ficar firme.

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