Capítulo 20 - Agonia

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"Every wall, every place
Something dark is following me here without a trace
Is it real, or in my head?
I guess I'll find out when I wake up back home or dead

 Dreadfully, terribly, something is amiss
But I won't mind the feeling, it's all made up in my head
Destiny's melody calling out to me
So what I'm gonna do is fall for you
And walk out to the edge"

- Into the Pit
- DHeusta & Dawko

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Katherine

Jogo uma pilha de roupas dentro de uma mala de viajem enquanto Sammy encara a porta do quarto preocupada.

A casa dela está um estado deplorável, tanto fora, quanto dentro. É completamente imunda, com um jardim mal cuidado e que passa a altura da cerca branca descascada, há garrafas de bebida e cigarros apagados por todos os cômodos e o cheiro da casa é terrível, como se algo estivesse apodrecendo aqui dentro. O quarto da Sam, parece ser o ambiente mais limpo, o que diz muito sobre a qualidade de vida por aqui. Nele, tem um papel de parede que um dia foi um rosa pastel e florido, mas hoje está desbotado e descolando, revelando mofo e umidade nas paredes; o chão de madeira está desgastado e com tábuas soltas, qualquer passo sem um sapato fechado, poderia resultar em uma farpa dolorida nos pés. O quarto em si, não tem muitos móveis, apenas uma cama que parece estar caindo aos pedaços, um guarda-roupa com uma das portas faltando e duas gavetas tortas e emperradas e, por fim, uma escrivaninha bamba e sem nenhuma cadeira na frente.  A única e janela do quarto parece estar imunda por fora, com uma cortina cheia de remendos e buracos, (possivelmente causados por traças), a decorando inutilmente e completando a energia mórbida e depressiva que combina com o resto da casa.

Consegui convencer a Sam a vir morar comigo, sempre sugeri essa ideia, desde que descobri como ela vivia em casa, mas Sam parecia relutante toda a vez que o assunto vinha a tona. Descobri que ela já tentou fugir algumas vezes daqui, mas a mãe sempre entrava em desespero quando percebia que ela sumiu e chamava a policia; pra encontrar a Sam eles se prestavam, mas pra tira-la desse ambiente hostil, se faziam de cegos. Todas as vezes que ela tentava fugir era a mesma coisa, a mãe de repente se importava com ela e chorava em desespero, então quando Sam voltava obrigada, a mãe a tratava com desgosto e a xingava e o pai, se aproveitava da situação para bater nela. Não importava quantas vezes Sam gritasse, quantas vezes dissesse pra policia que os pais a maltratavam, era sempre a mesma história.

Mas hoje, as coisas vão ser diferentes. Sammy tem dezoito anos agora, eles não podem mais obriga-la a voltar pra casa dos pais, não podem fazer nada quando a Mãe ligar em desespero dizendo que a filha fugiu. Eles não podem machuca-la, não mais.

Me viro pra Sam, está com uma trança em seu cabelo loiro e comprido, um moletom azul claro, que foi um presente de aniversário do Lian, shorts jeans que na verdade são meus e um tênis vermelho que já está pra lá de desgastado. Ela troca o olhar entre eu e a porta, parece aflita, até porque, viemos aqui sem a permissão do pai dela e ele detesta visitas.

Logo mais, Lian entra com uma caixa de papelão vazia e Max vem logo atrás, abrindo um sorriso acolhedor pra Sam.

Bem, eu não sou estúpida de vir aqui sozinha, ainda mais sabendo muito bem do que o Pai da Sammy é capaz, então, pedi pra que Lian e Max viessem comigo, como se fossem cães de guarda enormes. Estamos movendo todas as coisas da Sam pro carro do Lian e depois, vamos pra minha casa, onde meus pais já estão arranjando um cantinho pra ela.

Tales of a White RabbitOnde histórias criam vida. Descubra agora