"Break, break, break my mind
Break it till the tale unwinds
Force my thoughts through hell and back
Or leave me alone tonightBreak, break, break my heart
Break me till I fall apart
This can't be real, this can't be right
Now die inside the flames of your fright"- Break my mind
- DAGames▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄▀▄
16:35p.m.
•Elena•
Paro no batente da porta do quarto no fim do corredor com uma expressão exausta. A luz do sol entra pelas janelas, tingindo o ambiente em um tom alaranjado de fim de tarde e trazendo aconchego a um cômodo mórbido é triste. O quarto tem as paredes floridas e coloridas, com um carpete rosa combinando, uma escrivaninha branca e baixinha, se encontra na parede da esquerda, ao lado da janela, parece ser sido tirada de uma casa de bonecas; há uma cadeira com o encosto em formato de flor na frente e um baú de brinquedos quase vazio ao lado. Na parede da direita, uma cama de cabeceira branca, cujos lençóis e fronhas são trocados toda a semana e os bichos de pelúcia reorganizados da forma que eu acho que ela faria; ao lado, uma mesinha com um abajur que ficava ligado a noite toda para afastar os "monstros do escuro" e um livro que estávamos lendo tempos atrás. Ao lado da porta, uma cômoda branca já completamente vazia e, por todo o quarto, estão espalhadas caixas de papelão abertas e etiquetadas com um nome.
"Hannah"
Entro no quarto, observando as caixas parcialmente cheias, a maioria repleta de roupas e brinquedos que planejava doar, mas nunca fiz. Mais de uma década desde que Hannah morreu e eu ainda não consegui esvaziar esse quarto e tornar ele um cômodo útil da casa, então, venho aqui toda a semana, observo a bagunça e tento tomar coragem pra arruma-la, mas sempre travo pra fazer isso e acabo ficando sozinha e em silêncio nesse maldito quarto até o fim da tarde.
Hoje, não é diferente.
"Por que não se livra logo dessas tralhas?" - Meus pais me disseram milhares de vezes, diziam que eu era egoísta de manter essas coisas agora que Hannah se foi - "Com tanta gente precisando!" - Eles insistiam. Talvez tenham razão, talvez eu seja egoísta e mesquinha, não é como se a minha filha fosse voltar a vida de uma hora pra outra. Mas, só porque ela se foi, eu tenho que me desapegar de todas as memórias? De todas as roupas, brinquedos e livros que um dia ela usou e encheu minha casa de alegria?
Por que eu tenho que me livrar dessas coisas?! Não é justo!
Vou até a cama e me sento, abaixando a cabeça e entrelaçando os dedos nos fios de cabelo embaraçados e bagunçados. É inútil ficar pensando nisso. Eu não deveria dar atenção pro que eles falam, nunca se importaram em conviver com a Hannah, em perceber o quanto ela era um doce e sentia falta deles. É obvio que iam me dizer pra dar um fim em tudo, esse quarto, essas coisas, não tem valor nenhum pra eles.
- Elena?
Ergo a cabeça, dando de cara com Katy no batente da porta, ela me encara preocupada e está com um papel nas mãos, me parece tensa e desanimada.
- Você não deveria estar no trabalho? - Questiono, antes que ela comece com as perguntas.
- Fui demitida! - Ela sorri exausta e balança o papel.
Deixo escapar um riso, sem saber ao certo se deveria sentir pena ou alegria por Katy finalmente ter saído daquela loja infeliz. Ela se senta ao meu lado, embora pareça abalada, tenho certeza que uma pequena parte dentro dela torcia pra que isso acontecesse.
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Tales of a White Rabbit
ParanormalA pacata cidade de Hurricane em Utah guarda um enorme segredo. Na década de 80, o assassinato de várias crianças na pizzaria mais famosa da cidade mudou totalmente as coisas. O principal suspeito, Willian Afton, por falta de provas foi dito como...