Capítulo 22 - Metal e Carne

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And all the people say
You can't wake up, this is not a dream
You're part of a machine, you are not a human being
With your face all made up, living on a screen
Low on self-esteem, so you run on gasoline

I think there's a flaw in my code
(Oh, ooh-oh, ooh-oh, oh)
These voices won't leave me alone
Well, my heart is gold and my hands are cold

- Gasoline
- Halsey

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Katherine

Sam dá seu terceiro suspiro frustrado em uma tentativa de chamar minha atenção. Paro de desenhar, já irritada, largando o lápis em cima da escrivaninha e viro com a cadeira pro ser carente que me perturba.

- O que? - Pergunto num tom grosseiro.

Sam resmunga e se joga na minha cama.

- Eu não sei o que fazer com a minha vida...

Solto um riso abafado e a encaro confusa. Ela se senta, tirando os fios loiros e bagunçados do rosto e me encara frustrada.

- Como assim? - Me ajeito, finalmente prestando atenção nela.

- Qual o meu objetivo, Katherine? - Sam cruza os braços e bufa.

Dou de ombros.

- Não é você que devia saber isso?

Ela parece profundamente ofendida com a pergunta.

- O que eu falo que quero fazer desde o começo do ensino médio?

A encaro pensativa. Sam não era muito boa aluna na escola, a maior parte das vezes, ela copiava minha lição de casa ou do Max e eu tinha que arrastar ela pra estudar pras provas, ao menos, era competente nos trabalhos em grupo. A única coisa que ela levava a sério eram suas aulas balé fora da escola, Sammy dança muito bem e, como eu sei tocar piano, tive a chance de tocar em um dos recitais dela na época do natal. Sam dizia que não levava a escola a sério porque independente de como ela ia o pai...

- Você queria sair de casa. - Concluo e ela assente satisfeita. - Ta, e qual o problema nisso? Você já saiu, não tem que se preocupar com aquele inferno mais!

- Exatamente! - Ela exclama, como se fosse obvio.

Ergo a sobrancelha confusa.

- Eu passei a minha vida toda planejando e pensando como seria quando eu saísse de casa e, agora que isso finalmente aconteceu...eu não sei o que fazer. - Sam puxa meu coelhinho de pelúcia jogado na cama e o abraça. - Não tenho plano nenhum.

Levanto da escrivaninha e me sento na cama ao lado de Sammy a encarando com um sorriso gentil, ela suspira derrotada, não está procurando algum consolo, apenas desabafando.

- Parece que todos vocês tem a vida planejada... - Sam choraminga. - Os pais do Max vão pagar a faculdade pra ele; Lian vai sair de casa e alugar um apartamento; e você já trabalha na área que quer seguir. Sinto como se eu estivesse sobrando, sendo um peso na vida de vocês...argh, eu tô me fazendo de vítima de novo, não é? - Ela ri constrangida.

- Você ta exagerando. - Tombo a cabeça pro lado. - O Max nem quer fazer medicina, o pai dele que esta o obrigando, parece que é algum tipo de tradição de família esquisita. Lian vai ter que trabalhar pra cacete enquanto estuda se quiser bancar um apartamento. E eu sou só uma garçonete.

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