Capítulo 15 - Seis da Manhã

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"Please, let us get in, don't lock us away
We're not like what you're thinking
We are poor little souls who have lost all control
And we're forced here to take that role
We've been all alone
Stuck in our little zone since nineteen eighty-seven
Join us, be our friend, or just be stuck and defend
After all you only got

Five nights at Freddy's"

Five Nights at Fredddy's 1 Song
- The Living Tombstone

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Me encolho na cama tentando de alguma forma me concentrar enquanto leio um livro qualquer, o enterro da Sammy foi sexta feira passada, desde que ela morreu não consigo sair do quarto, só saí pra ir até seu túmulo e chorar junto dos meus amigos, não sei se vou conseguir ir pro trabalho hoje, espero que Henry me dê mais algum tempo para suportar toda essa dor. Limpo as lágrimas em um urso de pelúcia que estou abraçada, os pensamentos na minha cabeça são tão altos que mal consigo entender o que estou lendo.

Ouço uma batida na porta, deve ser minha mãe tentando vir me convencer de comer alguma coisa, embora já tenha dito pra ela milhares de vezes que não sinto fome, a ignoro, esperando que vá embora, mas Roselle entra, senta na ponta da cama e faz carinho no meu cabelo.

- Não estou com fome. - Resmungo, já esperando que ela diga alguma coisa.

- Tudo bem... - Roselle dá um suspiro derrotado. - O Max está aqui.

Me escondo embaixo das cobertas, fechando o livro e o largando no colchão como um sinal de que também não quero conversar com ninguém, Roselle suspira novamente, então se levanta e saí do quarto. Em alguns minutos, escuto a porta fechar, saio de debaixo do cobertor dando de cara com Max, que carrega um pote de plástico com dois garfinhos em cima.

Sento na cama e bufo com uma certa irritação, minha mãe deve ter pedido para Max me trazer alguma coisa. Ele se senta ao meu lado, me empurrando pra parede, numa tentativa de arrancar algum sorriso e me abraça, deixando o pote no meu colo.

- Já falei pra minha mãe que não estou com fome... - reclamo, mantendo a cabeça baixa.

Max abre o pote, ignorando o que acabei de dizer e mostrando dois pedaços de uma torta de caramelo com nozes, que parecem estar frescos.

- Eu fiz hoje de manhã, achei que ia querer um pouco... - Max tenta sorrir. - Pelo visto, vou ter que comer tudo sozinho.

Sinto as lágrimas aparecerem nos meus olhos e começo a chorar, Max me segura mais forte, fazendo com que eu deite em seu ombro, suas lágrimas escorrem pelo rosto e caem no meu cabelo. Essa é a sobremesa favorita da Sammy, nós costumávamos fazer juntas no aniversário dela, ou quando fazíamos uma festa do pijama em casa, era divertido e acolhedor; sempre nos rendia boas risadas e um esporro da minha mãe por sujar a cozinha.

Ele me entrega um dos garfinhos e nós dois começamos a comer em uma tentativa de engolir o choro junto da torta, só consigo comer metade e dou o resto pra Max, que me encara preocupado; então, conversamos sobre a Sam, é a primeira vez que falo sobre ela desde o enterro, é dolorido, tenho dificuldade em encontrar as palavras pra descrever ela, dizer como estou me sentindo, Max é bem melhor nisso do que eu, ele me conforta e eu o abraço mais forte tentando fazer o mesmo; tentamos conversar sobre outras coisas também, pra levantar o ânimo, ficamos por longos minutos apenas falando de qualquer coisa que nos venha a mente, ele pergunta sobre meu livro, jogado em cima da cama, e eu fico envergonhada em explicar que não estou entendendo a história. Assim que Max termina de comer, coloca o pote vazio com os dois garfos na mesa de cabeceira ao lado da minha cama.

Tales of a White RabbitOnde histórias criam vida. Descubra agora