Tales of a White Rabbit

Capítulo 12 - ❝Bunny❞

(⚠️: Relacionamento abusivo)

What once was a home is a hell I can't manage
So send me out, I'm packing it up
Everything's blurry,
 I don't wanna worry
The pain from this growing is rough, oh

-Pluto
- Melanie Martinez

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Sinto as lágrimas escorrerem pela minha bochecha e molharem a blusa de Anne, ela está me segurando forte, tentando tampar minha visão, mas não funciona muito bem.

Continuo vendo o fogo queimando nossa casa, tudo caindo aos pedaços, a sensação quente das chamas ainda atinge meu rosto mesmo que já esteja afastada de lá, continuo com a estúpida esperança de que meus pais vão sair . Abraço minha pelúcia de coelho mais forte, foi um presente do meu pai e agora, a única coisa que me sobrou dele.

Escuto um choro atrás de mim, é de Jeremy, Anne ergue o braço para que ele se junte a nós, então nós três escutamos sirenes. Várias pessoas começam a se aglomerar ao redor dos portões de entrada, mas nenhuma dela se aproxima para verificar se as três crianças chorando no chão estão bem, eles não se importam. Só querem saber o que está acontecendo.

As sirenes ficam mais altas e logo vejo uma luz atrás de mim, então me viro, é um caminhão de bombeiro com vários deles saindo, um dos bombeiros para ao nosso lado enquanto os outros correm até a casa com uma mangueira enorme, ele se ajoelha para ficar da nossa altura, seus olhos brilham com as chamas ao fundo.

- Vocês estão com algum machucado? - O bombeiro diz de forma delicada, tentando passar confiança, ele ergue a mão de forma gentil.

Anne tagarela alguma coisa em meio a lágrimas, logo Jeremy a interrompe falando também, enquanto eu apenas escondo meu braço que está sangrando, não quero um estranho mexendo no meu machucado, eu quero minha mãe!

O bombeiro parece notar, talvez seja o sangue escorrendo e pingando no chão, todos nós estamos machucados, por que dar atenção pra mim?

- Deixa eu ver? - Ele pede me encarando.

O olho de volta com raiva.

- Não! - Grito, a voz fina e trêmula de uma criança que mal consegue conter as lágrimas, Anne me olha ainda apavorada e Jeremy se abraça nela de novo. - Eu quero minha mãe! - Choro.

O bombeiro olha para a casa, onde seus colegas tentam apagar o fogo incansavelmente, ele se vira novamente pra mim com um olhar sério.

- Vamos fazer nosso melhor pra tirar sua mãe de lá, ok? Eu prometo. - Ele estende a mão novamente e segura meu braço machucado. - Agora, deixe eu ver seus machucados, estão doendo, não é?

Olho para trás, para as futuras ruínas do que foi um lar alegre, do que estava sendo uma festa de aniversário feliz e animada, tudo virou um pesadelo horrível, de dor e gritos, fico olhando a porta da frente, tampada por escombros de madeira, espero minha mãe aparecer ali, mas nada acontece.

- Vai ficar tudo bem... - O bombeiro diz.

Me viro de volta pra ele, ainda sentada de joelhos no chão, não acho que tenho forças pra levantar, ele deve ter percebido isso também já que me pega no colo, então estende a outra mão para que Anne segure, Jeremy vai abraçado nela. Tento evitar de olhar para a casa de novo.

"Vai ficar tudo bem." Repito a frase na minha cabeça diversas vezes, é mentira, eu sei que é mentira, mas é tudo que me consola nesse momento.