Capítulo 13 - Coelha de Porcelana

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(⚠️: Relacionamento abusivo)

Please, don't ever worry
 (back from the dead, back from the dead)
I know it's morbid 
(I'm back from the dead, back from the dead)
But we all die one day
(I'm back from the dead, back from the dead)

Death
-Melanie Martinez

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09:45a.m.

Max

Paro o carro e encaro os muros de pedra cinzentos e velhos no lado direito da calçada, puxo o buquê de flores que comprei no caminho do banco do passageiro e saio. Empurro um dos enormes portões de ferro, que range enferrujado, fazendo meus ouvidos doerem, então, caminho entre as lápides espalhadas pelo gramado verde e mal cuidado, há vários buquês como o que carrego, em frente de algumas, vários já murchos, outros vivos e posicionados em vasos, também noto velas apagadas, homenagens as pessoas que já partiram, em uma das lápides, vejo um porta-retrato tombado.

Não gosto de vir em cemitérios, a energia desse lugar definitivamente é ruim e as vezes tenho a sensação de ser observado. Uma brisa leve bate no meu rosto e sinto um calafrio.

Chego nas últimas fileiras de lápides e paro em frente a duas, a da esquerda já está desgastada pelo tempo, mas ainda é possível ver a escritura, há algumas flores em cima do túmulo, estão vivas, parecem ter sido colocadas recentemente.

Esse túmulo é de Jeremy, é do irmão dela. Katherine costumava vir aqui no aniversário dele e deixar algum presente, as vezes eram apenas flores, mas já a vi colocando uma carta, mesmo sabendo que o irmão não poderia ler, eram apenas seus pensamentos perturbados de saudade, memórias que os dois passaram juntos e pedidos de desculpa por não protege-lo. Eu a acompanhava toda a vez, sentávamos em frente a lápide e conversávamos por horas, as vezes ela falava como se Jeremy estivesse bem ali, nos encarando e fazendo alguma gracinha, ela chorava no meu ombro e eu a abraçava e prometia que ia ficar tudo bem, dizia palavras de conforto, dizia que seu irmão estava observando de algum lugar e cuidando dela, então, quando começava a anoitecer, íamos embora.

Por mais que fossem momentos tristes, sempre me senti bem em saber que Katherine confiava em mim pra falar sobre essas coisas, que ela queria minha companhia em momentos como esse, fazia eu sentir como se realmente estivesse a ajudando.

Olho para a lápide da esquerda, essa está mais nova, a pedra ainda é branca e brilhante e a escritura bem visível e detalhada: "Katherine Elizabeth Harmon".

Me ajoelho em frente à ela e coloco as flores em cima do túmulo, então, puxo um vaso de cerâmica branco, à esquerda da lápide, com um buquê murcho dentro, é da semana passada, o tiro, coloco o novo buquê e o ajeito.

É um buquê de Girassóis, rosas brancas, vermelhas e crisântemos, a funcionária da floricultura me ajudou a monta-lo e escolher as flores mais bonitas quando soube pra quê eram, ela me explicou alguns dos significados também.

Girassóis são as flores favoritas da Katherine, descobri isso quando eu, ela, Lian e Sammy fomos em um festival de outono aqui da cidade, ficamos perdidos naqueles labirintos de feno e por algum motivo começamos a falar de flores e ela contou que essa era sua época favorita do ano por causa dos girassóis, ela também contou que a mãe biológica costumava plantar eles na casa que moravam e que ela tinha um jardim lindo, talvez fosse por isso que Katherine gostasse tanto dessa flor.

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