𝙔𝙤𝙪𝙧 𝙏𝙞𝙢𝙚, 𝘔𝘢𝘯𝘫𝘪𝘳𝘰 𝘚𝘢𝘯𝘰

𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟾

-...É? -Ele diz se aproximando. -Porque o Kenchin parece mais atraente de repente... -Mikey coloca a mão em minhas costas e me traz para perto. Eu sinto o hálito de pirulito que ele comeu mais cedo.

-Manjiro... e você? Oque vai fazer da vida agora? -Ignoro sua pergunta, e alterno o olhar entre seus olhos e boca. Ele permanece em silêncio e sela nossos lábios.

Eu lhe devolvo um beijo intenso, e nossas pernas cruzam-se embaixo d'água. Coloco meus braços em volta de seu pescoço trazendo-o ainda mais para perto e agora nossos corpos estão colados. Sinto ele hesitar por um momento quando sente meus seios molhados nos seus. Continuo o beijando intensamente, enquanto minha língua explora sua boca. Ele acaricia meu cabelo, e desce as mãos novamente para minhas costas. Eu dedilho as suas costas, desço e dedilho a lombar, e sinto-o arrepiar. Estou gostando disso. Mikey continua descendo suas mãos, e ele as leva hesitantemente para minha bunda. Eu arfo com seu toque, e sinto meu corpo pedir mais que isso.

Nos afastamos ofegantes, e colo minha testa na dele.

-Ainda somos... menores de idade, Mikey...

-Eu te espero quando tiver 18. - Ele se afasta e toca carinhosamente com um dedo a ponta de meu nariz. -Vem, vamos para fora com os manos. -Mikey pega minha mão, e me guia para fora da água.

Draken e os outros armaram uma fogueira na areia, e estão sentados em círculo em volta dela. Nos aproximamos, e percebemos que eles tinham guardado um lugar na roda para nós dois. Sentamos entre Smiley e Baji.

Eu olho em volta e percebo como todos estão se divertindo, jogando conversa fora, rindo ou apenas aproveitando a companhia do outro. Sinto a felicidade ecoar dentro de mim, então encosto minha cabeça no peito de Mikey, e apenas observo os meninos. A fogueira nos aquece diante do frio de ter saído da água.

Isso me faz refletir de quando eu era criança. Como foi que eu consegui chegar até aqui? Quando foi que eu arrumei amigos tão incríveis e leais? Paro e penso por um instante.

Eu era uma criança muito bem tratada na infância pelos meus pais. A qualquer momento quando desejava alguma coisa, eles me davam rapidamente. Eu sempre tive o que queria.

Eu convivia muito com violência, traição, discussões, e acabei por me acostumar com isso. Então, com meus 8 anos, eu já era madura o suficiente para me defender, e quanto mais crescia, mais me retraia contra o mundo, por medo de discussões das quais eu convivia todos os dias.

O motivo comum dessas discussões era por que meu pai era delinquente, e minha mãe não aceitava tal coisa. Achava perigoso demais, e não queria que isso me envolvesse e influenciasse no futuro. Ela repreendia-o sempre que chegava em casa machucado, o que era todas as noites. Eu acordava com seus gritos, e imediatamente tampava meus ouvidos.

Era eu contra o mundo. Eu chorando sozinha no quarto escuro enquanto ouvia gritos.

Pelo motivo de muita discussão entre eles, na casa dos 12 anos eles se divorciaram, e meu pai continuou no caminho da delinquência. Quando chegava o final de semana, ele me buscava para fazer as visitas, e eu me deparava muito com marginais e muita violência. Eu cansei de ver rostos ensanguentados, dentes caindo, corpos com hematomas, cortes, e pessoas mortas. Acabei me acostumando a esse ambiente, entretanto eu morava com minha mãe.

Ela me abandonou em sua casa e foi fazer intercâmbio em outro país, sendo este, a França. Ela dizia que precisava ir para nos dar mais dinheiro, e acabo por ficar sozinha em casa apartir dos 13 anos mas, eu já sabia me cuidar sozinha, por isso ela não se preocupou.

Nós morávamos em um bairro pobre, e mesmo com dinheiro, minha mãe nunca investiu em sair de lá. Eu vivia com crianças com a mesma classe social, e com o tempo, eu as vi começarem a definhar. Quem continuava, seguia os passos dos pais no futuro e tornavam-se ladrões, presidiários, drogados e até mesmo delinquentes.