Capítulo 14

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Já fazia mais de duas semanas que Mateus havia expulso William de casa, Antony infelizmente ficou intermediando toda a situação, e tentou a todo custo aliviar o clima – e não resolveu nada.

Júlia tentou adequar sua rotina diante da grande mudança: sempre foi mulher independente que viveu sozinha, tem os seus costumes e preza pelo o silêncio. Agora tendo uma criança dentro de casa, a faxineira teve que tornar a casa mais segura e agradável para a Ana.

_Ju – chamava a pequena – soltou.
Uma das trancas feita no cabelo fino da Ana havia soltado. Delicadamente Júlia foi até ela, se abaixou e refez o penteado.
_Agora sim – alisou o vestido de quadrilha que a criança usava – onde será que está o seu pai?

Ambas ficaram procurando pela sala até que de repente um caipira de cabelos escuros, e rosto pintado simulando uma barba, saiu do quarto.

_Como estou? – disse dando rodopios.
_Lindo – a filha correu em sua direção e ele a agarrou.

A cena era bonita: Ana o abraça com tanta força como se estivesse abraçando um urso.

_Vamos?
_Sim – a faxineira entregou a mochila rosa com o nome escrito Ana – tenha um bom dia na escola, meu amor.
_Pegou tudo, querida? – desde do começo daquela encenação de casal perfeito Júlia e ele concordaram que dar “selinhos” na frente da menina causaria normalidade e assim ela não falaria nada demais com o promotor.

_Tudo, querido – então eles criaram um código avisando um ao outro quando deveriam se beijar. O termo “querido” ou “querida” facilitava todo o processo, e logo depois de ditos ambos se beijavam rapidamente.
_ Falta a Biba – a criança saiu dos braços do pai e correu para o quarto atrás de sua boneca.

Eles se olhavam sem graça. O fantasiado colocou a mochila rosa nas costas e se preparou para sair em direção a porta. De repente, Antony entrou pela porta da cozinha e tomou um susto ao ver o amigo naqueles trajes.

_Quer isso? – colocou as mãos no peito.
_Hoje tem festa junina na escola da Ana – disse rapidamente – e aí o que descobriu?
_A advogada acabou de sair – comentou após passar horas espionando o outro vizinho – ele assinou alguma coisa, viu.
_Ele vai pedir o divórcio – disse desesperado.
_Vamos ter calma – ela percebeu que a criança havia voltado para o cômodo que estavam – vão para escola, eu resolvo tudo.
_Antes – o empresário interrompeu a saída deles – Will, tu vai usar o carro o dia todo?
_Não – ele sabia que quando o amigo precisava mesmo acabava fazendo o pedido – vai precisa mesmo né?
_É urgente.
_Você deixa nós dois na escola e depois pode ficar com o carro.

Assim saíram os três rumo ao seu destino. Júlia observou o carro saindo, asssenou para eles. Logo depois que saíram, percebeu que o carro cinza do Mateus também estavam saindo. Ela pulou a pequena cerca, correu até o carro que estava ligado pronto para a sua saída.

_Mateus, por favor – implorou para que fosse ouvida.
_Como vai a vida de casada? – ironizou enquanto acelerava.
_Precisamos conversar, você sabe o quanto é necessário essa conversa.

Ele ficou calado. Tudo doía como se estivesse acontecendo novamente. Resolveu da uma chance para aquilo tudo.

_Às 14h no restaurante de frente pra o consultório – finamente ele olhou em seus olhos – não se atrase.

E em seguida o carro saiu com tudo. Rápido e seco. Júlia sabia o quanto ele estava magoado. Um pouco esperançosa ela voltou para a sua casa, mal sabia ela que Mateus seria convocado pela a faculdade para substituir um professor em uma palestra.

Ela tirou as sandálias dos pés e se jogou no sofá. Antes era o trabalho que lhe causava tantas confusões, mas parecia que o destino estava cada vez destruindo mundos – e agora havia chegado a sua vez de apanhar.

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