Capítulo 15

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_Devo ser muito burra – se xingava no espelho – puta burra.
_Título do seu novo livro – a voz de Antony confirmava tudo que era dito – podia ter fudido com ele em cima da mesa.
_Você tá lendo hot demais – comentou enquanto se jogava na cama onde já estava o amigo – mas tem razão.
_Uma pica grande e com veias, tem coisa melhor?
_Ser milionária e aí comprar quantos homens com paus com veias grossas que conseguir encontrar em um raio de 20 km.

O empresário caiu na gargalhada. Ambos ficaram olhando para o teto do quarto. Antony ficou com vergonha de perguntar, porém a curiosidade era maior:
_Você e Will já?
_Não – o clima se instalou – ele só tem olhos para a Aninha.
_Isso é ótimo – disse animado – não é mesmo?
_Sim – confirmou, mas ela estava distante demais.
_Júlia? – Antony a chamou – estar na terra?
_Ah? – sua mente está bem longe, não em um lugar, mas em uma pessoa. Era estranho como uma pessoa lhe havia lhe prendido daquela maneira. Ainda assim, sentia medo. E se tudo se repetisse?
_Acorde mulher – gritou em seu ouvido.
_Aqui estou – respondeu assustada.
_Só pensa em macho.
_Também nas dívidas – ficou reflexiva.

Havia acontecido tantas coisas nas últimas semanas: já havia sido puta, amiga, namorado, mãe... e agora amante. Nunca havia ficado tanto tempo sem sexo, quase dois meses de puro nada. E nem a masturbação conseguia abaixar o fogo que sentia. O corpo do promotor havia sido gravado na mente de sua buceta.

Mas tudo tinha um lado positivo, não é isso que as pessoas dizem? Tendo a presença do William as despesas haviam diminuído, mesmo com as reclamações da Júlia, o vizinho havia se responsabilizado por todas as contas e dívidas relacionados a casa – ele se sentia culpado por ter colocado a amiga naquela situação.

_Ju – a pequena Ana apareceu na porta do quarto com um saco de pipoca.
_Meu amor – Júlia havia pego o maior carinho com a menina – pode vim.

A criança correu até ela e pulou na cama. Os amigos começaram a rir bem alto, e na porta William observava toda a cena.

_Will? – a “namorada” o chamava – tudo bem? – se preocupou ao vê-lo com aqueles olhos tristes.
_Trouxe café – comentou mostrando a sacola verde que continua o pacote de café.

Júlia deixou Antony brincando com a Aninha. Ela e Will foram até a cozinha. Júlia observava o massagista tirar o café da sacola, o abrir e despejar aos poucos na cafeteira. 

_Tudo bem? – perguntou, pois a sua fisionomia não era uma das melhores.
_A minha sogra se mudou para a casa do Mateus – as palavras foram difíceis de serem ditas – me olhou com nojo.
_Aquela vaca! – disse com raiva – ela vai ver – Júlia estava cansada daquela situação era como se Mateus tivesse excluído Will da sua vida, apagado um passado e no final das contas tudo estava sendo jogado em suas costas.

O ódio acumulado de toda a situação havia chegado em suas veias, ela pegou a raiva e colocou debaixo do braço e foi em direção a casa do vizinho.

Bateu duas vezes na porta de entrada, Júlia contava os segundos tentando não explodir de vez, e a alguns metros de distância Will observava toda a situação.

_Pois não? – uma senhora de cabelos brancos por volta dos sessenta anos abriu a porta.
_MATEUS ESTÁ? – seu tom de voz evidenciava a sua ira.
_Quem é você? – a senhora a avaliou de cima para baixo, julgou as suas roupas e logo se criou o preconceito – vou chamar ele.
_Não precisa – Júlia adentrou a casa empurrando a porta com toda a raiva. A senhora ficou surpresa com a atitude da faxineira.

Júlia foi até a cozinha e se deparou com o Mateus lavando os pratos na pia, Mateus também ficou surpreso com a presença da vizinha – e que desde a expulsão do marido, ele havia a tratado com rispidez.

_Júlia?
_Você é um filho da puta mesmo – disse ainda em tom baixo tentando controlar os nervosos – como pode simplesmente se negar a conversar com o Will?
_Eu fui traído! – jogou os pratos na pia – ouviu bem.
_Jura? – debochou – e eu fui usada por mero brinquedos por vocês.
_Ju... – William com receio das atitudes da amiga entrou na casa, que um dia também foi sua, para impedir que ela cometesse alguma besteira.
_A não, venha não – seu tom de voz começava a ficar alto – eu tô cansada de ser usada, usada e usada – Will se aproximou dela, e com os nervosos a flor da pele ela gritou – CHEGA!

Júlia começou a ter uma crise: o seu coração começou a bater forte, as mãos ficaram trêmulas, a respiração começou a ficar ofegante. Contudo, a sua raiva era tanta que ela precisava dizer em voz alta o que sentia.

_Sei que vocês dois queriam fazer um sexo a três comigo – pouco se importou com a presença da mãe de Mateus – sei também que falavam meu nome durante a transa de vocês – os vizinhos ficaram incrédulos sobre o fato dela saber desse detalhe – no começo eu quis muito fuder com meus vizinhos, só que depois eles não souberam resolver seus problemas e jogaram tudo para o meu colo.

_Do que você está falando? – Mateus finalmente se manifestou – a filha é dele.
_MAS A MENTIRA É NOSSA! – berrou de ódio – porque se eu for presa porque dois viados não souberam assumir que estão passando por problemas como todo casal, e se aquela menina for parar no orfanato por causa dessa mentira de eu ser namorada do Will – sentiu o ar faltar dos pulmões – saibam que vou sair da prisão muito puta.

Percebendo que estava passando mal, Mateus segurou nos seus braços e a ajudou a sentar na cadeira. A sua mãe logo trouxe um copo d’ água. Já Will ficou abanando ela com uma guardanapo.

_Não acredito que estava tão grave assim – comentou a senhora de idade presente na cozinha – William e Mateus isso é verdade?
Eles não responderam. E isso já confirmava tudo.

_Jogaram tudo nas costas dela, como puderam? – sentiu empatia por aquela mulher que nunca havia visto e percebido o quanto havia sofrido nos últimos meses.
_O promotor me colocou contra a parede – tecnicamente era para fazer algo prazeroso, mas ela optou por omitir – não sei se aguento mais.
_Vai ficar tudo bem, querida.
_Obrigada e desculpa por esse show.
_Que nada – ela passava as mãos no cabelo da Júlia – vai ficar tudo bem.

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