Esperança é Uma Coisa Delicada Part II

Tentativa de conversa

Quando as portas da sala do trono se fecharam atrás dos semideuses, Hephaestus não conseguiu desviar os olhos do local onde Leo estava sentado. Ao longo deste livro, principalmente nos capítulos de Leo, ele começou a recuperar pedaços de sua memória. O suficiente para saber que ele viu Leo crescer o máximo que pôde. Mas ainda havia lacunas em sua memória tão grandes que ele não conseguia nem começar a tentar entendê-las.

Mas o que realmente o matou não foram as lacunas em sua memória. Não foram as dores de cabeça de memória. Não era a confusão que permeava a sala do trono. Não. A pior parte de toda essa tarefa até agora, o que realmente o matou... foi a mudança no comportamento de seu filho. Pelo que ele lembrava, Leo tinha sido uma criança muito feliz enquanto crescia. Apesar de ser apenas ele e Esperanza, Hephaestus se lembrava o suficiente daqueles primeiros anos para lembrar que eles eram felizes. E, durante a maior parte do tempo em que as crianças estiveram lá, ele acreditou que isso havia durado.

Mas depois de apenas oito capítulos, e apenas dois narrados por Leo, Hephaestus sabia que não era esse o caso. E ele odiava pensar nas circunstâncias que resultaram na mudança. Um deles era obviamente o falecimento de Esperanza. O segundo mais óbvio seria Leo sendo colocado em um orfanato, que Hephaestus ainda não entendia o raciocínio por trás. Ele sabia que Esperanza tinha irmãos, assim como outros membros da família, que poderiam ter cuidado de Leo após sua morte. Claro, Esperanza e Rosa (um dos poucos membros da família que ele conheceu) não se davam muito bem. Mas pensar que Rosa e o resto da família permitiram que Leo fosse colocado no sistema de adoção... Ele simplesmente não conseguia acreditar.

"Você deveria ir," alguém à esquerda de Hephaestus disse gentilmente. Quando ele se virou, Hecate mal havia se virado para olhar para ele, acariciando Gale, a doninha que ainda estava enrolada em seu colo.

"O que?" ele perguntou, tentando não chamar a atenção para si mesmo.

Hecate levantou uma sobrancelha para ele. "Seu filho. Você deveria ir procurá-lo e falar com ele".

Hephaestus fez uma leve careta. "Nunca fui bom em falar com os outros, especialmente com crianças. Especialmente meus filhos. Além disso, eles parecem estar prestes a iniciar uma reunião do conselho. Eu nunca vou ouvir o fim disso se eu for embora."

"Eu vou cobrir para você."

"Com licença?"

"Eu vou cobrir para você", disse Hecate simplesmente. Ela olhou para as portas e depois para ele. "Além disso, não tenho certeza se isso importaria para o seu filho se você é bom ou não nessas conversas. Na verdade, tenho certeza de que ele sabe que você não é. O que importa é o esforço que você faz. Posso estar errada, mas parece que seu filho pode se beneficiar simplesmente falando com o pai."

Hephaestus suspirou. "Ele pode não querer falar comigo."

Hecate deu de ombros. "Ele pode não quere. Mas isso é algo que você nunca saberá se não tentar. Além disso, esse é o objetivo de tudo isso, certo?"

Ele olhou para ela com o canto do olho, considerando suas palavras. "Você tem razão. No entanto, não tenho certeza de como poderia sair daqui sem chamar atenção para mim."

Antes que Hecate pudesse dizer qualquer coisa, Hephaestus olhou para cima e viu o olhar de Hestia. Ela sorriu, apenas ligeiramente, e ele sabia que de alguma forma ela entendeu exatamente o que eles estavam falando. Então Hestia acenou com a cabeça para o segundo conjunto de portas na sala do trono, aquelas que estavam mais perto de seu assento e que quase ninguém usava. Hephaestus olhou ao redor; As costas de Hera estavam viradas e a atenção de todos os outros estava nela. Agora era sua chance. Se ele fosse embora agora, ninguém notaria. Não até que ele tivesse ido embora, pelo menos. Ele fixou os olhos em Hestia novamente, e o sorriso dela cresceu.