Esperança é Uma Coisa Delicada Part II

Tenha paciência com seus pacientes

Nico riu quando Piper enxotou Will pela quinta vez desde que o jantar começou.

Will recostou-se na toalha de piquenique e cruzou os braços sobre o peito, fixando Piper com um olhar irritado. "Por que você está sendo tão difícil?"

"Porque você está me sufocando enquanto tento comer!" Piper disse, dando uma mordida em seu jantar para provar seu ponto. "Caramba, uma garota não pode comer sua quesadilla em paz?"

Will exalou lentamente pelo nariz, como se estivesse tentando reunir as últimas gotas de paciência que lhe restavam. "Se você tivesse me deixado dar uma olhada quando pedi, eu teria deixado você sozinha mais cedo. Você é quem está arrastando isso."

"Você mesmo disse, é apenas uma entorse," Piper disse através de outra mordida em seu almoço. "Coisas piores já aconteceram. Quero dizer, estávamos apenas em uma missão que desafiava a morte para salvar o maldito mundo, pelo amor dos deuses. Você sabe quantas vezes todos nós quase morremos? Um pequeno tornozelo torcido não é nada."

Will levantou uma sobrancelha para ela. "Se você não percebeu, você não está mais na dita 'missão que desafia a morte para salvar o maldito mundo'. E, caso você tenha perdido, eu lhe disse na sala do trono que não teria certeza de quanto você se machucaria colocando peso em um tornozelo machucado até que o preço passasse. Você sugeriu que eu desse uma olhada quando fomos dispensados para o jantar. Bem, agora estamos aqui e você não está me deixando fazer meu trabalho."

Piper riu, aparentemente tendo prazer em como Will estava ficando irritado. "Will, uma pequena lesão no tornozelo não vai me matar até o final do jantar. Você está se preocupando com nada."

"Fascinante, não é?" Clarisse murmurou.

Nico sorriu, continuando a assistir Piper e Will brigando de um lado para o outro. "Acho que nunca o vi assim."

Clarisse deu de ombros com um leve sorriso. "Você não esteve por perto o suficiente. Ele começou a ficar assim quando Chiron o nomeou chefe da enfermaria. Se há alguém que poderia colocar qualquer campista, e talvez até o próprio Chiron, em seu lugar, é Will."

Nico se virou para ela surpreso. "Sério?"

"Oh, sim," Clarisse disse com um sorriso. "Não se deixe enganar por esse comportamento ensolarado. Will pode ser absolutamente aterrorizante quando quer. Uma vez, a maioria dos meus irmãos conseguiu se machucar durante o treino, mas eles não tiveram tempo para descansar. Will pediu cinco minutos com eles. Tudo o que ouvi foram alguns xingamentos coloridos, e ele saiu com um sorriso satisfeito, me disse que conseguiu falar com eles, afinal. Agora, tudo o que tenho a fazer para fazê-los ouvir é ameaçá-los de trazer Will de volta."

Nico se virou para Will, que ainda estava tentando e falhando em conseguir que Piper o deixasse examinar seu tornozelo. A noção de que Will era todo sol havia desaparecido há muito tempo, especialmente depois de ler sobre as mortes de Lee e Michael. Mas mesmo assim, mesmo quando Nico tinha visto como Will se soltava naquela sala de fúria divina, Nico nunca teve medo de Will. Na verdade, ele nem conseguia imaginar. "Will" e "assustador" não pertenciam à mesma frase. Will era... bem, Will.

Nico deu de ombros. "Não consigo ver", murmurou. "Eu mal posso imaginá-lo xingando, muito menos sendo assustador o suficiente para fazer a maioria dos campistas de Ares obedecer."

Clarisse riu. "Não é realmente sobre o que ele faz. É sobre o que ele sabe. Tenha em mente, o cara é um médico. Ele tem feito cirurgias regularmente, já que foi nomeado chefe da enfermaria pouco antes da Batalha do Labirinto. Você sabe o quanto é preciso saber sobre o corpo humano para fazer uma cirurgia e não matá-los? Além disso, a sujeira que aquele cara tem sobre quase todo mundo no acampamento..." Clarisse estremeceu, como se estivesse pensando sobre o que Will sabia sobre ela. "Vamos apenas dizer que ninguém está interessado em irritá-lo."