Família

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Hera estava em uma das muitas varandas do Olimpo, abraçando-se enquanto olhava para as estrelas. O ar frio assobiou ao seu redor, mas ela descobriu que não se importava o suficiente para estremecer. Seu marido teve o bom senso de deixá-la em paz, graças ao destino.

Infelizmente, isso a deixou sozinha. Sozinha com as constelações salpicando o céu, sozinha com seus pensamentos, sozinha com suas memórias recém-recuperadas. Sim, ela se lembrava de Jason, tudo bem. Ela se lembrava de ter visto a mãe dele deixá-lo na Casa dos Lobos. Por ordem dela, sim, mas o que ela deveria fazer? Ao contrário do que alguns na sala do trono podem acreditar, ela cuidou daquela criança. E não havia como um Romano poder ir para o Acampamento Meio-Sangue. Ainda não, pelo menos. Além disso, sua mãe era... instável, na melhor das hipóteses. Hera não tinha ideia do que teria acontecido se ela tivesse permitido que ele ficasse naquela casa. Sua irmã certamente não seria capaz de manter os dois seguros. Além disso, seu destino precisava ser acionado, assim como o de Jason.

Hera lembrou-se de observar enquanto Lupa colocava Jason sob sua proteção. E ela se lembrou da desaprovação palpável de Lupa quando descobriu o pequenino Jason de dois anos.

Você guiou um recém-nascido para minha matilha, Juno, o lobo rosnou. Não um filhote.

"Tal como o destino decreta", respondeu Juno, os lobos a rodeando e farejando um Jason chorando ansiosamente. "É necessário."

Lupa juntou as orelhas à cabeça. E o que você quer que eu faça? Mantê-lo aqui? Ele não pode lutar. Este filhote está em clara desvantagem em relação ao resto do bando.

Juno inclinou a cabeça para o lado, olhando para Lupa impassivelmente. "Os fortes sobrevivem, os fracos são comida", disse ela. "Não é esse o seu lema? Você prepara seus filhotes para o mundo implacável em que entrarão. Não me diga que você está ficando mole, Lupa."

O lobo rosnou baixo em sua garganta. Meus ensinamentos não mudaram. Estou apenas surpresa por você enviar conscientemente um recém-nascido para morrer, conhecendo meus métodos.

Juno ficou tensa quase imperceptivelmente. Mas Lupa não perdeu. Juno endireitou os ombros e encontrou o olhar do lobo. "Estou simplesmente confiando que você sabe que não deve atrapalhar o destino, velho amiga. Esta não é uma criança comum."

Lupa pareceu revirar os olhos. Nenhuma criança é comum. Você sabe disso. Ela cutucou o pequeno Jason gentilmente com a pata. O que há de tão especial nele que chamou sua atenção?

Juno suspirou, olhando para Jason com uma mistura de dor e orgulho.

Ah. Lupa assentiu. Eu vejo. O segundo filho do clã Grace, ele é do Lord Júpiter, e a menina... Lupa curvou levemente os lábios. Grega. Ela será o problema da minha contraparte. Lupa inclinou a cabeça, seu olhar inabalável e em grande parte antipático. Isso deve doer.

Juno franziu a testa para Lupa. "Você vai ajudá-lo ou não?"

Lupa ergueu ligeiramente o queixo. Ele é meu filhote. Essa é a única resposta que você precisa.

Juno assentiu. "Estou feliz por termos um entendimento."

A loba balançou a cabeça. Não sei em que jogo você está jogando, Juno. Mas espero que valha a pena os sacrifícios que você está exigindo.

Juno franziu a testa e se virou para sair, os lobos se separando ao seu redor. Na beirada da linha das árvores, ela se virou, avistando Lupa acariciando o pequeno Jason gentilmente. Juno sorriu. Por mais forte que Lupa fosse, ela sabia que o lobo nunca deixaria que nenhum mal acontecesse a Jason. Agora não. E isso foi o suficiente.

Esperança é Uma Coisa Delicada Part IIOnde histórias criam vida. Descubra agora