Esperança é Uma Coisa Delicada Part II

O amor e a dor

Aphrodite não tinha certeza se alguém notou quando Athena saiu após a leitura. Mas ela certamente tinha. E então, assim que ela viu a outra deusa saindo correndo da sala, parecendo positivamente chateada por algum motivo que Aphrodite não conseguia entender, ela decidiu segui-la. Ares poderia lidar com o que quer que esteja acontecendo com Eros e Psyche.

Quando Aphrodite chegou ao corredor, Athena já havia desaparecido. Ela bufou de aborrecimento e olhou em volta, procurando por qualquer pista sobre onde Athena poderia ter ido. Quando o corredor – previsivelmente – não revelou nada, Aphrodite suspirou e decidiu que seguir em direção aos aposentos de Athena seria sua melhor aposta.

Enquanto caminhava, Aphrodite refletia sobre a situação em sua mente, perguntando-se por que Athena estaria tão zangada. É verdade que Aphrodite estava prestando mais atenção ao filho fazendo beicinho, então ela perdeu qualquer coisa que pudesse ter acontecido durante a leitura.

Ela franziu a testa e balançou a cabeça. Não fazia sentido. Nada – até onde Aphrodite sabia – aconteceu durante esses últimos capítulos que justificasse tal raiva. Ninguém havia mencionado Roma, Triton não havia gritado com ela. Pelo que Aphrodite conseguia se lembrar Athena não havia falado nada durante a leitura. Pode ser que ela tenha ficado chocada com o plano incrivelmente perigoso de Percy, mas... Aphrodite não conseguia imaginar Athena ficando brava com isso. Ela não parecia se importar nem um pouco com Percy, muito menos o suficiente para ficar chateada por ele estar apostando com sua vida. Quanto mais Aphrodite pensava nisso, mais confusa ela se sentia. Mas ela suspeitava que a resposta não seria nada direta.

Felizmente para ela, Athena – aparentemente – tinha decidido refugiar-se em seus aposentos. Isto é, se a porta parcialmente aberta e o som de coisas sendo atiradas e gritos raivosos fossem alguma indicação. Aphrodite se aproximou da porta lentamente. Athena podia ser bastante volátil quando estava chateada e, fosse o que fosse que estivesse acontecendo, Aphrodite realmente queria ajudar. Ela empurrou a porta lentamente, observando a sala enquanto o fazia.

Embora Aphrodite nunca os tivesse visto antes, ela sabia que os aposentos de Athena eram exatamente iguais aos de todos os outros: um grande cômodo principal, um closet e banheiro, bem como outro pequeno cômodo de sua escolha. E, por conhecer Athena (passar vários milênios com alguém tendia a ajudar nesse departamento), ela sabia que esses quartos eram normalmente imaculados.

Em vez de a cama ficar centralizada na parede oposta, Athena a empurrou para o canto para dar espaço às estantes embutidas do outro lado. Uma grande escrivaninha de cerejeira estava entre a cama e as prateleiras, transbordando de papéis, livros e plantas (aquela bagunça era esperada). Uma lareira de mármore estava aninhada na parede oposta, cercada por sofás baixos e macios.

Roupas, cobertores e travesseiros — até mesmo livros e pergaminhos — estavam espalhados pelo chão. Athena ficou no meio da bagunça, falando consigo mesma em grego. Enquanto Aphrodite observava, ela cuspiu algo com raiva e chutou um pequeno cesto cheio de lã para o outro lado da sala. Quando colidiu com a parede, um novelo de lã cinza e macio saltou e rolou pelo chão, desenrolando-se lentamente.

Aphrodite empurrou a porta um pouco mais e se preparou. "Você está bem?"

"Tudo bem," Athena retrucou. "Por que eu não estaria? Está tudo bem."

Aphrodite cantarolou. "você está redecorando, então?"

Athena soltou uma risada aguda e áspera. "Você sabe o que? Sim, talvez eu esteja. Agora, se você me dá licença, estou meio ocupada aqui."

Aphrodite assentiu, mas não se moveu. Enquanto observava, Athena começou a pegar livros do chão, batendo-os na superfície da mesa. Isso aconteceu mais algumas vezes antes de Aphrodite franzir a testa e entrar na sala.