Esperança é Uma Coisa Delicada Part II

Esquecendo

Hazel não tinha um destino em mente quando saiu da sala do trono e, com toda a franqueza, não se importou muito com o destino. Tudo em que ela estava focada era colocar o máximo de distância possível entre ela e aquela sala. De alguma forma, ela encontrou o caminho para uma parte dos jardins que ela mal reconheceu quando correu naquela manhã, procurando por Nico. Era bonito, sombreado e – o mais importante – isolado. Atrás de sebes cuidadosamente aparadas havia uma bela fonte e um pequeno santuário, o resto do espaço ocupado por plantas com flores e vinhas. Na frente da fonte, alguém havia colocado uma toalha de piquenique no chão, o que Hazel imaginou ser um convite que ela receberia.

Ela se sentou no cobertor e suspirou, puxando os joelhos contra o peito. Ela realmente não esperava que o livro fosse tão longe em sua história tão cedo. No entanto, ela supôs que deveria, considerando que o último livro fez a mesma coisa com Leo. Sinceramente, ela realmente não teve tempo para trabalhar com o que ela passou no último ano ou mais. Tudo o que ela estava pensando e sentindo tinha sido... colocado em segundo plano para que ela pudesse se concentrar em... bem, em todo o resto. E o julgamento, a desconfiança e, sim, a pena, não era algo para o qual Hazel estava preparada.

"Se importa se eu me juntar a você?" Frank perguntou gentilmente, pairando na ponta do cobertor.

Hazel suspirou e acenou com a cabeça para o espaço ao lado dela. Frank sentou-se ao lado dela e colocou a mão no cobertor, com a palma para cima; um convite silencioso. Depois de um momento, Hazel estendeu a mão e entrelaçou os dedos, apertando suavemente.

"Acho que seu pai não gosta de mim", Frank sussurrou, inclinando-se ligeiramente para ela. "Ele estava me dando esse olhar mortal durante a leitura."

Hazel riu. "Eu não acho que ele estava te dando um olhar mortal. Acho que é só o rosto dele."

"Eu não sei", disse Frank. "Parecia bastante intencional."

"Eu acho que ele é realmente um grande sentimental", disse Hazel. "Ele só tem uma expressão de pedra, só isso."

Frank riu baixinho. "Se você diz. Eu definitivamente vou evitar ficar do lado ruim dele, no entanto."

Hazel assentiu sabiamente. "Isso seria melhor, eu acho."

O silêncio se instalou entre eles e, por alguns instantes, Hazel quase acreditou que ele não iria comentar a leitura. Ela deveria saber que não seria tão fácil para ele esquecer.

"Como você está se sentindo?" Frank perguntou gentilmente. Hazel suspirou e começou a retirar a mão, mas o aperto dele aumentou um pouco. "Hazel, por favor. Sei que é difícil para você e quero estar ao seu lado, mas não posso se você não me deixar." Ele fez uma pausa e suspirou suavemente. "Hazel, fale comigo. Por favor."

"Eu não sei o que você quer que eu diga", Hazel murmurou. "Tudo o que você viu... foi há muito tempo."

"Não para você", Frank protestou. "Na verdade. E todos esses anos depois, sem ninguém para conversar..."

Hazel tentou engolir o nó na garganta. "Frank, por favor..."

"Eu sei que você não quer falar sobre isso," ele disse suavemente, "mas você não pode deixar isso enlouquecer em sua mente. Não é saudável."

Hazel soltou um suspiro trêmulo, tentando organizar seus pensamentos da melhor maneira possível no momento. Talvez ela devesse ter feito isso antes de chegarem a este livro, mas, mas para ser justa, ela estava um pouco distraída.

"Você se lembra do que Percy disse para você e Clarisse naquela primeira noite?" Hazel perguntou baixinho.

Frank suspirou. "Hazel, ninguém vai tratá-la como se você fosse feita de vidro", ele murmurou. "Nenhum de nós, de qualquer maneira. Nós apenas... acho que fomos pegos um pouco desprevenidos. Quer dizer, você nunca falou com nenhum de nós sobre o seu passado. O que, agora que estamos vendo, é completamente compreensível."