16. Vermelho e Branco

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Uma hora depois, a tragédia que havia se abatido sobre nós ainda pairava no ar, enchendo cada respiração com um peso insuportável

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Uma hora depois, a tragédia que havia se abatido sobre nós ainda pairava no ar, enchendo cada respiração com um peso insuportável. Mesmo após um banho quente, o corpo de Aurora ainda tremia e ela passava constantemente as mãos pelos braços, como se o sangue de seus pais ainda estivesse impregnado em sua pele.

Ela se sentia incapaz de dormir, e eu me sentia incapaz de ir embora. Estava sentada ao lado dela em uma das salas da Mansão Celeste, enquanto Diane, Vazie e Saydd estavam em um sofá próximo. Em pé, no canto da sala, estava meu pai e Bardock, que haviam ido me buscar.

Eu não conseguia sair do lado de Aurora. Um de meus braços a envolvia num abraço enquanto com a outra mão eu entrelaçava os meus dedos aos dela. Seus cabelos prateados ainda estavam molhados do banho, e ela olhava em silêncio para o nada.

Quando Aldgeor entrou no cômodo com passos pesados, cortando o silêncio, Aurora desvencilhou-se de meus braços e se colocou de pé em frente a ele.

— O assassino está preso nesse momento — informou. — Depois dos tiros, ele tentou escapar pelas dependências do jardim, mas os soldados conseguiram capturá-lo e o levaram para as Sete Torres Negras.

A voz do Dominum falhava um pouco. Na última hora, eu o vi chorar muitas vezes e ele e Aurora trocaram muitos abraços. Sendo o guardião de Lilith desde o surgimento de Andenworld e tendo a acompanhado durante toda sua vida, eu mal conseguia imaginar o que ele devia estar sentindo naquele momento.

— Quem é? — Aurora perguntou, com a voz lenta. Eu podia sentir a raiva em sua voz. — Quem é o assassino dos meus pais?

Ela cerrou os punhos. A fúria era notável em seus olhos conforme esperávamos pela resposta.

— O autor do crime se identificou como Jack — disse Aldgeor, com a voz grave. — Jack Vallet.

Ao ouvir esse nome, os olhos de Aurora se abriram num espanto. Meu coração congelou por um momento, enquanto a realidade da revelação se infiltrava em minha mente.

— Jack... Vallet... — Aurora repetiu.

As palavras ecoaram pela minha cabeça. Eu sabia que havia ouvido aquele nome recentemente. Um arrepio percorreu minha espinha, e meu olhar encontrou o rosto chocado de Aurora refletindo o mesmo sentimento de incredulidade.

Foi quando Morgana entrou no cômodo. Seus passos pesados ecoaram no silêncio tenso. Ela ainda estava usando seu vestido da festa. Eu não a havia visto pela última hora. A energia sombria que emanava dela era palpável, e minha desconfiança só aumentava a cada segundo.

— Você... — Aurora virou-se para Morgana e começou a andar em direção a ela ferozmente. — Você fez isso!

Foi uma questão de segundos para que as mãos de Aurora estivessem cravadas no vestido de Morgana, puxando-o com os punhos. Seu rosto ficou a centímetros do da irmã, que apenas a encarava com uma expressão vazia.

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