19. Suspensos no Tempo

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A sensação naquele instante era de que eu era incapaz de sustentar o meu próprio peso

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A sensação naquele instante era de que eu era incapaz de sustentar o meu próprio peso. Meu pai me mantinha junto a ele, minha cabeça recostada em seu peito. Minhas mãos trêmulas estavam sujas do sangue de Aurora, enquanto meu próprio sangue escorria dos cortes em meus joelhos. Os cacos de vidro da mesa quebrada ainda estavam espalhados pelo chão e alguns eram espremidos pelos sapatos de Saydd, que se aproximava.

Passando por Diane, Saydd chegou até mim e pousou a mão em meu ombro. Eu estava incrédula e quase sem ar, praticamente colada em Lettret, quando me virei lentamente para o garoto. Fui incapaz de reagir ao vê-lo lançar-me um olhar de conforto.

— Calma, Aysel, está tudo bem — Saydd disse. — É incrível o que aconteceu aqui agora, não é? A própria Anden aparecendo! Dizendo que Aurora vai voltar!

Apesar de aquilo ser verdade, eu não conseguia evitar me sentir abalada e exausta pela situação. Eu havia acabado de ver minha melhor amiga morrer de uma forma angustiante e gráfica. Mesmo que Anden tenha surgido e prometido que em algum momento essa situação seria revertida, isso não alterava o fato de que Aurora não estava mais ao meu lado.

Olhei para Aldgeor, parado em pé próximo a uma das portas. Com as roupas sujas de sangue e lodo e uma expressão de dor e cansaço no rosto, nos comunicamos apenas com os olhos. Ele havia acompanhado a família Hearted desde o início e agora todas as pessoas que ele amava estavam mortas.

— Que bom que você está bem — falei, mesmo sabendo que bem não era a palavra certa.

Aldgeor acenou com a cabeça em resposta.

— Gostaria que estivéssemos todos. Como isso aconteceu com a Aurora?

Afastando-me de meu pai e dando alguns passos na direção de Aldgeor, limpei as marcas de lágrimas em meu rosto com as costas das mãos e suspirei.

— Ela despencou lá de cima... Eu não consegui fazer nada.

— Não foi culpa sua — ouvi Saydd dizer atrás de mim.

— Não foi culpa de ninguém — Aldgeor complementou. — Mas ela deveria ter ficado no bunker... Eu... Que droga, eu não consegui mais me comunicar com vocês, a minha escuta quebrou no meio da luta com um dhraxo.

— A Morgana ligou para a Aurora — informei. — Ela estava na linha com todos nós até agora a pouco. Provavelmente ouviu todo o momento em que Anden apareceu.

— Ela não está mais na linha, mesmo — Diane confirmou, com seu celular em mãos.

— Bom, nós ainda temos um problema... — disse Aldgeor. — A mansão está cercada pelos soldados de Mirc. Estamos encurralados aqui.

— Nós tentamos sair de alguma forma? — Perguntei, com a voz um pouco trêmula.

— Não — ele respondeu. — Por enquanto, é melhor ficarmos aqui dentro. Conseguimos deter todos os dhraxos, e os soldados não vão conseguir entrar. Estamos seguros, e uma hora ou outra eles têm que ir embora. Não vão ficar plantados lá fora para sempre.

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