Louise Hassell mora em uma pequena cidade dominada pela tecnologia. Desde cedo, tem sonhos com uma garota misteriosa e um lugar que nunca visitou.
Aysel Saizelgi é a garota dos sonhos de Louise. No entanto, ela mora em outro universo: Andenworld, um...
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A água morna abraça meu corpo, dissipando qualquer vestígio de tensão que possa ter restado em meus músculos. Imersa na banheira e neste novo mundo, ainda sigo desacreditada. A sensação de estar aqui, finalmente desvendando as camadas que me ocultaram a verdade durante toda a minha vida, é surreal.
Deslizo o corpo sob a água, meus olhos fechados, permitindo-me perder na sensação aquática. Permito que a água cubra meu rosto e que meus cabelos flutuem, mergulhados. Deixo que meu corpo seja lavado, a tinta em meu rosto se esvaindo.
Então, de forma abrupta, com o corpo completamente imerso, uma pontada aguda irrompe em minha cabeça, um raio de dor que me faz cerrar os olhos e franzir a testa, tentando conter a súbita agonia.
Com uma cautela tensa, abro os olhos novamente.
Minha visão é uma profusão de azul. No entanto, já não me encontro mais na banheira. Meu corpo flutua, envolto por águas infinitas e brilhantes, os movimentos fluidos e serenos, em harmonia com o ambiente à minha volta.
Com um giro suave do corpo, eu a vejo. A alguns metros de distância, seu corpo despido envolto pelo azul-marinho que nos abraça. Os cachos castanhos e volumosos de seu cabelo dançando ao seu redor. Os olhos fixos nos meus.
Minha atenção desvia-se para o espetáculo de luz que se desenrola diante de nós. Ao nosso redor, pequenas criaturas semelhantes a águas-vivas emitem um brilho hipnotizante, acompanhado por uma melodia que ecoa harmoniosamente mesmo sob as profundezas aquáticas.
Meus olhos se conectam com os de Aysel mais uma vez. A luz emitida pelas criaturas se reflete de forma etérea na pele escura de seu corpo, agora despido para a água. Um sorriso espontâneo floresce entre nós enquanto nossos olhares se entrelaçam.
Com uma decisão mútua que parece ecoar além das palavras, Aysel inicia um movimento ascendente em direção à superfície, e eu a sigo, nossos corpos se movendo em perfeita sincronia. Nesse instante, eu me sinto mais conectada com ela do que nunca.
Ao emergir, a iluminação amarelada do banheiro de Aysel invade minha visão mais uma vez. Estou na banheira novamente, os cabelos encharcados e o coração acelerado.
Embora eu esteja familiarizada com essas visões e sua ocorrência seja quase uma segunda natureza para mim, é surpreendente como cada uma delas ainda consegue exercer um impacto profundo sobre mim. Além disso, tendo finalmente cruzado as fronteiras para este novo universo, eu imaginava que as visões poderiam cessar. No entanto, cá estou eu mais uma vez, envolvida por essas lembranças fragmentadas de uma vida passada.
Enquanto saio da banheira e seco o meu corpo com a toalha, me questiono sobre a visão que acabei de ter. Aysel compartilhou comigo a história de Andenworld desde o princípio até o momento em que nos encontramos no banheiro da Hellneon, mas em nenhum ponto ela mencionou uma situação em que tenha nadado junto a Aurora.
Compreendo que seja impossível narrar todos os detalhes de uma vida inteira, mas fico curiosa sobre quantos desses pequenos momentos ficaram ocultos em sua narrativa. Nuances da relação entre ela e Aurora, pequenas experiências que ela escolheu não compartilhar, talvez por não parecerem relevantes o suficiente para serem contadas.