01. Armazém Arcroll

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Quando decidi caminhar um pouco pela cidade após sair do colégio, eu mal imaginava que agora, alguns minutos depois, eu me depararia com um monstro tão horrendo e veria a morte passar diante de meus olhos

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Quando decidi caminhar um pouco pela cidade após sair do colégio, eu mal imaginava que agora, alguns minutos depois, eu me depararia com um monstro tão horrendo e veria a morte passar diante de meus olhos.

Alguns metros mais alta do que eu, magra e esguia, a figura se move em minha direção enquanto, imediatamente, me arrependo de não ter ido diretamente para casa, ou não ter apressado o passo quando notei que algo entre os prédios estava fazendo um barulho estranho.

Respiro fundo e sinto um calafrio percorrer a minha espinha. Meu corpo congela enquanto eu analiso cada detalhe da criatura desconhecida conforme ela se aproxima: em sua face clara, não há um nariz, mas sim dois furos que servem como narinas e seguem abrindo-se e fechando-se como se a criatura estivesse farejando por alguma coisa.

No lugar de seus olhos, há incontáveis orifícios despejando um líquido negro que escorre por todo o seu rosto albino, até a região onde deveria estar a sua boca, mas há apenas um enorme corte de um canto do rosto ao outro, formando uma espécie de sorriso macabro.

Percebo que a criatura cambaleia de uma forma um pouco tonta, e então noto suas orelhas pontudas e branquelas com que ela analisa cada som do ambiente. Com o corpo parado e sem saber o que fazer diante da presença do desconhecido, eu quase grito, mas noto que tanto a atenção da criatura aos sons em volta, quanto a forma com que ela fareja com suas narinas, se dão pelo fato de ela não ser capaz de enxergar, o que significa que um grito meu faria apenas com que o monstro me localizasse mais fácil e se aproximasse mais rápido de mim.

Então eu me afasto lentamente e tentando fazer o máximo de silêncio possível, pensando em lugares onde seria possível que eu entrasse para me esconder do que quer que seja o que eu estou vendo. Não me viro de costas em nenhum momento, apenas encaro o indivíduo pensando nas minhas possibilidades de escapar.

Estou ofegante e quase correndo, mas preciso manter a calma. Me concentro em manter a respiração controlada, e debato comigo mesma para que meu coração batendo rapidamente em meu peito se acalme. Se ele me ouvir, estou acabada.

Não sei quanto tempo passa enquanto eu encaro o inimigo que caminha lentamente e desnorteado a alguns metros de mim. Mas ele está se aproximando cada vez mais enquanto eu dou mais e mais passos para trás. Ele está me farejando e eu estou quase sem um meio de escape. Então, em meio aos meus vários pensamentos enquanto eu encaro o indivíduo, eu entendo.

Não é real, eu digo para mim mesma em pensamento. Não está realmente aqui.

— Não é real — repito, dessa vez em voz alta. Então, digo mais uma vez, mais alto, e ao invés de me afastar mais ainda, eu me aproximo da criatura, dando alguns passos para a frente e a encarando quase de perto.

O monstro se aproxima e começa a acelerar seus passos em minha direção, virando a cabeça para mim enquanto o líquido saindo dos buracos em seu rosto escorrem por toda a sua face e pingam no asfalto. O desconhecido solta um som quase ensurdecedor enquanto se aproxima, e eu apenas o encaro e respiro fundo.

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