Louise Hassell mora em uma pequena cidade dominada pela tecnologia. Desde cedo, tem sonhos com uma garota misteriosa e um lugar que nunca visitou.
Aysel Saizelgi é a garota dos sonhos de Louise. No entanto, ela mora em outro universo: Andenworld, um...
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A queda é breve, mas parece uma eternidade. É como se eu tivesse ficado durante horas caindo num buraco sem fundo, mas na verdade são apenas alguns metros até que eu sinta o impacto do meu corpo no chão. Desnorteada, eu me esforço para me recompor até que consigo me levantar.
Analiso o local onde estou. É fechado, o chão é quadriculado com preto e branco, como um tabuleiro de xadrez, e três das quatro paredes são feitas de espelho. A única parede que não é espelhada é preta e não possui nada mais além de uma porta.
Olho para cima. No teto, há um candelabro onde estão seis velas acesas. Não me demoro muito tempo prestando atenção nele, pois logo vejo um garoto ruivo saindo de dentro de uma das paredes de espelho.
Edrik solta um gemido ao cair no chão, mas logo se levanta.
- Você está bem? - É ele quem pergunta isso para mim. Eu me mantenho calada, ofegante e confusa.
Olho para mim mesma nas paredes de espelho. Ainda estou com meu vestido, minha meia-calça e minhas botas. Vestígios de uma festa que terminou com uma garota que sempre apareceu em minhas visões ameaçando o meu melhor amigo com uma arma dentro de um banheiro. Eu já havia bebido álcool outras vezes, mas dessa vez talvez eu tenha ido longe demais. Fiquei tão louca a ponto de estar delirando sobre tudo isso?
Não. Eu não bebi tanto. Estou sóbria. Isso está realmente acontecendo. Arrumo meus curtos cabelos loiros, olhando em meus próprios olhos, e respiro fundo. Em seguida, viro-me para Edrik, que apesar de parecer um pouco nervoso e desnorteado, não parece estar tão perdido quanto eu em relação ao que está acontecendo.
- Se eu estou bem? - Eu digo, encarando-o nos olhos. Eu provavelmente estou brava, ou confusa, ou um misto dessas duas coisas. - Eu só quero respostas, Edrik.
- Por que você está me olhando como se eu tivesse feito alguma coisa contra você, Louise?
Boa pergunta.
- Eu também não sei... Eu só estou confusa com tudo o que aquela garota disse, e fez...
Ele bufa, olhando para mim.
- Ela é louca. Me ameaçou com a porra de uma arma!
- Eu estive procurando-a por anos - eu resmungo, mais para mim mesma do que para Edrik.
Ele finalmente desvia o olhar de mim para analisar o local de volta, e não demora muito para se virar em direção da porta e começar a andar.
- Vamos - ele diz. - Vamos descobrir tudo o que precisa ser descoberto.
Ele parece com pressa. Inquieto. Como se estivesse fugindo de algo, ou tentando terminar logo alguma tarefa. Olhando no fundo de seus olhos agora, não sei mais quem estou vendo. Não sei se posso confiar nessa pessoa.
Mesmo assim, respiro fundo, assinto e acompanho-o. Conheço Edrik há um ano, ele tem sido meu maior confidente desde então. Eu o conheci completamente por acaso, e ele nunca teve envolvimento algum com minhas visões ou com a garota que aparece em meus sonhos. Eu mesma confiei nele para contar tudo. Somos amigos. Não sei por que aquela garota estava o ameaçando, mas prefiro acreditar que ela estava equivocada.
Edrik abre a porta e saímos da sala espelhada e circular. Do lado de fora, há uma escada de pedra, cujo degraus descemos cuidadosamente. Somente quando restam apenas alguns degraus a descer, eu paro para analisar o que há a nossa volta. Ar livre. Uma estrada. Árvores.
As árvores são diferentes de tudo o que já vi: a madeira é de um tom avermelhado. São extremamente altas, exibindo sua beleza metros acima de nós. Olhar para elas me traz um sentimento familiar, como se eu já estivesse estado aqui outras vezes.
Quando termino de descer a escada e alcanço o solo, Ethan já está caminhando para um dos lados, resmungando alguma coisa. Eu olho para o lado contrário, mas é exatamente como o outro: uma trilha vazia, feita de pedra e com resquícios de neve por toda a parte. Mas o inverno já passou há tempos...
Estreito um pouco os olhos quando algo surge ao longe, se aproximando.
- Edrik... - Eu chamo. - Edrik, olhe aquilo!
Ele caminha para perto de mim, e juntos observamos o que se aproxima: dois cavalos pretos carregando uma carruagem no formato de um cubo negro. Quando ela já está a poucos metros de nós, encaramos juntos o homem que salta de uma das portas.
Ele traja uma armadura vermelha do pescoço para baixo, mas sua cabeça está à mostra: possui longos cabelos castanhos e um de seus olhos é claro, sem cor e sem brilho. Ele é cego de um olho, chego à conclusão.
- Edrik Carter - diz o homem, olhando diretamente para Edrik. - Certo?
Parecendo estar nervoso, Edrik engole em seco e assente com a cabeça.
- Sim, senhor.
- É ela? - O homem pergunta, finalmente colocando seus olhos em mim.
Edrik se demora um pouco para responder, mas então diz, gaguejando:
- S-Sim... É ela.
Enquanto me pergunto o que está acontecendo, o sujeito misterioso me encara e dá alguns passos para frente. Só então percebo como ele é grande: quase meio metro mais alto do que eu. Estremeço diante daquela figura ameaçadora. Olho para Edrik, mas ele evita contato visual comigo. Parece estar nervoso, envergonhado ou com medo. Provavelmente, não com tanto medo quanto eu agora.
- Edrik, o que está acontecendo? - Pergunto. - Você conhece esse homem?
Apesar de parecer querer dizer alguma coisa, com os lábios tremendo, Edrik não me diz absolutamente nada. Minhas perguntas são ignoradas, e ele nem mesmo consegue levantar seu olhar para me encarar cara a cara.
- Aqui está o seu pagamento - diz o homem desconhecido, com sua voz grave e intimidante. - A Rainha pediu que eu lhe entregasse.
Percebo que ele segura um pequeno saco com alguma coisa dentro. Apesar de estar olhando para mim, ele entrega o saco para Edrik. Eu arqueio uma das sobrancelhas e estou prestes a dar um passo para trás, mas Edrik ergue rapidamente sua mão e segura firmemente um dos meus braços.
- O qu... - Não sou capaz de dizer nada.
O desconhecido se aproxima de mim e me segura. Outro homem desce rapidamente da carruagem, retirando uma algema de sua cintura.
- Edrik... - Eu arregalo os olhos, o encarando. - Edrik, o que estão fazendo?!
Sou algemada.
- Louise... - Ele diz, com dor na forma como pronuncia o meu nome. - Me desculpa...
- Edrik! - Eu grito enquanto o homem me arrasta em direção à carruagem. Continuo gritando para que eles me soltem e me contorço tentando escapar, mas estou algemada e suas mãos enormes seguram os meus braços com força demais.
Enquanto sou empurrada em direção à carruagem, por um momento, ouço alguém chorar. Talvez seja Edrik. Talvez seja eu. Não sei dizer. Tudo o que eu sei é que, quando percebo, eu sou jogada para dentro de alguma espécie de sela na parte de trás do veículo, completamente preta e escura por dentro.
Então, as portas se fecham e não demora muito até que a carruagem comece a andar.
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E que comecem as reviravoltas da história! Ficaram surpresos ou já estavam esperando? Bom, essas foram só as primeiras de muitas. Se preparem!