Garganta cortada

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Já era inicio da madrugada quando Azriel veio me buscar.

– Creio que esteja melhor – Disse de forma educada.

– Não é esse tipo de corte que vai me matar – Fiquei séria ao lembrar da tentativa de assassinato que eu sofri.

– Pronta para voltar para casa? – Perguntou se aproximando.

Demorei um tempo para pensar. Será que a pessoa que tentou me matar voltaria? E o tempo, como ele estaria? Será que eu voltaria para o mesmo lugar em que fui levada ou os dias se passaram como aqui?

– Sim – Menti.

– Posso? – Aproximou-se de mim, estendendo a mão em minha direção e eu a peguei. Abaixei a cabeça e Azriel contornou seus braços ao meu redor, apoiando sua mão em minha cabeça e encostando no seu peito.

Esperei ele fazer "sei lá qual era a mandinga que faria para me levar de volta", mas antes que pertíssimos, ele disse.

– Espero que fique bem e que tenha uma vida boa  – Sua voz era tão calma e acolhedora, que levantei meus olhos para encará-lo, mas antes de eu falar qualquer coisa, sentimos um estrondo balançar o quarto.

– Fique aqui e tranque a porta – Falou com urgência ao se afastar.

– Espera, onde você vai?

Perguntei, mas para minha surpresa o rapaz virou fumaça, literalmente. Uma fumaça negra com pontos brilhantes. Não deu tempo de assimilar o choque, quando outro estrondo balançou o quarto e eu fui para a janela ver o que estava acontecendo.

Um pontinho preto voava longe e eu espremi os olhos para tentar entender o que era aquilo. Desviando de uma quantidade absurda de flecha e bolas de fogo, o homem alado parecia dançar entre aquelas armadilhas mortais. Olhei para baixo e parecia ter um exercito gigantesco se aproximando de suas terras. Usando catapultas com bolas de fogo e monstros que pareciam rastejar.

– Rhysand? – Estico o pescoço para ver melhor e apoio as mãos no vidro. Minha mente fértil e criativa logo começou a cantarolar "holding out for a hero" a cada manobra que eles fazem para atingir o Grão-Senhor.

– "I need a hero, i'm holdin'out for a hero till the end of the night. He's gotta be strog and he's gotta be fast..." – Cantarolava baixinho completamente hipnotizada pela sua dança nas nuvens.

Uma explosão em seu corpo me fez gritar a abaixar, mas ele tinha, assim como Az, virado névoa negra, mais intensa que a do parceiro, repleto de brilho, que daquela distância pareciam muito com estrelas.

– Ele vira noite... Corte Noturna... Faz sentido – Sorri impressionada

Pensei em um filme com aquele tema, "O Senhor da noite", seria um ótimo título, pensei fascinada. Logo dois espectros alados se juntaram a eles e entendi que tratavam de Azriel, pelo raio azul que deixava ao se mover entre as nuvens e Cassian, pelo tamanho assombroso de seus músculos e vestígios de raio vermelho que liberava.

Com voos rasantes Rhysand destruía parte dos exércitos que os atacavam e levantava voo girando no céu e descia como uma furadeira, subindo novamente e ficando em pé no ar sem que sequer seu cabelo saísse do lugar.

Toda a minha euforia deu lugar a medo quando notei que dentre tantas bolas de fogo, uma vinha direto para meu quarto, não daria tempo de correr, nem de me jogar para o lado, nada. Fechei os olhos e senti ser envolvida por um abraço quente. Olhei para cima, e encarei Rhysand que me olhava ofegante.

Olhos púrpuraOnde histórias criam vida. Descubra agora