Já era dia quando uma das "mortas vivas" adentrou o quarto, se anunciando ao bater na porta antes. Meu corpo tremia pelo frio da roupa molhada pelo sangue dor cortes superficiais em meu corpo inteiro.
– O que quer? – Levanto o novo caco de vidro.
– O Grão-Senhor solicita sua presença – Curvou-se respeitosamente.
– Eu não vou a lugar nenhum... e se você se aproximar de mim eu corto a...
– ...Sua garganta de orelha a orelha – Completou ela – Ele disse que você diria isso. Mas afirmou que se aceitasse o seu convite, lhe deixaria ir para casa.
– Onde ele está? – Não pensei duas vezes.
Ainda com o caco de vidro em minha mão, eu tremia a cada corredor em que virava, com a criatura indo sempre na minha frente. Ouço vozes ao longe, risos, gargalhas e xingamentos. Vozes que ficam mais claras conforme nos aproximamos.
Paramos diante de uma porta grande que parecia ser de madeira, muito escura para ser de qualquer árvores que eu já havia visto. A criatura abriu a porta e me deu espaço para entrar. Entrei segurando a minha arma improvisada, com a roupa em frangalhos, toda ensanguentada e tremendo. Todos estavam sentados ao redor de uma mesa. O rapaz de olhos violetas na cabeceira (ele era o líder, nitidamente), a moça loira ao seu lado direito, em frente a ela o rapaz que me guiou até o meu quarto na noite passada, com as mesma roupa com pedras azuis. Ao lado dele o musculoso de cabelos na altura dos ombros e um pequeno curativo no nariz, que me olhava com um ódio mortal e por fim, a moça de cabelos negros e curtos, com feições asiáticas. Reparei nas asas dos dois homens e elas eram enormes e negras, como asas de morcego, com ferrões nas pontas.
– Pelo caldeirão! Você deve estar morrendo de frio – A moça loira que eu ameacei ontem a noite corre em minha direção, sem se importar com o vidro que eu usava para tentar manter a distancia entre nós, apontado diretamente para seu lindo rosto.
Ela tira um xale fininho que usava em volta dos ombros e coloca sobre os meus e volta ao seu lugar à mesa.
– Abaixe isso – Sussurrou o líder deles, mas eu não dei ouvidos.
– Estou aqui! Diga o que quer – Falei firme.
– Como você se chama, criança? – Disse a moça asiática em um tom baixo, mas frio, como se carregasse todo o pavor do mundo em suas palavras.
– Por que eu lhe diria meu nome se ao menos sei onde estou, ou quem são vocês – Ousei parecer segura. Eles eram em maior quantidade e os homens muito mais fortes que eu. Sabia que se quisessem me machucar já o teriam feito.
– Então vamos mudar isso agora – A loira com um sorriso angelical apontou as pessoas conforme as apresentava – Eu sou Morringan, e é um enorme prazer conhecê-la. Esse rapaz calado é Azriel – Sorriu para ele, que me olhou com gentileza – Aquele ranzinza é o Cassian... Acho que lembra bem dele – O líder tentou segurar uma gargalhada que não passou despercebida pelo seu general – Essa é Amren...
Senti um calafrio ao ouvir o seu nome.
–... E por fim, esse é Rhysand, nosso Grão-Senhor.
Rhysand fez um pequeno gesto que ao longe poderia ser confundido com uma reverência.
– Agora a sua vez – Sugeriu com a mão que eu me apresentasse.
– E...Eu me chamo s/n – Olhei nos olhos de cada um ao me apresentar e olhei novamente a Rhysand, sugerindo que ele poderia me falar o que queria, finalmente.
– Agora que já nos apresentamos formalmente, S/n – Meu nome soou doce em seus lábios –você pode finalmente soltar esse caco de vidro?
– Não! Diga o que quer...– Falei firme.
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Olhos púrpura
Fiksi PenggemarQuando S/n se vê cara a cara com a morte, seu destino muda completamente ao ser confundida com uma feérica poderosa que morreu há décadas atrás. Junto ao Círculo íntimo de Rhysand, ela terá que enfrentar inimigos poderosos, resistir ao charme do Sen...