Pulei o almoço no segundo dia de aula já que eu não tenho conseguido comer direito. Meu estômago se revira do avesso a cada vez que relembro do rosto sem vida e das mãos geladas de meu irmão.
Desde a sua morte sou incapaz de ingerir carne. Eu virei vegetariana do dia para a noite por não suportar a ideia de ver a carne como mais um cadáver, como algo a mais que deixou este mundo em função das vontades de outro alguém. Além disso, me agrada evitar os olhares curiosos.
Passo o almoço sentada na sombra de uma grande árvore em frente ao lago e aproveito para estudar. O dia claro, o ar puro e o sol de alguma forma fazem com que eu me sinta um pouco melhor. Apesar de não conseguir absorver muito do que leio, me esforço para manter a atenção no livro, senão eu vou pensar e se eu pensar... desistiria de tudo mais uma vez.
Não é bem o que ele iria querer, acho, desejávamos a felicidade um do outro, afinal, mas me pergunto quando fiquei tão emocionalmente dependente de Ric. Ele estaria nessa mesma situação calamitosa se, por um acaso, eu tivesse ido em seu lugar? Não sei dizer.
Considerando seu namoro com a entojada da Malfoy, acredito que se sairia melhor. Não me leve a mal, eu gostava de Alya. Aprendi a gostar dela por conta de Cedrico e é seguro dizer que a recíproca não foi verdadeira.
No entanto, não tive escolha. Cedrico arrastava a mala aonde quer que fosse, embora apenas a sua presença fosse requisitada. Talvez eu sentisse sua falta antes mesmo de sua partida. Apesar disso, me esforcei para apoia-lo.
Quando ele me contou que após admira-la por meses finalmente tomou coragem para falar com ela, não consegui apoia-lo de imediato. Me recordo de uma conversa que tivemos nesse mesmo lugar há um ano atrás.
"— Você pode literalmente ter qualquer garota dessa escola, para que pôr tudo a perder por conta da Malfoy? – Perguntei com o cenho franzido, uma sobrancelha erguida, sentada ao seu lado.
— Acho que quando você se apaixona tem que se arriscar, Nini. – Respondeu pensativo, os braços apoiados em seus joelhos dobrados.
Nini. O único a me chamar assim por conta do meu segundo nome. Em contrapartida, eu sou a única que o chama de Ric. Desde crianças. Sorri.
— Inclusive, você saberia como é se desse uma chance para algum dos coitados que ficam atrás de você. – Seu cenho se franze e ele me oferece um cookie de chocolate.
Reviro os olhos com um leve sorriso. Todos os dias Cedrico pega cookies na cozinha antes de me encontrar. É o meu doce favorito. Sei exatamente aonde isso está indo.
— Você odeia todos os caras que saem comigo. – Fiz uma careta, aceitando o cookie. – Honestamente, eu achei que essa coisa de comprar as pessoas com comida era algo mais sonserino do que lufano, mas você está fazendo um ótimo trabalho, continue.
— Não gosto mesmo, mas eu te apoio. Até porque... eles sofrem na sua mão. – Constata dando de ombros. – Eu te trago cookie todos os dias! Mas se eu negasse que estou tentando te comprar, estaria mentindo. Bom, eu convivo com você, né. – Ele ri. – Pegue outro cookie.
— Não pense nunca que eu não te apoio, eu só me preocupo com você. – Falei brincando com o cookie. – Sei lá, Ric, os Malfoy são... complicados. Você sabe... Eles não são confiáveis, vão sempre se proteger acima de tudo, se acham superiores e você será bem-vindo ao lado deles enquanto for útil, porque quando deixar de ser, você só será descartado. – Me lembro das pessoas que são tratadas como lixo por eles.
— Por Merlim, Nini, isso é um desabafo? – Ficou sério, com o cenho franzido. Consigo ver a preocupação no seu olhar.
— Até parece, mesmo eles pensam duas vezes antes de mexer comigo. A escola toda está aos nossos pés. Mas eu convivo com eles debaixo do mesmo teto, as fofocas voam. – Minha risada de deboche muda para um tom de nojo. – Enfim, você é livre para fazer o que quiser e eu sempre estarei ao seu lado, mas eu não acho uma boa ideia. Ícaro também achou que poderia voar perto do sol e no fim despencou. – Murmuro preocupada.
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Rewrite: Quando os planetas se alinham (Livro 01 - RU)
Fantasy[DRACO MALFOY][THEODORE NOTT][VIOLET DIGGORY][ALYA MALFOY] A má notícia é que a vida não é justa. A boa notícia, é que não é justa para ninguém. Quando a realidade parece ser amarga demais para suportar, Draco e Alya Malfoy, Violet Diggory e Theodor...