Capítulo 07 - Draco Lucius Malfoy POV

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Foda-se o Montague.

Eu teria levado Theo à ala hospitalar de qualquer maneira, quer o capitão gostasse ou não.

Com seu braço ao redor de meus ombros, carreguei meu melhor amigo a passos de formiga até Madame Pomfrey, parando vez ou outra a cada acesso de tosse. Pelos resmungos, a dor de cabeça piorava de minuto em minuto a ponto de fazê-lo se sentir nauseado.

Filha da puta. O sorriso bobinho e a inocência forçada não me enganam. Foi proposital. Talvez não premeditado, mas foi proposital.

Fiquei escorado na parede assistindo Madame Pomfrey examina-lo. Quando Theo nos contou no intervalo do teste que Samantha o ludibriou, não pensei que ela iria tão além. Manipulação faz parte do jogo, fazemos isso o tempo todo em campo, mas a maneira como tirou o corpo fora no último segundo para depois tentar emplacar a garota indefesa me pegou desprevenido.

Esse papel não lhe cabe, mas ela fez uso dele. Giro minha varinha entre meus dedos. Ela não deve manter essa habilidade apenas em campo, Samantha está sempre sozinha e apesar de sua família ser aliada à tantas outras sangue puro, ela não tem amigos.

Sempre distante e analítica. Semicerro os olhos. Ela nunca foi do tipo indefesa, a frieza no olhar por baixo da máscara de empatia é bem claro para mim. E depois do exemplo prático de hoje, ficou óbvio que ela não vai pensar duas vezes em te queimar caso você esteja em seu caminho. Perigoso.

Os Burke e os Malfoy são aliados a muitos anos. A mais tempo do que posso contar. Segundo meu pai, a relação vem de antes mesmo de eu nascer, por isso ele me ensinou a trata-la excepcionalmente bem. Não poderíamos perder um contato tão importante.

Assim como os Nott. Os interesses da família de Theo já eram alinhados aos do Malfoy quando nascemos, mas meu pai diz que o vínculo só foi estabelecido quando nós dois nos tornamos amigos. Inseparáveis.

Quando o acordo de lealdade foi firmado entre nossos pais, meu pai disse que eu levava jeito para a coisa. Não entendi bem o que era "a coisa" na época, se Theo e eu nos aproximamos foi pelo emocional e não pela razão, mas aceitei de bom grado o reconhecimento.

Não deveria ter aceitado.

De qualquer forma, isso significa que os Burke e os Nott estão do mesmo lado. O nosso. Ainda assim... saio do transe, me dando conta do sumiço de Madame Pomfrey. Theo, deitado na cama ao meu lado, me encara com as sobrancelhas erguidas.

— Bem vindo de volta à Terra. Tive que convencer a Poppy que você não estava sofrendo de nenhum transtorno de estresse pós traumático. – Brinca ao soltar uma lufada de ar. Me jogo na cadeira ao seu lado. – No que a sua cabecinha está fervilhando desta vez?

— Não importa. – Dou de ombros. Não por hora. – E então? Qual o diagnóstico?

— Ah... – Sua expressão se fecha, aflito. – Vão me transferir para o St. Mungus. Vou ter que conversar com o cirurgião.

— Que...? – Fico em choque.

Como assim? O olho de cima à baixo, o idiota parece perfeitamente bem. Franzo o cenho em busca do sentido até notar sua boca vacilando. Por um momento, mas...

— Idiota. – Viro um tapão em seu braço.

— Ai! – Theo cai na risada, esfregando o local que acertei. – Vamos, eu quase te peguei. Ficou preocupadinho, Draquinho?! – Provoca.

Reviro os olhos pelo maldito apelido. Uma garota da lufa lufa grudou na minha cola por quase um mês depois de nos beijarmos em uma festa. Era assim que ela me chamava, mas de uma maneira bem mais irritante. Cuzão.

Rewrite: Quando os planetas se alinham (Livro 01 - RU)Onde histórias criam vida. Descubra agora