– Pronto! Última aparada. Eu espero.
Pansy termina de cortar a última mecha e pega a varinha para sumir com os cabelos que caíram no chão.
Essa deve ser quarta vez que ela veio aqui para cortá-lo. A primeira, foi eu mesma que meti a tesoura sem nem saber ao certo como fazê-lo. Já não suportava mais ficar só em meu dormitório. Andava de um lado para o outro como louca, então quando se tornou quase impossível levar adiante, cortei as partes queimadas, prendi do jeito que dava e parti para correr nos terrenos de Hogwarts.
Sempre gostei de correr. Descobri muito cedo que era um bom exercício pra se pensar ou às vezes não pensar, mas se tornou muito mais do que uma atividade física, e sim um suporte, um consolo do qual estou viciada, admito. A sensação do peito pegando fogo, buscar por ar desesperadamente, são como uma espécie de terapia.
À noite, o sono me pegou e pude ter cochilos mais longos. Costumo acordar a madrugada inteira, de hora em hora antes mesmo dos pesadelos chegarem. Meu corpo parece contribuir, pois com o menor sinal de que os sonhos vão se tornando mais e mais obscuros, desperto. Por sorte, volto a dormir sem muito esforço, mas é estressante.
Me levanto para conseguir ver melhor no espelho do banheiro. Aproveitei que eles estavam crescendo igual capim – o efeito da poção demorou mais que o esperado cessar, segundo Pomfrey – e decidi deixá-los muito mais longos do que de costume. Sempre os mantive na altura dos seios, em um tamanho mediano, agora estão na cintura.
— Gostou? – Pansy me olha pelo reflexo.
Passo os dedos entre as mechas, estranhando o comprimento.
— Sim. Ficou bom.
Não sei ao certo se gostei de fato. Sei que não parece uma grande coisa, mas nunca tive cabelo longo. Porém, achei que mudar um pouco a aparência faria bem.
— Nunca mais tente cortar sozinha. Você não leva o menor jeito. – Ela ficou aterrorizada quando viu o estrago que fiz. Estava bem torto.
— Pode deixar. Não pretendo mexer nele sozinha nunca mais. – Nunca havia feito nada mais do que aparar a pontas, então foi desesperador. – Conte o resto da história. – Mudo de assunto.
— Ah, sim! Nós estávamos no banheiro dos monitores, transando... – Torço o nariz. A imagem de meu irmão metendo na minha melhor amiga não é a das melhores. – quando, de repente, escutamos um barulho de coisas caindo. Nos vestimos e fomos ver quem era, já que a pessoa não respondia, e era...
— A Diggory! – A voz firme e alta de Draco, vinda do quarto, responde, interrompendo Pansy.
Recolho os utensílios que usamos e volto ao quarto.
— Violet? O que ela estava fazendo lá a essa hora?
—Tomar banho, né. Comprar cerveja amanteigada que não era, Alya. – Draco me responde como se fosse óbvio enquanto coloca o livro que roubou ontem no lugar, procurando outro.
Nossos livros são praticamente os mesmos. Que tanto perturba aqui?
— Mas não foi ela que te lembrou disso noite passada quando você fez a mesma pergunta a ela? – Pansy retruca se sentando em minha escrivaninha, procurando uma lixa de unhas nas gavetas, da qual acha de cara.
Esses dois acham que podem pegar minhas coisas sem mais nem menos.
— Não enche, Pansy. – Draco revira os olhos. – E esse livro seu é uma porcaria. Roubou de um aluno do primeiro ano?
— Problema seu, não mandei você pegar. – Digo ao vestir a capa do uniforme. – Mas meio que foi culpa dela. Se a porta estava trancada é porque certamente estava ocupado.
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Rewrite: Quando os planetas se alinham (Livro 01 - RU)
Fantasi[DRACO MALFOY][THEODORE NOTT][VIOLET DIGGORY][ALYA MALFOY] A má notícia é que a vida não é justa. A boa notícia, é que não é justa para ninguém. Quando a realidade parece ser amarga demais para suportar, Draco e Alya Malfoy, Violet Diggory e Theodor...