Corri do almoço antes que o Carrow me enfiasse mais comida goela abaixo. Sei que está preocupado por eu pular algumas refeições, mas não posso conter o enjôo em função do desgosto. Ao menos agora, sem as detenções, dribla-lo é o maior dos meus problemas.A sala de troféus é bem vazia a essa hora do dia. Observo os milhares de prêmios velhos e empoeirados pelos armários e prateleiras. Aparentemente, Filch não está fazendo um bom trabalho. Ou está apenas esperando algum aluno entrar em detenção para obriga-lo a limpar.
Sorrio para um dos armários envidraçados com as boas memórias. Relembro de cada momento especial ao observar a superfície opaca dos troféus que nossa equipe ganhou nos anos anteriores. A equipe deles. É difícil mesmo dizer adeus.
Aonde quer que eu olhe, sempre a Sonserina. Jogo a minha capa em cima de uma mesa com uma porção de medalhas. Não sei do que se tratam, não me interesso de qualquer forma. Retiro um lenço do bolso da saia, arregaço as mangas da camisa e os esfrego, um a um. Especiais demais para utilizar magia, vale a pena o esforço.
Ao terminar, sou o puro contraste do ouro reluzente a minha frente. A camisa suja, o coque desgrenhado e a rinite levemente atacada confirmam isso. Tão alérgica quanto possível, acho graça quando me recordo de Ric dizendo que se eu fosse uma abelha, teria alergia ao mel. Ric.
Vou até os troféus de quadribol lufanos. Não preciso me esforçar na busca, sei exatamente aonde está a placa dourada com o seu nome gravado. Passo o dedo por cima, livrando seu nome do pó e quase desejo que tivesse tido coragem de jogar com ele e meus irmãos nas férias. Apesar do que disse ao Malfoy, a altura me apavora. Não queria admitir o medo a ele, mas meu irmão sabia bem disso.
Fico em alerta com o ecoar das altas vozes no corredor. É o tipo de tom que me dá horror: os machos alfas galanteadores e machistas que falam e te tocam como bem entendem. Ou ao menos tentam. Reconheço um de longe, muitos assistem aos treinos de dança até Andy joga-los para fora.
Guardo o troféu às pressas e tento fugir, mas as vozes se tornam mais altas e as sombras presentes na porta. Paro aflita e me jogo para baixo de uma mesa. Custo a conter a respiração acelerada.
— Vamos tirar isso a limpo. Se você estiver errado, enfiaremos sua cabeça na privada, o que acha Pucey?! – As risadas preenchem o ambiente.
Levo as mãos à boca para conter o barulho.
— Acho que você está sendo gentil.
— Vamos joga-lo no lago e torcer para que a Lula gigante se alimente dele. – Montague sugere.
Fecho os olhos. Inacreditável. É claro, os animais do time de quadribol da Sonserina. Acham que mandam na escola por isso mexem com as garotas e fazem bullying com os garotos.
Quando param, espio com cuidado. Estão analisando os prêmios de quadribol do armário ao lado do que eu estava mexendo.
— Veja, sabe tudo! – Montague empurra um garoto para frente sem o menor cuidado.
— Olhe bem e diga em voz alta o que vê. – Crabbe ordena quase sádico.
— I-isso não é necessário. – O garoto franzino engole em seco.
— Quem ganhou a taça em 85, espertinho? – Pucey insiste, passando o braço pelos ombros do garoto.
Montague dá um passo para trás e pelo cabelo loiro ajeitado, a armação grossa dos óculos e os trejeitos, reconheço Randolph Burrow. É amigo de Antony Goldstein, ambos sextanistas, corvinos e mestiços. Conversei com ele algumas vezes quando tive um rolo com Antony ano passado.
— S-sonserina. – Ele sussurra amedontrado.
— Quem?! – Montague empurra-o mais uma vez.
— Sonserina.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rewrite: Quando os planetas se alinham (Livro 01 - RU)
Fantasy[DRACO MALFOY][THEODORE NOTT][VIOLET DIGGORY][ALYA MALFOY] A má notícia é que a vida não é justa. A boa notícia, é que não é justa para ninguém. Quando a realidade parece ser amarga demais para suportar, Draco e Alya Malfoy, Violet Diggory e Theodor...