4 - All mine

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Um cheiro de lavanda e frescor invadem minhas narinas.

O quarto era lindo.
A cama de casal com lençois pretos, e listras brancas.
Vários travesseiros de tons diferentes de azul.
Uma cômoda no fim da cama, preta com gavetas em bege, e um criado-mudo no mesmo aspecto ao lado da cama.
Um abajur no formato de Netuno, com o nome do tal planeta em preto.
A janela dava para uma sacada com vista para o colégio.
As cortinas com três camadas. Uma com um tecido fino, de glitter azul. Outra com um tecido com aspecto de galáxia e o terceiro, um tecido mais grosso, preto, tipo cortina "Blackout".
O teto era preto, e as paredes, ciano. Mas haviam alguns detalhes brancos, curiosos, no teto.
A esquerda, uma estante lotada de livros, uma cômoda no mesmo estilo da outra cômoda - só que com fotos em quadros encima - e uma escrivaninha em formado de "L", encostada do canto da parede, terminando no começo da janela/porta da varanda.

_ uma TV! Eu nem acredito que eu tenho uma TV no quarto! _ digo, animada. Saltito e ligo o aparelho, que funciona e acende numa tela com vários programas.

_ tem até Net!

Meus olhos vagueiam pelo quarto.
O jeito como "Netuno" estava, ou como os pontos no teto também estavam era estranho, como vidro. Alguma reflexão.
Percebo que havia um interruptor no criado-mudo, um na escrivaninha e dois ao lado da porta.
Fecho as cortinas e acendo um, perto da porta.
A lâmpada do quarto.
No outro, pontinhos no teto se acendem, como um universo, um céu estrelado.
Acendo apenas a do criado-mudo. As letras de Netuno e o próprio planeta se acendem, e a esfera de plástico luminoso começa a girar.
Um sonho se tornou realidade.

A última obviamente era a luz do abajur da escrivaninha.

Empurro as caixas fechadas escrito a canetinha "roupas" para o canto do quarto e deito na cama macia, experimentando o colchão nunca antes usado, claramente caro, então jogo meus sapatos no canto.
Meu corpo rapidamente relaxa. Meus músculos praticamente se soltam.
A muito tempo não relaxo tanto numa cama como hoje.
Meus olhos pesam.
Pego o celular e verifico o horário. Quase duas da tarde.
Mas o cansaço da mudança na rotina, conhecer gente nova e toda a pressão social de ser aluna nova no meio do ano, de entrar no lugar de um aluno expulso, um traidor.

Não posso dormir.
Não agora.
Verifico meu horário de aulas de hoje.
As 15:30 teremos uma aula bônus com um professor surpresa.

Me levanto no pulo após criar coragem para isso.
Tamaki tem razão.
Eu quero saber. E esperei tempo de mais para procurar as respostas por medo e conforto de não saber.
Mas eu quero conhecer quem sou eu. Já que estou numa escola de heróis que aprendem a evoluir com seus poderes, quero eu também evoluir com os meus, primeiramente sabendo quais são.
Coloco uma calça moletom preta e uma camisa qualquer dobrada dentro da caixa de mudanças. Pego um moletom de agasalho com o símbolo da escola e um tenis qualquer, então saio do dormitório.

Lembro daquele lugar que Midoriya tinha falado. Na área da escola, tem uma parte um pouco afastada, com local para treinar sem pessoas por perto.
Talvez eu descubra o que realmente sei fazer, do que sou capaz. Ou suma com a floresta, do jeito que não sei me controlar.

Eu sei que consigo alterar a cor de algo, ou sumir com o tal objeto, levitar, e, aparentemente, duas coisas a mais. Controlar a individualidade de outro alguém e analisar alguém. Mas não faz sentido nenhum.
Prendo meu cabelo num rabo de cavalo, mas a metade de baixo do cabelo cai por ser curta, não sendo pega pelo prendedor de cabelo.
Coloco as mãos no bolso, geladas e trêmulas.

Todos os poderes, separadamente fazem sentido, mas a junção deles não explica o que eu sou capaz de fazer.

Bakugou cria explosões com uma substância presente no seu suor.
Mina produz um ácido poderoso.
Uraraka simplesmente apaga o efeito que a gravidade faz em objetos de sua escolha, ao toca-los.
Mas cada um tem um certo "diagnóstico" na qual tudo que a pessoa consegue fazer está relacionado a ele, como sintomas de uma doença.
Mas eu não. É como se tivesse tosse ao me ralar. Ou brotoejas sendo um adulto.
Ou, por exemplo, espirrasse sempre que levasse um susto.
Sintomas que não se encaixam a nenhum diagnóstico possível.

Dream With Me - Katsuki Bakugou BNHA {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora