Capítulo 1

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ANA

— Seu grande lobo mal está de volta!

Levanto meus olhos da máquina de café enquanto minha colega de trabalho, Lilly, para ao meu lado, cutucando-me com o cotovelo e falando baixinho. Não preciso me virar e seguir seu olhar em direção à lanchonete para saber de quem ela está falando. O apelido e o pico de pressão em meu pulso são provas o suficiente.

Faz sete semanas desde que o homem de preto apareceu pela última vez. Sete semanas desde que vi aqueles cabelos grossos e escuros, aquelas mãos grandes e ásperas, aqueles ternos caros da Armani que não fazem nada para desmerecê- lo.

Você pode tentar disfarçar um leão o quanto quiser, mas ainda será óbvio que ele é o rei da selva.

— Ele não é meu, — digo no mesmo tom baixo, observando o café pingar lentamente na jarra de vidro e sentindo meu coração pulsar em todas as partes do meu corpo.

É difícil resistir a olhar para ele.

Difícil, mas não uma surpresa. Nunca conheci outro homem que eu gostasse de olhar mais.

— Ele se senta na mesma mesa, na sua área há um ano, Ana. — Lilly zomba.

Onze meses. Mas quem está contando?

— Se é o seu dia de folga quando ele chega, ele simplesmente vai embora. Ele ignorou todas as outras garçonetes que tentaram flertar com ele - inclusive eu, e esses peitos nunca falham - e ele, com certeza, não vem aqui pela comida.

Ela faz uma careta para o prato em sua mão. A gordura escorre de um montante de carne, amarela como catarro. O Buddy's Dinner não é conhecido pela qualidade de sua mercadoria.

— Ele também não fala comigo, exceto para pedir seu café.

Lilly revira os olhos. — Por favor. O homem fala bastante com aqueles olhos de lobo mal. Um dia desses, ele vai te devorar como a vovozinha da Chapeuzinho Vermelho.

Eu sorrio, balançando a cabeça. — Claro. Ele está só esperando a lua cheia perfeita, certo?

Ela inclina a cabeça para trás e faz um suave som de uivo em direção ao teto.

— Cai fora, sua doida. Estou tentando trabalhar aqui.

Com seus quadris balançando, ela se afasta para entregar a comida para o careca na mesa doze. Tomo um momento para respirar e tento acalmar meus nervos, depois pego uma caneca da prateleira sobre a máquina de café e vou em direção à mesa do lobo.

Ele está esperando. Observando-me.

Sorrindo como sempre, com olhos azuis cinzentos e ardentes e o tipo de foco e quietude que só vi nos documentários de grandes felinos, enquanto eles aguardam na grama alta a passagem de uma gazela.

É sempre assim que ele me olha: com fome e em silêncio. Mas, ao contrário de um felino à espreita, o olhar do lobo mantém algo cauteloso por baixo. Um tipo de controle forçado.

Suas mãos, cheias de marcas, estão estendidas no topo da mesa enquanto ele observa eu me aproximar, como se essa fosse sua maneira de se manter no controle.

Concentrando-me em parecer indiferente, paro ao lado da mesa, coloco a caneca sob a superfície e sirvo um café para ele. Ele gosta da mesma maneira que todo o resto parece gostar: preto.

Eu digo timidamente: — Oi. É bom ver você de novo.

Ufa, consegui manter minha voz firme, apesar das borboletas no estômago e do nó em minha garganta. Embora eu nunca tenha compartilhado uma conversa de verdade com ele, o homem sempre foi um inferno para os meus nervos.

Lobo CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora