Capítulo 29

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ANA

Eu não dormi aquela noite. Ando de um lado para o outro no meu quarto, minha mente girando. Estou doente, furiosa, magoada, confusa, enfurecida, envergonhada, descrente e furiosa.

Eu mencionei furiosa?

Estou com tanta raiva que parece que eu poderia gerar um monstro de raiva através do meu canal vaginal.

Eu quero esmagar cada peça de mobiliário à vista.

Ele queria o arranjo. Foi ele quem inventou a ideia de eu ir morar com ele. Foi ele quem me sequestrou para que isso acontecesse! E foi ele quem enviou seu braço direito para me levar como um prato sujo, três dias antes de terminar.

Ele poderia ter sido um cavalheiro e lidado com isso sozinho. Quero dizer, eu provavelmente teria ficado com lágrimas nos olhos e emotiva quando chegasse a hora, mas eu certamente não teria implorado...

Ok, eu teria implorado. Eu sou viciada em seu pau mágico.

Além disso — horrivelmente, tragicamente, estupidamente — eu estou apaixonada por ele. Então, teria implorado.

Mas isso não é desculpa para jogar a responsabilidade de se livrar de sua cativa disposta a um homem que não tem maneiras para evitar soprar fumaça de cigarro no rosto de uma mulher. Espero que o tapa que dei em Taylor o tenha deixado com uma contusão feia.

E se eu encontrar Christian Grey na rua, ele desejará que eu não tenha o visto.

— Quem você acha que está enganando? — Eu sussurro com o meu reflexo manchado de lágrimas. — Não a mim.

Meu eu bagunçado me encara de volta no espelho sobre minha mesa. Nós duas sabemos que se eu visse Christian na rua, eu me jogaria aos pés dele como uma groupie demente, lamentando que ele me levasse de volta.

Então isso é amor? Que pesadelo.

********************

De manhã, quatro capangas de terno preto aparecem na minha porta com todas as minhas coisas guardadas em caixas de papelão. Sem uma palavra, eles largam as caixas no degrau e se viram para sair.

— Oh, não, de jeito nenhum! — Eu grito atrás deles.

O maior — o nome dele é Kieran, eu me lembro — vira- se para me dar uma sobrancelha levantada.

Eu me afasto da porta e aponto meu polegar por cima do ombro. — Está indo aonde?

Nesse sotaque irlandês espesso, Kieran diz: — O que você está falando?

— Eu acho que foram vocês que empacotaram todas as minhas coisas e as levaram para a casa de Christian há algumas semanas, estou certa?

Com olhares esquisitos, os capangas se entreolham.

— Isso foi o que eu pensei. — Afasto-me e aponto meu braço em direção ao meu quarto. — Vocês sabem onde encontraram tudo.

Kieran ri. Quando o desprezo dele não me faz murchar, ele olha para mim.

Cruzo os braços sobre o peito e encaro de volta.

Uma hora depois, minhas roupas, produtos de higiene pessoal e livros estão de volta em seus devidos lugares no meu quarto. Kieran e o esquadrão de trotadores saem em silêncio, parecendo que não sabem exatamente o que aconteceu.

Parada na porta aberta do apartamento, observando-os partir, Ellie diz: — Você conhece aquele velho ditado, a miséria adora companhia?

— Sim?

Lobo CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora