‧₊˚ 𝐏𝐀́𝐒𝐒𝐀𝐑𝐎 𝐃𝐄 𝐅𝐎𝐆𝐎 ‧₊˚
Azriel levou duzentos anos para esquecer Theodosia. Ao menos, tinha convencido a si mesmo de que tinha conseguido. Mas precisou ir em busca da princesa há muito desaparecida da Corte Outonal porque ela era a úni...
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Azriel estava sonhando. Todas as noites, nos últimos dois anos, estava tendo os mesmos sonhos.
Estava no terraço da Casa do Vento. O céu noturno estava salpicado de estrelas. O ar devia estar fresco, mas Azriel se sentia febril.
Havia algo pegando fogo a sua frente, no centro da varanda. O chão estava chamuscado, e parecia que a figura em chamas explodiria a qualquer momento.
Ele deu um passo à frente, erguendo o braço em uma tentativa de proteger o rosto das chamas que tinham começado a se espalhar, deixando a figura na qual estavam presas para formar um círculo ao redor dela.
Azriel conseguiu ver que, dentro daquele círculo flamejante, havia uma pessoa. Ele deu mais um passo para frente...
O sonho foi interrompido quando o Mestre Espião começou a ouvir que alguém estava chamando-o. Uma voz abafada em sua cabeça sonolenta, mas ele identificou o pavor no chamado.
— Azriel! — Era Elain, ele percebeu.
O illyriano abriu os olhos abruptamente, sentando-se na cama. Olhando para si mesmo, percebeu que estava envolto de suas sombras grandes e espessas. Elas tinham o tomado por inteiro, circulando ao redor de seu corpo freneticamente. Ele respirou fundo, apertando o colchão nas mãos e tentou acalmar sua respiração, tentando fazê-las sossegar.
Fazia quatro anos desde que suas sombras tinham começado a mudar, pouco a pouco, ficando mais intensas, mais agressivas. Não mais ficavam em seus ombros, elas estavam tão grandes que alcançavam a altura de sua cabeça, as vezes sussurrando tantas informações de uma vez só para ele que deixavam-o com dor de cabeça.
Seu corpo estava mudando também. Ás vezes, quando estava nervoso, seus dedos escureciam, ficando tão escuros quanto a noite, sua mão inteira ficava dessa forma e a escuridão subia pelas veias de seus braços. Azriel sempre conseguia detê-las antes de alterarem a cor de seus olhos, impedindo-os de escurecerem também.
E fazia cinco anos desde que Azriel e Elain assumiram um relacionamento.
Levou três anos para que os dois tivessem coragem de enfrentar seus problemas para ficarem juntos. E não foi fácil, Rhysand tentou convencê-lo de que era um erro e de que poderia prejudicar a Corte Noturna de forma irreparável, mas o Encantador de Sombras não quis dar ouvidos.
Elain tinha finalmente tido uma conversa com Lucien, pedindo para que ele não tentasse interferir no relacionamento dela e de Azriel, e o Vanserra deixou bem claro que jamais os prejudicaria.
— As sombras estavam enfurecidas — Elain disse, tirando-o de dentro de seus pensamentos com a voz baixa e assustada, um pouco irritada —, de novo.
A fêmea estava do outro lado do quarto, de pé próxima a porta, tentando manter a maior distância possível dele e de suas sombras.
— Eu não dormi bem essa noite — ele tentou se explicar, como precisava fazer todas as vezes em que as sombras perdiam o controle durante seu sono —, sinto muito.
