‧₊˚ 𝐏𝐀́𝐒𝐒𝐀𝐑𝐎 𝐃𝐄 𝐅𝐎𝐆𝐎 ‧₊˚
Azriel levou duzentos anos para esquecer Theodosia. Ao menos, tinha convencido a si mesmo de que tinha conseguido. Mas precisou ir em busca da princesa há muito desaparecida da Corte Outonal porque ela era a úni...
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Na única noite em que Azriel dormiu em Vendavour, não tinha sonhado, não aquele sonho em específico.
Mas desde que voltou para a Corte Noturna, o sonho invadia sua mente todas as noites, ficando cada vez mais realista, cada vez pior.
Era óbvio que a figura em chamas era Theodosia. Mas a vila em que ela estava ainda era irreconhecível para ele. As casas pegando fogo a cercavam, mas também haviam corpos no chão.
Corpos usando o bronze da Corte Outonal.
Havia alguém a frente de Theodosia, mas Azriel não sabia identificar quem. E ele ria para ela, observando-a ficar cercada de chamas. Ria enquanto Theodosia gritava de dor.
Ela estava queimando a si mesma.
— Azriel.
O illyriano abriu os olhos rapidamente, seu corpo pesado e rígido ainda deitado na cama. As sombras envolviam seu corpo com proteção, sussurrando palavras tranquilizadoras, afagando a pele úmida de suor do macho.
— Azrieeeeel — Cassian cantarolou, ainda de trás da porta.
— O que foi? — o Encantador de Sombras resmungou enquanto se levantava da cama e seguiu em direção a janela, em busca de ar puro, sentindo sua respiração ofegante e seu corpo ainda exausto.
É claro que haviam corvos empoleirados na janela.
— Feyre e Theodosia querem uma reunião na Casa do Rio — o macho explicou, ainda do outro lado da porta. — Coma alguma coisa e vamos descer.
— Já estou indo — Azriel avisou, os olhos concentrados nos quatro pássaros na sacada, prestando atenção nele de volta.
Ele esfregou as têmporas, fechando os olhos com força antes de fechar a janela e as cortinas, querendo evitar todos aqueles olhinhos escuros que estavam voltados para si.
Já fazia uma semana desde Vendavour, e ele e Theo estavam trabalhando duro no treinamento dela, testando sua magia cada vez mais.
Theodosia era fantástica, agora sendo dona de seu fogo, dominando sua magia, e não o contrário. Se tornou tão habilidosa com seu poder quanto era com a espada.
E, quando não estava treinando com o Encantador de Sombras, ou em reuniões com os irmãos sobre a Corte Outonal, ela estava ajudando Selene e Eris com o bebê, sempre se oferecendo para ficar de olho no pequeno Perseu enquanto os dois cochilavam.
Azriel não gostava de observá-la com o bebê por muito tempo. Não conseguia ver os olhos dela brilhando de amor para a criancinha, não conseguia ouvir a voz dela cheia de emoção enquanto cantava baixinho para Perseu sem sentir o próprio coração ser retorcido no peito.
Se sentia melancólico, talvez até com inveja de Eris e Selene.
Mas Azriel tinha mais o que fazer do que ficar se lamentando, e ele tentou se concentrar em suas obrigações. Era ótimo que Feyre e Theo quisessem uma reunião, pois assim ele poderia apresentar às Grã-Senhoras -apesar de Theodosia não ser ainda oficialmente, ele já a considerava como tal- a localização da outra peça que faltava na arma de Brynjar.
