Capítulo 13: Laço de parceria.

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Jason ficou em silencio, me encarando como se não tivesse respostas para minhas perguntas. Mas ele tinha que ter. Ele precisava me explicar o que estava acontecendo ali e o que tudo aquilo significava. Minha cabeça já estava confusa o suficiente por conta desses sonhos.

—Conte a verdade pra ela. —Ágape mandou, me fazendo estremecer ao perceber os olhos de Jason escurecendo ao ouvir aquilo. —Esconder nunca é uma boa ideia. Tivemos um bom exemplo disso com a Lou.

—Quem é Lou? —Indaguei, porque já tinha ouvido aquele nome duas vezes, saindo da boca de Ágape. —Qual a verdade?

—O que sabe sobre os vampiros, Fawley? —Jason questionou, ignorando minhas perguntas, enquanto me avaliava como se eu fosse uma presa, o que deixou minha boca seca e meu corpo tomado pelo nervosismo.

—Ela não sabe nada. —Ágape respondeu por mim, o que fez Jason lançar um olhar frustrado a ele. —Olha só esse lugar, nem reis eles possuem mais. Ela não deve saber nem sobre o tratado.

—Que tratado? —Indaguei, mesmo que eles estivessem evitando responder qualquer pergunta minha.

—Viu, eu avisei. —Ágape murmurou, soltando uma risadinha, antes de resmungar algo e começar a se coçar.

—Você gosta de fazer perguntas. —Jason falou, ignorando o gato esquisito aos pés dele.

—E você não gosta de responde-las. —Retruquei, me encolhendo contra a parede quando ele sorriu com o canto dos lábios, tombando a cabeça de lado de forma casual. —Me conte a verdade que Ágape disse. Não pode me seguir daquela forma, prometer que não vai me machucar e não me dar uma explicação.

—Não sei o que sabe sobre nós, Fawley. Suas terras parecem esquecidas no tempo, o que é bem diferente do lugar de onde venho. O outro continente desse mundo. —Falou, me fazendo lembrar sobre as poucas coisas que havia ouvido sobre Vênus. —Somos parecidos com vocês. Porém somos imortais, mais fortes, mais rápidos. —Eu me sobressaltei, porque ele atravessou a cabana em um piscar de olhos, aparecendo do outro lado da lareira onde eu estava. —Bebemos sangue para sobreviver.

—Eu sei sobre essas coisas. —Falei, com meu coração martelando na minha garganta, e meu sangue tão quente, como se entendesse na presença de quem eu estava. —São predadores perfeitos. Se parecem com a presa em tudo, mas por trás das sombras são...

—Monstros? —Jason ergueu uma das sobrancelhas pra mim, enquanto meu corpo reagia cada vez mais a presença dele, queimando de dentro pra fora, rígido e desesperado por algo que eu não sabia o que era. —Somos predadores perfeitos, você tem razão. Talvez nos chamar de monstros também não esteja totalmente errado. Mas tem algo que vampiros presam mais do que sangue.

Eu olhei para Ágape, vendo ele observar Jason com atenção, parecendo avaliar cada reação do vampiro. Mas Jason não transparecia nada além de gentileza e casualidade, enquanto eu estava transbordando, sentindo todo meu corpo tenso e arrepiado, me impedindo de respirar e pensar direito.

—O que é? —Consegui perguntar, por mais que minha voz estivesse hesitante e minha boca seca.

—Chamamos de laço de parceria. —Sussurrou, tão lentamente que eu não conseguia desviar os olhos dele.

Grudei ainda mais meu corpo tremulo contra a parede, percebendo tarde demais que Jason havia se aproximado lentamente enquanto me mantinha presa em suas palavras. Ele estava a um passo de me tocar. Apenas um passo de me fazer sentir seu calor.

—Já ouviu falar de algo assim, Faw? —Indagou, me fazendo engolir com dificuldade e negar com a cabeça. Não conseguia falar, sentindo-o tão perto como estava naquele momento. —É um laço entre almas. Liga um vampiro a outro pela eternidade. É magico, belo e valorizado a cima de qualquer coisa.

—Você tem isso? —Indaguei, erguendo o queixo para encarar os olhos dele quando o vi se inclinar na minha direção.

—Tenho.

Ele inclinou a cabeça, me observando com algo caloroso nos olhos. Os cabelos pretos dançando sobre sua testa, macios e brilhosos. Eu não conseguia parar de encara-lo. Eu não conseguia evitar a faísca dentro de mim, a tensão gritante que implorava para que eu o tocasse e que me deixava assustada.

—Só que existe uma questão maior em relação a isso. Descobrimos há algumas décadas que vampiros podem ter laço de parceria com outros seres, sem necessariamente eles serem vampiros. É raro, mas acontece. —O cheiro dele me acalmou, ao mesmo tempo que meu peito subia e descia com força. —Eu sinto o laço na minha alma. Eu estive seguindo a direção que ele indicava, esperando encontrar quem estava na outra ponta. —Os dedos dele roçaram na minha clavícula, enviando uma onda de eletricidade pelo meu corpo, que me deixou ofegante. —Até encontrar você.

O ar escapou pelos meus lábios quando compreendi o que ele disse. Quando meu coração despencou dentro do peito, parecendo bater de forma diferente ao ouvir aquelas palavras saindo da boca dele, tão certas e tão assustadoras.

—Eu? —Balancei a cabeça em negação na mesma hora, assombrada com o sorriso doce que surgiu nos lábios dele, assim como o brilho de diversão nos seus olhos. —Você está mentindo. Não é verdade.

—Por que eu mentiria? —Questionou, me deixando alarmada com a expressão inocente dele, como se ele jamais fosse capaz de mentir. Como se ele fosse a criatura mais gentil do mundo.

—Eu não sinto nada do que disse. —Falei, estremecendo ao ouvir a gargalhada de Ágape, como se a mentirosa fosse eu e não Jason. —Você se enganou, Jason. Não tem laço nenhum dentro de mim.

—Humana burra. —Ágape resmungou, parecendo incrédulo com as minhas palavras. —Ele esteve o tempo todo tocando o laço.

—O que? —Jason deu um passo para trás, me permitindo puxar o ar com força, tentando regular minha respiração. —O que isso significa?

—Sei o que você sente. Está com medo, assustada, desesperada para se agarrar a alguma coisa. —A voz dele não passou de um sussurro, enquanto eu sentia algo me puxar na direção dele. Desviei os olhos para o chão, constrangida. —Está lutando para acreditar em mim, ao mesmo tempo que seu corpo inteiro mudou quando eu falei sobre o laço. Você pode não senti-lo, mas seu coração sabe que ele existe.

Calor manchou minhas bochechas quando pensei em todas as sensações que estava sentindo naquele momento. Como me senti desde o início, quando ele apareceu na casa do meu tio. Mas Jason não pareceu se importar com isso quando tocou meu queixo com a ponta dos dedos, me fazendo encara-lo com aquela faísca se tornando um incêndio.

—Você tem sonhado comigo, não tem? —O sorriso dele se tornou grande demais, me deixando na beira de um abismo quando ele segurou meu queixo com mais firmeza. —Não precisa ficar assustada, Faw. Isso significa que eu pertenço a você, assim como você me pertence.


Continua...

Jogo de Sangue e Vingança / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora