Capítulo 43: Quem treinou você?

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O vampiro desapareceu tão rápido quanto havia aparecido, me deixando com ainda mais perguntas do que eu estava antes. Não conseguia parar de pensar no que Jason poderia ter feito para a mãe dele, para que ela estivesse com tanta raiva assim. Me lembrava perfeitamente das palavras daqueles vampiros dizendo que a Lady Goodwin havia feito uma proposta a Jason, que ele nunca me contou sobre o que era.

Corey finalmente despertou depois de algumas horas, resmungando sobre estar morrendo de dor de cabeça e do fato de eu o estar esmagando, a ponto dele não conseguir respirar direito. Fiquei um pouco sem graça quando o soltei e o deixei se afastar, porque não tinha pensado no quanto nossa situação era completamente esquisita e o fato de nos conhecermos a pouco tempo. Mas ele havia me defendido no castelo e me colocado como membro da sua família. Aquilo era o suficiente para eu querer protege-lo da mesma forma.

Ele me contou do que se lembrava e eu contei do que eu me lembrava, onde chegamos a conclusão que ele desmaiou logo depois de mim, então não vimos nada do caminho que pegamos até aquela cela. Também contei a ele sobre a visita do vampiro e do que ele havia dito, porque não parecia fazer sentido esconder quando eu nem sabia o que ia acontecer com a minha vida a seguir. Parecia idiota esconder qualquer coisa.

—Eles vão vir atrás de nós, Faw. Não precisa se preocupar com nada. Eles vão vir atrás de nós. —Corey afirmou, soando tão confiante que meu coração se apertou, desejando que ele estivesse totalmente certo e que eles não demorassem para aparecer.

—Quem você acha que virá? Jason e quem mais? Eles estão com problemas lá. —Afirmei, me lembrando que nosso sumiço não era a única coisa que estava tirando o sossego dos vampiros. Chase havia estado em Artenis exatamente para avisa-los sobre isso, mas os clãs daqui pareciam estar livre de qualquer problema parecido. O mal que caia sobre o nosso mundo estava apenas em Vênus.

—Jason, meu tio e talvez Nicolay. —Corey respondeu depois de alguns segundos, me pegando completamente de surpresa.

—Nicolay? —Não consegui esconder a surpresa na voz, porque ainda não havia conhecido o líder do Clã Arteryon e muito menos sua parceira. Todas as coisas que Corey havia me falado sobre eles, me deixava hesitante sobre o que esperar do lorde vampiro. —Ele sairia do próprio clã para vir até aqui atrás de você?

—Atrás de nós dois. —Corey me corrigiu, soando um pouco ofendido com a minha pergunta. —Você faz parte da família também e deveria aceitar isso. Ele sairia sim do clã, assim como saiu várias vezes para proteger aqueles que fazem parte da sua família. Mas estou apenas chutando sobre quem virá. Não sabemos o que aconteceu depois que sumimos e quem ficou sabendo. Jason não iria querer esperar um segundo antes de vir atrás de você.

—Atrás de nós dois. —Repeti a frase dele, o que arrancou um sorriso pequeno do príncipe, que levou a mão a faixa que eu havia enrolado na sua cabeça, fazendo uma careta de leve. —Quem treinou você?

—O que? —Ele olhou pra mim, franzindo a testa de leve.

—Você matou aquela vampira quando ela estava usando a velocidade para alcança-lo e depois arrancou o braço daquele macho. —Falei, olhando bem para as feições angelicais do rapaz, que parecia tão inocente e inofensivo nesse momento, bem diferente do que eu vi quando ele pegou aquela espada para enfrentar quatro vampiros. —Quem treinou você?

—Meu tio, Will e depois Merida. —Corey abaixou a cabeça, encarando um ponto fixo no chão, o que fez seus cabelos caírem sobre seu rosto, mas ele não se incomodou em tira-los. —Meu tio não queria que acontecesse comigo, o mesmo que aconteceu a ele e a minha tia. Ambos foram mordidos por um vampiro e não tiveram chance alguma de se defenderem. Então quando eu tinha idade o suficiente pra conseguir suportar o peso da espada, meu tio e Will começaram a me treinar sem parar. Cada movimento, cada fraqueza e cada ponto forte que eles tinham, eu gravei. Treinei todos os golpes e movimentos que você pode imaginar e aqueles que você nem faz ideia que existem também. Por último, Merida me ensinou a usar arco, para atirar flechas nos lugares perfeitos para atrasar um vampiro. —Corey ergueu a cabeça, escorando-a na parede rochosa atrás de si, me lançando um sorriso fraco. —Acho que não faz muita diferença no final das contas, já que eu não consegui defender nós dois.

—É claro que conseguiu! —Rebati, me arrastando para me sentar mais perto dele. —Você cortou a cabeça de um vampiro, Corey. Que outro humano já fez isso em uma situação tensa como aquela? Você ter sido pego depois, não o faz fraco. Tudo aquilo só provou o quanto todo o esforço dos três valeu a pena. —Segurei a mão dele, apertando-a com toda força que eu conseguia. —Você vai ser um bom rei, Corey. Tenho absoluta certeza disso.

—Se eles não resolverem me matar por ter tirado a vida de um deles. —Ele riu, tão baixo que soava como um suspiro. Mas virou a mão para segurar a minha também, apertando-a de volta como se quisesse deixar claro que estava comigo ali.

—Posso fazer uma pergunta? —Ele balançou a cabeça que sim, estranhando meu pedido de permissão, mas eu não sabia como ele iria reagir a minha pergunta. —Você gosta dela, não gosta?

—Ela é minha prima e é uma vampira. —Foi a resposta dele, como se aqueles fossem motivos o suficiente para não gostar dela mais do que deveria. Mas ele não havia negado, o que era a resposta para a minha pergunta.

Apertei a mão de Corey com força, desejando poder voltar para o momento que estávamos na biblioteca, conversando sobre livros, enquanto aquela cela parecia engolir cada vez mais toda energia que tínhamos. Fechei meus olhos com força e escorei minha cabeça no ombro de Corey, rezando para que Jason não demorasse. Todo o meu medo de conseguir uma família e uma casa, para tudo desmoronar, havia realmente acontecido no final das contas.


Continua...

Jogo de Sangue e Vingança / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora