Capítulo 22: Meu pai quer você em casa.

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Jason fez um sinal com a mão para que eu ficasse em silêncio, antes de caminhar até a porta e ir lá pra fora. Jason foi atrás dele, me deixando sozinha ali dentro. Me abaixei ao lado da janela, de uma forma que esperava que ninguém me visse. Os dois pararam perto da cerca de pedra, olhando para a floresta congelada.

Não demorou muito para os dois vampiros surgirem lá de dentro, fazendo meu coração martelar na minha garganta quando vi sua aparência e soube de onde eles eram. A tensão nos ombros de Jason desapareceu quando ele reconheceu os dois, abrindo um sorriso tão grande que meu corpo foi pego de surpresa pela onda de calor que se aconchegou no meu peito.

A vampira de cabelos loiros parecia muito jovem, com o rosto curvilíneo tão bonito. Seus olhos se iluminaram quando ela viu Jason, soltando uma gargalhada ao disparar na direção dele e se jogar nos seus braços. Uma pontada desagradável queimou no meu coração, porque fiquei com inveja dela, ao mesmo tempo que senti ciúmes pela forma que os dois estavam se abraçando tão apertado.

Ágape pulou pela neve na direção do vampiro que vinha logo atrás. Também era jovem como ela, mas a diferença é que sua pele parecia ainda mais branca que a dela e seus cabelos eram tão brancos quanto a neve ao redor. Não estava sorrindo, com o rosto curvado em uma expressão neutra que me fez estremecer com o ar afiado presente nos olhos dele.

Ele se abaixou e pegou Ágape no colo, antes de caminhar até Jason e a outra vampira. Desviei os olhos dele, sentindo mais inveja do que antes ao perceber que aquela era a família de Jason. Ou parte dela. A família que ele deixou claro que podia ser minha também. Mas eu estava com medo. Não dos vampiros, mas do meu próprio coração.

—Você não pode me dizer que encontrou sua parceira e me proibir de conhecê-la, Jason! —Escutei uma voz feminina sibilar, enquanto eu ficava de pé e me encolhia contra a parede, percebendo que eles estavam prestes a entrar ali.

—Merida, é sério. Ela não é... —Jason começou, mas a porta se abriu e a vampira irrompeu para dentro, parando completamente petrificada quando me viu.

—Oh! —Ela soltou, sendo pega de surpresa, com os olhos acinzentados se arregalando quando percebeu que eu era humana.

—Humana? —O outro vampiro apareceu atrás dela, me lançando aquele olhar afiado pelas íris incrivelmente verdes. Sua voz estava desprovida de qualquer emoção, enquanto eu tentava não me encolher na frente dos dois.

Jason atravessou o cômodo, parando ao meu lado. Soltei um suspiro trêmulo quando ele segurou minha mão e meu corpo automaticamente ficou mais calmo, como se ele fosse tudo que eu precisava naquele momento. Não olhei pra baixo quando senti Ágape se esfregar nas minhas pernas.

—Essa é a Fawley, minha parceira. —Jason murmurou, com a voz repleta de calor e gentileza ao falar meu nome, antes de indicar os dois vampiros com a cabeça. —Faw, essa é a Merida e aquele é o Chase. Falei deles para você, lembra?

Balancei a cabeça que sim, apertando a mão dele com força quando Merida deu um passo à frente, abrindo um sorriso radiante pra mim. Toda surpresa e estranheza indo embora do seu rosto belo, dando lugar a algo caloroso e feliz.

—É um prazer conhecê-la, Fawley. Estamos muito felizes em saber que Jason a encontrou. —Ela olhou para Jason e depois pra mim de novo. —Posso te dar um abraço? —Ela se aproximou de mim quando balancei a cabeça afirmativamente, me envolvendo em uma abraço cuidadoso e contido. —Não precisa ficar com medo. Gostamos de humanos, mais do que seria aceitável para um vampiro.

—Jason me contou. —Falei, abrindo um sorriso pequeno para Merida quando ela sorriu pra mim como se fossemos melhores amigas, mesmo que tivéssemos acabado de nos conhecer.

—Temos uma longa historia com os humanos. —Ela deu de ombros, tocando aquele colar no meu pescoço. —Alguns clãs acham isso ridículo, mas eles não entendem de verdade. —Ela tocou meu queixo, antes de olhar para os meus cabelos. —E você combina com o Clã Arteryon.

—Isso explica porque você estava demorando mais do que o normal para retornar. —Chase murmurou, olhando para Jason com uma das sobrancelhas erguidas.

—Ignore a cara de quem comeu e não gostou de Chase. —Merida se inclinou para perto de mim, soltando uma risadinha como alguém que estava contando um segredo. —Ele tende a ser um merdinha as vezes.

Chase revirou os olhos perto da porta, deixando claro que ouviu o que a prima havia dito. Merida soltou uma risada, antes de surgiu ao lado dele e o abraçar, com pura adoração nos olhos quando ele a abraçou de volta. Irmãos, eu percebi. Eram muito mais como irmãos do que como primos.

—Eu iria voltar logo. —Jason olhou pra mim e então para os dois de novo. —Mas não podia deixar a Fawley.

—Entendemos agora. —Merida piscou pra mim e eu percebi que seria muito fácil gostar dela. —Mas infelizmente você precisa voltar.

—Por quê? —Jason pareceu tenso, como no momento que notou que eles estavam chegando. —Aconteceu alguma coisa? Minha irmã está bem?

—Ela está. Por ora, todos estão bem. —Chase afirmou, trocando um olhar demorado com Merida. —Mas temos problemas.

—Me surpreenderia se não tivessem. —Ágape resmungou, pulando para o sofá. —Qual clã resolveu inticar dessa vez?

—Esse é o problema, Ágape. Não é um dos clãs. Ou pelo menos achamos que não. —Chase voltou a olhar para Jason. —Alguma coisa anda atacando vampiros. Não sabemos o que é ainda. Mas já matou 4 vampiros. Dois do Clã Huxley, um do Clã Driatanis e o outro do Clã LaRue. Como você deve imaginar, a desconfiança caiu sobre nós e o Clã Veliant.

—Não são lobos? —Jason indagou, enquanto eu me encolhia ao pensar em algo mais forte que os vampiros, a ponto de mata-los.

—Mayra e Milles disseram que não. Eles viram os vampiros mortos e os estragos que o que quer que seja, fez neles. —Chase balançou a cabeça negativamente, dando um passo na nossa direção. Ele olhou pra mim, a expressão séria se suavizando quando desviou os olhos para Jason. —Entendo porque está aqui, mas precisamos de você em casa, Jason. Meu pai quer você em casa.


Continua...

Jogo de Sangue e Vingança / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora