Capítulo 42: Paredes de pedra.

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Eu e Corey fomos arrastados pelo corredor, com as bocas sendo amordaçadas como se eles estivessem com medo de que gritássemos e alertássemos mais alguém. A vampira que havia me pegado estava carregando o corpo e a cabeça da vampira que Corey havia matado, enquanto o vampiro que havia perdido o braço estava me levando e o outro a Corey.

O braço decepado pendurado na outra mão, enquanto ele lançava olhares mortais na direção de Corey, como se pudesse matá-lo ali mesmo. Sabia que os vampiros podiam se curar e já havia visto isso com Jason, mas não fazia ideia do que aquele vampiro poderia fazer com aquele braço e se tinha alguma chance de prende-lo em seu corpo de novo.

Meu coração disparou quando encontramos vários guardas caídos pelo caminho, enquanto eu escutava Corey tentar falar alguma coisa com aquela mordaça, parecendo tão furioso com aqueles vampiros, mesmo que tivesse sendo arrastado por um deles, que o empurrou com um pouco mais de força quando notou que o príncipe estava tentando falar.

—Não os mordemos. —A vampira sibilou atrás de nos, enquanto desviávamos dos corpos caídos no chão. —Mas eles vão acordar com uma boa dor de cabeça.

Meu coração despencou quando percebi a direção que íamos. Para aquela sala que escondia o cômodo secreto onde o espelho de duas faces estava. Eu não fui a única a encontra-lo. Ele trouxe vampiros de Artenis diretamente para as terras humanas de Vênus, para dentro do castelo. Isso me fez olhar na direção de Corey, vendo que ele estava pensando a mesma coisa que eu. Ninguém havia se preocupado com o que poderia passar por aquele espelho, porque até então ele ficava em um lugar esquecido no tempo.

—Não faça essa carinha. Você nem pertence a esse lugar mesmo. —O vampiro ao meu lado sussurrou, com a respiração me causando um calafrio quando a senti tão próxima do meu pescoço. Mas diferente do que eu sentia com Jason, não era uma sensação agradável.

A entrada para o cômodo estava aberta, assim como o caminho até o espelho preso na parede. Meus olhos se fecharam com força quando senti o calor das lágrimas deslizarem pela minha bochecha, enquanto aquele laço que me ligava a Jason latejava na minha cabeça, de uma forma que eu podia jurar que estava o ouvindo gritar do outro lado.

Antes que eu atravessasse o espelho, vi Corey se debatendo e olhando pra mim, antes de eu sentir uma dor tão forte na minha cabeça, que tudo escureceu e a última coisa que senti foi de estar sendo carregada, antes de apagar por completo. Mesmo na escuridão, eu ainda ouvia Jason. Eu podia sentir seu desespero. Eu podia sentir absolutamente todos os seus sentimentos naquele momento e estavam tão intensos quanto os meus.

[...]

A primeira coisa que notei quando abri os olhos, foram as paredes de pedra ao meu redor, que iam do chão até o teto, cobrindo cada superfície até chegarem as grades que fechavam aquele espaço. O chão embaixo de mim estava frio e imundo, com uma grossa camada de sujeira. Corey estava caído a alguns metros de mim, completamente apagado.

Quando consegui me sentar, olhei ao redor com o coração na boca, percebendo que o lugar era parcialmente escuro, exceto por uma única tocha, e não passava de uma cela. Minha cabeça doía e quando a toquei atrás, a senti extremamente sensível, me lembrando que eu havia levado uma pancada ali. Mas aquele laço que gritava na minha mente antes, estava completamente silencioso.

Me levantei aos tropeços, indo direto até Corey. Ele não acordou quando o toquei e pude ver o sangue que molhava seus cabelos escuros, onde ele havia sido atingido. Ficar sangrando dentro de um clã de vampiros não me parecia nada bom. Sem pensar, o arrastei para a parede do fundo, rasgando uma parte da saia do meu vestido para pressionar a área que sangrava, antes de fazer uma faixa e amarrar ali.

Deixei seu corpo parcialmente sobre o meu, com suas costas pressionando meu peito. Meu coração estava batendo rápido demais e eu tinha certeza de que ele poderia ouvir se estivesse acordado. Não havia mais nada naquela cela além de nós dois. Então eu me agarrei a ele, desejando mais do que qualquer outra coisa que ele acordasse e tudo ficasse bem.

Não sabia quanto tempo fazia que estávamos ali. Que havíamos sido tirados do castelo. Eu tentava forçar minha mente a se concentrar naquele laço, tocando-o sempre que o sentia, silencioso no fundo da minha mente. Mas não importava quantas vezes eu o tocada, Jason nunca me respondia. Era uma mudança grande demais para o momento que ele estava esmurrando o laço.

Não sei quanto tempo fiquei ali, agarrada a Corey sem me mover. Em alguns momentos cheguei a duvidar que estava sequer respirando, porque meu corpo parecia congelado no lugar. Ficava tentando achar alguma resposta para o que estava acontecendo ali. O que esse clã poderia querer comigo. O que eles queriam com Jason, antes de nós dois sequer nos conhecermos.

Me encolhi contra a parede, apertando ainda mais Corey contra mim. Tinha certeza de que se ele estivesse acordado, estaria resmungando que eu o estava apertando demais. Só que ele ainda estava apagado quando um vampiro surgiu na frente das grades, olhando pra mim com a expressão fria e dura, como se eu fosse um inseto que ele gostaria de pisar em cima.

A pele negra era absolutamente perfeita, sem qualquer cicatriz ou arranhão. O rosto cinético, com as bochechas cheias na medida certa, enquanto os olhos eram escuros e profundos, combinando com os cabelos negros curtos, lisos e bem arrumados, sem qualquer fio fora do lugar. Além da boca, pequena e com os lábios bem desenhados, perfeita para um predador.

—Então você é a famosa Fawley Rawlins. —Sibilou, falando meu nome com um desgosto tão evidente, que eu estremeci, sentindo o medo e a hesitação borbulhando das minhas veias, como se eu fosse explodir de dentro pra fora. Não consegui dizer nada enquanto ele me encarava, esperando por alguma coisa de mim. Quando se cansou, estalou a língua e enrugou os lábios em reprovação. —Espero que minha mãe não seja gentil com você. Jason a deixou muito, muito irritada.



Continua...

Jogo de Sangue e Vingança / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora