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           Regulus nunca viu aquelas pessoas em toda sua vida. Se tivesse um espelho diante de si, veria como estava fazendo uma cara feia: as sobrancelhas juntas sem perceber enquanto vê seu irmão mais velho abraçar e beijar aquele mar de gente como se fossem um de seus primos.

         Tudo bem, não era um mar de gente. Era umas seis pessoas, James havia errado na previsão. Seis pessoas que pareciam ter saído de uma série de tevê que só participava modelos. Todos ali eram bonitos de mais, o que o fez perceber que o grupo de amigos de Sirius era o mesmo tipo de gente, só não havia percebido antes por que já estava acostumado com eles. Uma garota que tinha enormes olhes verdes cortava o cabelo do mesmo jeito que Mary cortava. Um cara com longo cabelo ruivo e trançado usava o mesmo tipo de jaqueta que Frank usava. As maquiagens eram parecidas, os sapatos, as bolsas, os trejeitos.

     Regulus se sentiu imediatamente deslocado. Fazia tempo que não se sentia assim quando rodeado por aquele tipo de pessoa. Aprendeu a gostar deles, a interagir com eles e a ser aberto para conversas. Mas ali...Não era o tipo de gente que costumava andar de jeito nenhum. Héstia se aproxima dele, agarrando seu braço enquanto eles são os últimos da fila para entrar no barco.

    Fora mais uma coisa que Potter tinha errado. Não era uma lancha, era um barco branquíssimo e baixo, parecia o que seria uma mini versão de um cruzeiro. Já tinha música vibrando o cais, as vozes altas parecem preencher o céu cheio de nuvens fumacentas.

     Regulus olha por cima do ombro, vendo o píer de madeira se estender a suas costas. Se pergunta se é tarde para dar meia volta e ir pra casa.

      — ...Esse é meu irmão, Regulus — ouve seu irmão dizer, sentindo uma mão em seu ombro. — E essa é Héstia, amiga dele.

         — Ah, finalmente você veio! Somos loucos pra te conhecer!

       Uma mulher alta, não mais que vinte anos, liso cabelo castanho que ia até a metade das costas e um forte batom vermelho é quem diz isso. Regulus se força a sorrir quando ela abre os braços e os lança ao seu redor. Ele a abraça de volta com apenas um dos braços, sua amiga não quer largar outro.

          — Essa é Lori — Sirius diz quando a menina então parte para abraçar Héstia. — Ela adorou seus desenhos, Reg.

           — Você os mostrou pra ela? — indaga, um pouco ferido. Os desenhos não eram algo que se mostrava a qualquer um.

        — Bem, tem alguns no meu branço, então...—encolhe os ombros, oferecendo um sorriso sem graça.

             — É um prazer conhecer vocês! — Lori diz, um entusiasmo impressionante na voz. Os grandes olhos se estreitam para Regulus: — Você é realmente talentoso, sabia? Eu amei seu traço, sua arte. Você tem desenhado algo novo?

           — Ah, eu não...— estreite os olhos para o irmão em busca de ajuda, o encontra conversando com outra pessoa, um homem agora. — Eu não desenho mais. Meu irmão é o artista.

            — Sim, sim, Sirius é genial! Mas você também é bom. Vem, vamos entrar! — ela fala, começando a andar e ele se sente obrigado a acompanhar. — Eu estudo história da arte e sinceramente amei muito a releitura que você fez de "O grito" que o Si acabou tatuando.

— Obrigado — sorri fraco, sentindo o aperto de Héstia ficar mais forte. — Está em qual período?

           O fato de que uma pessoa — e provavelmente não só ela — que ele nunca viu ou falou na vida saber de seus desenhos o deixa um tanto incomodado.  A sua arte era algo muito pessoal, que só produzia em momentos muito específicos e que poucos tinham acesso a ela. E não porque era algo genial ou coisa do tipo, só não a achava boa o suficiente pra ser de um saber público. Deixou que seu irmão tatuasse alguns dos desenhos por pura insistência do mais velho, só não imaginou que ele fosse mostrar para pessoas que não tinham nada a ver com eles.

HEAT WAVES, starchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora