Capítulo XXVII - Os sonhos de Sol e Luna (parte I)

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A conversa entre Luna e Zoe não chega a lugar algum, dada a petulância da primeira, mesmo esta no fundo vendo que está errada em uma série de coisas. E a loira abelhuda vai embora, por um lado muito chateada com a amiga, mas por outro esperançosa de que Luna cedo ou tarde irá resolver os problemas com a irmã antes que ela vá embora de Buenos Aires por conta do fim da temporada do circo na capital argentina.

Terminado o malfadado chá de bebê, Luna tem uma séria conversa com os pais dela. O conteúdo da conversa é em essência o mesmo de todas as conversas que Luna teve desde que o chá de bebê foi por água abaixo. "Luna, você soltou a fera da jaula. E agora, o que você vai fazer para coloca-la de volta em seu lugar?", pergunta Miguel. Luna não sabe responder essa pergunta aos pais dela, mas que vai encontrar um jeito de fazer isso. A morena responde e lembra aos pais dela que não fosse a intervenção dela era bem possível que algo de muito ruim pudesse ter ocorrido ao avô dela. "Sim, é verdade. Nisso nós concordamos contigo, e nos documentos que o Cato, a Amanda e o Tino trouxeram há registros de histórias escabrosas de parricídio, perpetradas por crianças que foram abandonadas e tiveram a sorte de sobreviver depois que essas voltam a se encontrar com os pais", Mônica responde. "A propósito, você tem que lê-los, filha. Acho que só assim para você entender melhor sobre os sentimentos da tua irmã", diz Miguel. "Só que tem uma coisa, filha. Você começou tudo ao ficar falando dos pais com a tua irmã, sem levar em conta o que ela sente por eles. Não se sente arrependida pelo que fez?", pergunta Mônica. "Bom, mamãe, eu quis ajudar a minha irmã e...", diz Luna. "E no fim das contas o tiro saiu pela culatra. Mais atrapalhou que ajudou e de quebra arruinou nosso chá de bebê", responde Miguel. Durante a conversa com os pais, Luna mantêm a convicção de que os pais biológicos dela se arrependeram da escolha que fizeram antes de falecerem. Mônica e Miguel ficam admirados de ver a convicção da filha adotiva deles, e a ela dizem que compartilham desse pensamento. "Tenho certeza que dentro em breve essas pendências com a tua irmã serão resolvidas", diz Mônica. "Bom, então vamos parar por aqui. Vamos dormir, amanhã teremos um dia longo", diz Miguel.

Longe dali, Sol também tem uma conversa similar com os pais dela. Sol conta toda a história a eles. Sobre o fato de que Luna fez pouco caso do que ela sente em relação aos pais biológicos dela, a falta de empatia por ela e as tentativas dela de mudar isso. E de brinde sobre o tenso encontro com o avô. Sol conta toda a história envolvendo o avô dela e o papel por ele exercido no abandono dela. O que mais deixou Sol chateada com a irmã dela é o fato de que ela não demonstrou a devida empatia no que tange aos sentimentos que ela tem em relação aos pais dela. "Mas eu sei que a Luna é uma boa garota, e cedo ou tarde irá entendê-la, filha", diz Helena. "E isso é uma questão de tempo e oportunidade", responde Ruslan. "Espero que ela faça isso antes de irmos embora de Buenos Aires", responde Sol. "Bom, vamos dormir, que amanhã teremos um longo dia", diz Ruslan.

Dois dias depois, Luna vai ao Roller para mais um ensaio sob os cuidados de Juliana. "Nada melhor que um ensaio com a Juliana para esquecer-se de todos esses problemas", diz Luna ao chegar ao Roller. Mas, uma vez no Roller, as coisas não são o que a morena pensava. Ela encontra os amigos dela, e estes lhe reservam uma recepção fria. Eles ainda estão chateados com ela por causa do ocorrido na mansão Benson. Matteo ainda está chateado com ela, e diz que só se reconciliará com ela depois que resolver os problemas com a irmã. Simón e Âmbar, por seu turno, não chegam a tanto, apenas pedem mais empatia para com a irmã. Mas tal qual Matteo querem que ela resolva os problemas com Sol antes que ela se vá de Buenos Aires. Zoe também pensa o mesmo que Simón e Âmbar, assim como os outros presentes.

O ensaio foi um desastre. Juliana não viu a mesma energia vista nos ensaios anteriores, além do clima nem um pouco amigável entre Luna e os amigos dela. Problema esse que ela, como uma instrutora experiente, notou rapidamente. O ensaio acabou mais cedo que de costume, e Juliana então resolveu fazer o seguinte, de forma a evitar confusões: primeiro chamou Luna para conversar com ela a sós, depois irá conversar com os outros. Dito e feito. A filha dos Valente coloca sua instrutora a par de tudo, em especial sobre o desastroso chá de bebê. "Então você mexeu no ninho de vespas sobre o qual eu falei para você não mexer?", pergunta Juliana, com um olhar de repreensão para cima de sua pupila. Luna responde que sim. "Olha Luna, eu entendo que você queira ajudar a tua irmã, mas não acha que você se excedeu nisso?". À instrutora, Luna conta que tem convicção de que os pais dela se arrependeram do que fizeram à irmã dela. "E você tem como provar o que afirma, Luna? Com base em que prova você afirma isso?", pergunta Juliana. "É uma convicção que eu tenho comigo mesmo, Juliana. Não tenho provas, mas tenho convicção de que sim, eles se arrependeram", responde Luna. "Pois saiba de algo elementar: convicção é uma coisa, prova é outra completamente diferente. E enquanto você não achar nenhuma prova de arrependimento da parte dos teus pais, isso não vai passar de uma convicção sem fundamento algum na realidade", Juliana responde. "Mas Juliana...", Luna responde. "Mas nada, Luna. Eu estou lhe dizendo o que tem que ser dito, não o que você quer que eu te fale. Enquanto você não descobrir alguma prova de arrependimento da parte dos teus pais, por favor, respeite o que tua irmã pensa a respeito deles. Só assim para vocês voltarem a se entenderem", Juliana replica.

Angustiada quanto aos problemas envolvendo sua irmã, Luna mais uma vez sonha com seus pais na mansão. Ela está levando sua cadela Mist para passear na rua, e descendo pelas escadas da mansão ela se encontra com seus pais, Lili e Benson. E dessa vez eles estão acompanhados do velho Hassan. É a primeira vez que Luna vê o velho Hassan nos sonhos dela. De início, Mist e Hassan se estranham e começam a latir entre si, mas graças à enérgica intervenção de Lili e Bernie a situação entre os dois cachorros, o de ontem e o de hoje, foi contornada.

"Oi minha filha, aonde vai?", pergunta Lili. "Vou passear com a minha cachorra na rua", responde Luna. "Mas que cachorra mais linda que você tem Luna. Que raça que ela é?", diz Bernie ao ver Mist. "É uma Lhasa Apso, papai. Como o próprio nome diz, é uma raça de origem tibetana. É parecido com o ših-tzu, só que tem um focinho mais largo e um comportamento mais reservado", Luna responde. Lili igualmente se encanta ao ver Mist. Ao mesmo tempo, Luna se emociona ao rever Hassan depois de muito tempo. Surgem lembranças dos primeiros anos de vida, no qual Luna acariciava o já idoso cão da raça Golden Retriever e este retribuía com lambidas no rosto dela. "Ai Hassan, como é bom poder te reencontrar depois de tanto tempo!", diz uma emocionada Luna a seu cachorro de primeiros anos de vida. A emoção é compartilhada pelo cão dourado, e o Luna o abraça carinhosamente.

"Luna, temos uma coisa para te contar", diz Bernie a sua filha. "E o que se trata, papai?", responde Luna. "De onde estamos, nós estamos por dentro dos teus problemas com a tua irmã", diz Lili, que está segurando Mist em seu colo. "Luna, minha filha, o equipamento de que você precisa para repelir as vespas está bem ai, na mansão. Procure no subsolo da mansão que você irá encontrar", diz Bernie. Enquanto Lili acariciava Mist, ela fala algo no ouvido dela. Parece que ela está encarregando a cadela Lhasa Apso de algo. "E do que se trata, papai?", pergunta Luna. "A hora que você encontrar você descobrirá", Bernie responde. Luna ainda tem mais perguntas a seus pais, mas logo eles e Hassan somem, mas não sem antes colocarem Mist no chão e esta se dirigir a Luna. A qual por seu turno acorda em seguida, sem entender muita coisa do que os pais dela queriam lhe contar.

A irmã perdida (Sou Luna temporada 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora