Capítulo LVI - Quem é o maníaco do bosque de Palermo (parte I)

7 0 0
                                    

E assim, contra as esperanças de Luna, o palpite de Matteo mostrou-se correto: quem matou a senhora Fernández de Benson foi ninguém menos que o filho abandonado dela, ao que tudo indica movido por um desejo de vingança pelo que foi feito a ele logo após nascer.

Por meio de mensagens de celular, Ana chama o ex-marido e as garotas a mais uma reunião, dessa vez na casa dela. "Garotas, encontrei os documentos. E tenho uma descoberta a relatar a vocês. Encontrem comigo na minha casa, hoje à noite", diz Ana na mensagem. Para essa reunião, ela vai pedir uma pizza especial a todos.

Dito e feito. Na casa dela, Ana mostra ao ex-marido, à filha e as amigas de Nina o que ela descobriu ao ler a papelada do caso. Enquanto os visitantes se deliciavam com as pizzas, ela começa contando aos cinco que quem matou a bisavó de Luna e Sol foi ninguém menos que o filho dela, Fernando Gómez Benson. Nina, Ricardo, Zoe e Âmbar não ficaram muito surpresos com a descoberta de Ana, em especial a morena e as loiras, que já suspeitavam de antemão de que ele é o maníaco do bosque de Palermo. Entretanto, o mesmo não pode ser dito sobre Luna. Luna ficou arrasada ao saber que quem matou a bisavó dela foi ninguém menos que... um dos tios-avôs dela! Ela já ficou bem incomodada quando seu namorado aventou tal hipótese, preferindo manter a esperança de que o maníaco em questão não era algum familiar distante dela. "Está tudo bem contigo, Luna?", pergunta Âmbar à prima adotiva, ao ver que ela não gostou nem um pouco do que ouviu da boca da mãe de Nina. "Pessoal, não posso acreditar no que ouvi, quer dizer então que a minha bisa foi morta pelo meu tio-avô Fernando?! Como isso é possível? Não posso acreditar nisso!", responde Luna, claramente expressando indignação.

A mãe de Nina então explica à Luna que ela não disse tal afirmação do nada, e sim com base nos documentos do caso escritos há mais de 20 anos que ela leu. Portanto, não há mais nada a ser questionado. "Luna, sei que é difícil para você a simples ideia de que a tua bisavó foi morta por teu tio-avô que você nem conhece, mas é isso que os documentos e os laudos do caso dizem. Vai querer questioná-los?", responde Ana. "E então Ana, agora as peças todas se encaixam, e tudo faz sentido, desde a criança abandonada até a tocaia, passando pela operação abafa da imprensa na ocasião", responde Ricardo, após ligar os pontos dos quais ele já tinha conhecimento prévio. "Sim, e eu também, já vinha suspeitando disso desde que sai do Arquivo", responde Zoe. "Eu, idem", diz Nina. "E agora fica fácil de imaginar o motivo pelo qual trataram de abafar na imprensa a identidade do assassino da senhora Fernández de Benson e o motivo que o levou a mata-la, a ponto de apresenta-lo como um mero louco surtado", diz Âmbar, após lembrar-se da história que o senhor Bianchi contou no restaurante.

Ana em seguida continua falando sobre o que descobriu nos documentos do caso. Ela começa corroborando com o que Âmbar disse. "Você está certa, Âmbar. Abafaram o caso na imprensa para preservar o prestígio da família Benson", responde a ruiva. "Como assim, Ana? Eu não entendo, como que o meu pai e a minha mãe assim agiram. A tal ponto que o meu avô me contou que a época eles trataram o caso como um verdadeiro segredo de Estado e nunca abriram o jogo com ele sobre o processo", pergunta Luna.

"Como você deve saber, a tua família é uma das famílias mais distintas de toda a região de Buenos Aires e redondezas, se não a mais. Se esse caso viesse à tona, a tua família no mínimo sofreria um grande constrangimento social", completa a mãe de Nina. Ou seja, coisas de famílias ricas e poderosas que Luna não entende, em parte pela idade e em parte pelo fato de ter passado muitos anos longe de sua família de nascença, vivendo no seio da família adotiva de classe média no México que a adotou. Em outras palavras, Luna pode ter saído da casa na qual morava no México e voltado a morar na mesma mansão, mas a casa no México nunca saiu dela. E o mesmo vale para sua irmã gêmea, Sol, caso ela voltasse a morar na mansão Benson: ela sairia do circo, mas ao mesmo tempo o circo jamais sairia dela. Por isso que a dona de Kara jamais voltará a morar na mansão na qual viveu suas duas primeiras semanas de vida.

Na sequência, ela conta sobre a história do maníaco do bosque de Palermo, pelo que consta nos documentos. Consta que ele foi abandonado ainda criança pelos pais em um bosque, e depois salvo por uma família de aldeões. Com o passar do tempo, ele foi descobrindo quem ele é, e ao mesmo tempo nutrindo desejos de vingança para cima dos pais dele. Até que belo dia, ao saber sobre o local no qual a mãe biológica dele morava, enviou uma carta à mansão, na qual desejava encontrar-se com a mãe depois de muito tempo.

FLASHBACK – tarde do dia 10 de outubro de 1996

Na mansão Benson, uma carta chega ao correio, endereçada à senhora Maria Cristina Fernández de Benson. Bernie, ao saber que se trata de uma carta endereçada à sua querida e amada avó, faz questão de entregar pessoalmente a ela. "Vovó, olha só o que apareceu no correio: uma carta especialmente para você", diz Bernie. "Sério Bernie? Já faz tempo que não recebo cartas. Desde que o teu avô nos deixou, pouquíssimas cartas têm vindo para mim", responde a avó Maria Cristina, já uma senhora de 75 anos de idade.

Bernie então vai à cozinha almoçar junto com Lili, e a velha Maria Cristina lê a carta. Ao ler a carta, ela vê que se trata do filho que ela abandonou há longos 41 anos, Fernando Gomez Benson, hoje um homem de meia de idade. O mesmo Fernando ao qual a velha Maria Cristina escreveu uma carta que ela mesma enterrou no subsolo da mansão.

Fernando diz que quer muito reencontrar com a mãe e poder dar um terno abraço nela, depois de muitos anos. E combina de se encontrar com ela no bosque de Palermo, às 21h00. Ao ler a carta do filho, a velha Maria Cristina simplesmente se emociona. Jamais ela imaginaria, nem mesmo em seus pensamentos mais loucos, que o filho abandonado dela poderia ter sobrevivido no meio do nada e que ainda escreveria uma carta querendo reencontrá-la e dar um terno abraço nela. Para uma mãe que abandonou um filho, é uma verdadeira realização.

Dito e feito. A senhora Fernández de Benson vai ao local indicado na carta, e no horário marcado. E para isso pediu um táxi para ir ao local. Entretanto, Roberto Muñoz, um dos funcionários da mansão à época, interpelou a senhora antes que ela saísse da mansão. Disse a ela que isso pode ser uma cilada. Mas ela não deu ouvidos ao senhor Muñoz, e foi ao local indicado, esperançosa de poder reencontrar o filho. Bernie e Lili não podiam fazer nada, já que foram jantar em um restaurante longe dali. Nem mesmo os pais de Bernie, que estavam em Santiago do Chile, ou Sharon, que na ocasião se encontrava em Córdoba visitando as primas e os tios. E nem mesmo o senhor Alfredo, em viagem a Montevidéu na ocasião.

Chegando ao local, ela procura pelo filho, e após vários minutos de busca o encontra, próximo a uma área arborizada próxima a um lago. Sem que ela percebesse, ela está em um local ermo, perfeito para um assalto, ou mesmo uma tocaia. "Filho, é você?", pergunta a senhora Fernández de Benson. "Sim, sou eu mamãe, seu filho Fernando", responde Fernando. E os dois começam a conversar entre si. "Filho, você não sabe o quanto sofri esse tempo por ter te abandonado quando você ainda era bebê. E saber que você vivo ainda está e te encontrar são e salvo é uma sensação indescritível. Você não sabe como...", diz a senhora Fernández de Benson, emocionada e derramando lágrimas dos olhos. "Sim, querida mamãe. Imagino. E você também não sabe o quão cínica você é, maldita!", responde Fernando, que em seguida desembainha um punhal, o coloca na posição baixa e o mira na direção da mãe. "Filho, o que isso significa?! Não me diga que...", pergunta a senhora Fernández de Benson. "O teu fim chegou, maldita! Você não tem o menor direito de dizer que é minha mãe! Chegou a hora da justiça dos homens, a justiça que irá te sentenciar à morte!", responde Fernando. Ele primeiro a golpeia com o punhal no pescoço, e depois desfere mais dois golpes no peito e um no ombro, seguido de um golpe final no ventre da mãe. Assim, foi questão de tempo a senhora de 75 anos vir a óbito, antes mesmo que qualquer resgate pudesse salvá-la. E a sentença da justiça dos homens enfim foi cumprida.

FIM DO FLASHBACK

A irmã perdida (Sou Luna temporada 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora