Capítulo XXXIX - Apostas, convites e cartas (parte II)

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Terminada a conversa com Bortė, Luna volta a atenção dela à irmã. "E então Luna, já que vocês estão falando em ir ao Roller, gostaria de lhe lembrar do trato que nós duas fizemos no dia do chá de bebê na mansão. Estou vendo que hoje é o dia em que você vai ter que me pagar um sanduíche e um suco no Roller. Espero que me pague o melhor dos sanduíches de lá", diz Sol. "Não tão rápido Sol. Nós temos uma coisa para lhe mostrar antes disso", diz Simón, que segura uma pasta em mãos e dela tira um papel. Mais precisamente uma carta. "E o que é, Simón? Não me diga que é um convite para mais uma festa fadada ao fracasso na mansão Benson? Que patético... achei que vocês fariam melhor dessa vez", diz Sol, destilando sarcasmo na voz dela. "Sol, você precisa ler isso antes de ir embora daqui", diz o namorado de Âmbar, mostrando a ela a carta da mãe dela, escrita uma semana antes de vir a óbito no incêndio da mansão Benson. Zoe e Âmbar também pedem que ela leia a carta. "Eu tenho que ler isso, me poupem vai...", diz Sol.

Simón então resolve entregar a carta primeiro aos tratadores de Sajkhan. Eles leem a carta, se emocionam e dizem para Sol lê-la. "Você precisa ler a carta, é para você, Sol", diz Tėmur, que tal qual Môrdorž sabe sobre toda a história envolvendo o abandono dela. "E depois, você terá que mostrar essa carta aos teus pais", diz Môrdorž. O olhar dos dois a Sol claramente demonstrava que se tratava de algo sério. E graças a esse empurrãozinho dos cameleiros, Sol então resolveu ler a carta, ainda montada em Sajkhan.

Sol leu a carta atentamente, palavra por palavra. No processo de leitura da carta, Sol sentiu-se como se a voz da mãe dela estivesse ecoando nos ouvidos dela, como se fosse uma espécie de sessão espírita. E de repente, ela se vê em uma visão na qual mais uma vez encontra os pais dela.

Mais uma vez, eles estão com os corpos todos enfaixados como se fossem múmias e emanando um calor abrasivo deles. "Vocês de novo, mortos-vivos? Não sei se vocês sabem, mas o lugar de vocês é o cemitério, não aqui! E a propósito, sabiam que hoje não é a noite do Thriller?", diz Sol. "Sol, nós entendemos o ódio que você sente por nós, mas não acha que está na hora de escutar o que nós temos a dizer a você?", pergunta Lili. "E o que eu tenho a escutar de vocês? Mais mentiras e hipocrisia da parte de vocês? Isso é o que vocês merecem!", diz Sol, que por meio da medalhinha lança uma rajada de luz que cega os pais dela. "Mas que ironia, vocês sendo feridos pela mesma medalhinha que vocês me deram depois que nasci", diz Sol. "Por favor, filha, nos poupe!", diz Bernie. "Sabiam que nas artes marciais orientais existe o princípio de usar a força do inimigo contra ele mesmo? Pois bem, eu estou usando para aniquilá-los algo que vocês mesmos me deram!", e gargalha. "Você é nossa filha, tem nosso sangue, não pode nos matar!", diz Lili. "Pare, Sol, por favor, nos poupe!", diz Bernie. "Chega dos teus lamentos, agora é a hora de vocês voltarem para o lugar de onde nunca deveriam ter saído!", diz Sol, que saca uma adaga e prepara-se para mata-los a punhaladas. Mas, bem na hora H, ela amarela! Ela aponta a adaga para a direção deles, mas não passa disso, ficando nessa posição por vários segundos e no fim Sol embainha a adaga que tem em mãos, desistindo do ataque final, com um peso na consciência. "O que foi que eu estava por fazer?", ela se perguntou. E assim a visão da irmã de Luna termina.

"O que foi que eu vi?", pergunta-se Sol, que conta à Luna e os amigos dele sobre a visão que teve. "Pelo visto você teve uma epifania, Sol. Teu verdadeiro coração está se revelando, pelo visto", diz Zoe. "Depois dessa, acho que você não tem mais porque odiar teus pais biológicos", completa a loira abelhuda. Sol começa a chorar como se fosse um bebê. Não sabe mais o que pensar sobre os pais biológicos dela depois dessa. O fato é que em algum momento passou pela cabeça de Sol que os pais dela possam ter escrito uma carta dessas nas quais eles exprimem o sentimento deles. "Então essa é a surpresa de que meus pais me falaram no sonho, só pode ser...", diz Sol.

Por vários minutos, Sol derrama as lágrimas e resolve descer de Sajkhan por um momento. Zoe então resolve andar no lombo de Sajkhan no lugar da irmã, algo que Môrdorž e Tėmur consentem. Ela dá uma volta pelo espaço do circo e em cima de Sajkhan por alguns minutos. E para ela, foi a coisa mais incrível do mundo.

"Tudo bem contigo, Sol?", pergunta Bortė, com Kara ao lado. "Bortė, eu não sei mais que pensar, acho que só você, a Kara e o Grom para me consolarem nesse momento", responde Sol, que em seguida mostra a carta à amiga. "Então quer dizer que os teus pais se arrependeram do que fizeram a você... mas você deveria estar feliz com isso, Sol", responde Bortė. "Mas é que esse tempo todo eu nunca fui com a cara deles, a ponto de recentemente ter tido um sonho no qual eles apareceram como se fossem múmias e eu mesmo os matei. Não sei mais o que pensar sobre eles, sinceramente", responde a irmã de Luna. "Acho que a partir de agora você deveria pelo menos respeitá-los, Sol", diz a filha de Môrdorž e Bolormaa. "Não precisa ter o mesmo afeto que a Luna tem por eles e que você jamais terá por não tê-los conhecido. Apenas o respeito já basta", ela completa.

Aos prantos e acompanhada de Bortė e com Kara ao colo, Sol foi até a mãe dela e mostrou a carta. "Viu filha, viu o que nós lhe falamos sobre cantar vitória antes da hora hoje cedo? E pelo visto, você pagou com a língua e é você que vai ter que pagar um sanduíche para a tua irmã", diz Helena, que por sua vez mostra a carta ao marido e os dois leem a carta juntos com Sol ao lado. Mas não sem antes de chamarem Luna para que ela lesse a carta junto. Para isso, Bortė a chamou. 

A irmã perdida (Sou Luna temporada 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora