Capítulo LXII - O fim de uma lenda

5 0 0
                                    

Luna, junto com os irmãos e o sobrinho de Fernando, ficaram estarrecidos ao ouvirem essa história, obviamente. Não imaginavam que ele chegou tão longe em seu desejo de vingança contra a família Benson, a ponto de lançar uma maldição de magia negra sobre a mansão. Mas, sabendo de todo o histórico de vida dele, procuram não julgá-lo, e sim entende-lo e se se colocar na pele dele. Embora, obviamente, isso não mude o fato de que eles ainda assim condenem os atos hediondos que ele cometeu outrora.

Fernando volta a tossir fortemente, ao terminar de contar a história sobre a maldição. Os irmãos perguntam se está tudo bem com ele. O homem acamado responde que sim, que está tudo bem com ele e que se sente um pouco mais leve depois que revelou essas coisas todas sobre os incidentes de 1996. Não só isso: também sente o peso dentro da consciência dele sofrer uma considerável redução. Já não sente o mais peso da culpa de antes.

"Mas agora já é tarde demais. O que está feito, está feito, e não me resta muito tempo de vida pela frente", responde Fernando. "Irmão, não diga isso. Tenho certeza que você vai ficar bem e sair dessa", diz o tio-avô Henrique. Fernando volta a tossir após ouvir as palavras do irmão. "Tio, não morra! Você não pode morrer! Você não pode terminar teus dias preso!", diz Luna, que o acode com os braços, ternamente. Fernando, obviamente, comoveu-se com o amor e a acolhida que recebeu da sobrinha-neta. "É tarde demais, sobrinha-neta. Foi muito bom poder conhecê-la. Mas a minha hora enfim se aproxima", responde Fernando. Ele, no fundo, sabe que por causa dos atos que cometeu continuará a ser taxado de maníaco e louco pelas pessoas e a sociedade continuará a trata-lo como um pária. E, antes de partir, diz à Luna as seguintes palavras: "Luna, por favor, não deixe que a minha história se repita com as tuas irmãs que estão para nascer!".

Após proferir essas palavras, Fernando tosse mais uma vez e enfim vem a óbito. Assim, nos braços da sobrinha-neta, chegam ao fim os 70 anos de vida do lendário maníaco do bosque de Palermo. Luna, o tio e os tios-avôs notaram uma expressão serena no rosto de Fernando, livre de toda a culpa que ele carregou em vida. Uma expressão serena que antes de tudo expressa felicidade. Felicidade pelo fato de que a penitência dele nesse mundo chegou ao fim depois de 70 longos anos. Ele está livre. Livre de todo o fardo que carregou enquanto viveu. E assim, uma lenda encontrou seu fim. Não depois de ter sido atingido por um tiroteio perpetrado por um grupo de policiais, morto durante um motim dentro da prisão ou coisa similar, mas morrendo em um hospital, já muito doente, de forma anônima e nos acolhedores e misericordiosos braços da sobrinha-neta.

Logo Luna sai da sala do hospital, toda emocionada e acompanhada do tio Ignácio. "E então Luna, como foi lá? E o teu tio-avô, como está?", pergunta Matteo. Luna, de tão emocionada que estava, não estava em condições de falar mais nada com seus amigos. Então o tio Ignácio resolve dar as notícias aos amigos de Luna. "Então o homem faleceu...", diz Simón. "E ainda por cima nos braços da Luna! É meio que como se todo o ódio e o rancor que ele carregou durante toda a vida dele fossem neutralizado pelo amor e misericórdia da Luna", diz Âmbar. Ao ver sua namorada nessa situação, Matteo vai consolá-la e a abraça de forma terna. "Meus sentimentos, Luna!", diz Matteo à namorada. Luna só tem a agradecer ao belo gesto do namorado, nesse momento em que ela vive. E ao italiano diz que por um lado se sente triste pelo falecimento dele, e por outro feliz pelo fato de a vida de penitência enfim chegou ao fim.

Pouco antes de chegar à residência, Luna envia pelo celular uma mensagem à irmã, avisando que o tio-avô delas faleceu nos braços dela, além de contar sobre o derradeiro desejo dele. Logo os pais dela, Môrdorž, Bolormaa, Bortė, Tėmur e todo o pessoal do circo também fica sabendo do óbito do tio-avô de Sol por meio do noticiário. Uma conversa entre pais e filha se sucede. "E então Sol, o que você me diz da morte do teu tio-avô?", pergunta Helena. "Mamãe, confesso que como eu não o conheci eu não me sinto abalada com isso. Mas só de saber que ele morreu nos braços da minha irmã, querendo que a história dele não se repita, fiquei tocada, sabe?", responde Sol. "Tua irmã foi bem corajosa em confortá-lo nos derradeiros momentos da vida dele, Sol", diz Ruslan. "Acho que ela fez o que tinha que ser feito. Nada mais que isso", diz Helena. "Também concordo, querida. E isso simboliza que esse é o fim de uma era para a família Benson e o início de uma", responde Ruslan. "De qualquer jeito, me alegra saber que ele deixou esse mundo querendo que a história dele não se repita. Espero, do fundo do coração, que a Luna não falhe com ele e conosco", diz Sol. "Nós também, filha", diz Ruslan e Helena.

Ao voltar à mansão, os pais, o senhor Alfredo, Rey e Maggie já estão por dentro do que acabou de acontecer por meio do noticiário. E obviamente perguntam à Luna sobre como foi o encontro no hospital com o tio-avô. A patinadora, já mais calma e menos emocionada, então os coloca a par de tudo, desde o encontro com os o tio e os tios-avôs dela até a morte do tio-avô nos braços dela. Nos pontos essenciais, o velho Alfredo e o casal Valente tem a mesma opinião que o casal Korsakov tem em relação ao fim que o homem que entrou para a história como o maníaco do bosque de Palermo. "E você informou à tua irmã sobre isso?", pergunta a Dona Mônica à filha adotiva. Luna responde que sim, que enviou uma mensagem a ela contando sobre tudo antes de chegar. E tal como dito à Matteo, aos amigos e à irmã, a patinadora contou aos pais, ao avô, a Rey e Maggie que sentiu um misto de tristeza e felicidade pela morte dele.

Quando foi dormir, Luna invariavelmente se lembrou das últimas palavras que o tio-avô Fernando lhe disse pouco antes de vir a óbito: "Luna, não deixe que a minha história se repita com as tuas irmãs!". E ficou com elas na cabeça até enfim cair no sono e perder a consciência, sentindo a responsabilidade que ela e a família dela terão daqui em diante.

Não se sabe ao certo se o homem que entrou para a história como o maníaco do bosque de Palermo se arrependeu ou não se ter matado a própria mãe e de ter jogado uma maldição de magia negra na própria família, mas uma coisa é certa: ele, pouco antes de vir a óbito, do fundo da alma desejou que a história que ele vivenciou nos 70 anos em que esteve nesse mundo não venha a se repetir com as irmãs de Luna que estão para nascer. E, diga-se de passagem, não só para Luna como também o sobrinho e os irmãos dele, tal desejo da parte dele já é o bastante. Na hora, tanto Luna quanto os tios-avôs e o tio notaram que foram verdadeiras palavras que saíram do fundo do coração de Fernando, um último desejo sincero e autêntico da parte dele.

A propósito, falando na maldição de magia negra em questão, duas foram as vezes nas quais a mansão Benson foi consumida por terríveis incêndios. Talvez, se nada for feito no sentido contrário, de forma a impedir que estas voltem a se repetir futuramente, pode ser que a mansão Benson volte a ser flagelada por novos incêndios. Por sorte, das duas últimas vezes, a mansão Benson sobreviveu aos incêndios, ainda que consideravelmente danificada tanto por dentro quanto por fora. O dano foi tal que a reconstrução da mansão, em ambas as ocasiões, consumiu muito tempo e dinheiro. Mas e da próxima vez, como será? Será que da próxima vez em que a centenária mansão Benson for flagelada por um incêndio como aquele que ceifou a vida de Lili e Bernie e causou traumas em Luna não terá a mesma sorte e enfim será reduzida a farelo, escombros, cinzas e pó? Apenas o tempo poderá responder a tais questões.

A irmã perdida (Sou Luna temporada 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora