Capítulo LII - A viúva e as novatas: assuntos do coração.

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"Alfredo, pelo menos eu, as minhas irmãs e meus finados pais dávamos algo que você nunca deu de fato à Sharon: amor, compreensão e atenção, sem as comparações vazias que você de tempos em tempos fazia e ainda faz. Por isso que ela preferia a nossa companhia que a tua ou a da Lili. Precisa desenhar ou isso é muito para você entender?", responde Josefina diante das acusações de que ela e as irmãs abalaram a harmonia que um dia houve entre as irmãs Bilder. "Ora essa, era só o que me faltava. Falar que eu não dei amor à Sharon... francamente, vocês inventam cada uma... fui o melhor pai que ela poderia ter e o que recebi em troca foi o ódio e a amargura dela", responde o senhor Alfredo. "Como o meu pai te avisou à época: você tinha uma bomba em mãos, não a desarmou e agora os pedaços dessa mesma bomba estão no teu rosto, te machucando e fazendo-o sangrar. E o que é pior, senhor Alfredo, você continuou a agir assim mesmo depois que a Lili veio a óbito. Não foi à toa que a Sharon ficou ressentida contigo e fez o que fez. Francamente, você precisa se olhar no espelho", responde Josefina.

A troca de farpas continua até que Rey e Maggie apartam a acalorada discussão entre o avô e a tia de segundo grau de Luna e Sol. E, evidentemente, depois de um alto barraco com o senhor Alfredo, Josefina se mandou da mansão, acompanhada das sobrinhas.

Após uma rápida passagem pelo Roller, na qual Josefina chegou a conversar brevemente com Matteo e Simón e deles teve boa impressão (e eles também de Josefina), Luna e Âmbar acompanham a tia até a estação rodoviária. Entretanto, no meio do caminho, o táxi passou por uma praça florida, o Rosedal, um dos lugares mais românticos da capital argentina. Ao vê-la com os olhos depois de muito tempo, Josefina se emociona e lágrimas dos olhos dela escorrem. Nesse estado melancólico ela fica até praticamente o terminal rodoviário.

"Tia, o que foi? Por que está chorando?", pergunta Luna, já no terminal rodoviário, à espera do ônibus. "É uma longa história, querida sobrinha", Josefina responde. Assim se inicia uma conversa entre uma senhora de 60 anos, já viúva, cuja vida amorosa já chegou ao fim e que não quer saber mais de relacionamentos com outros homens enquanto viver, e de outro, duas jovens garotas cujas vidas amorosas estão apenas começando.

"Essas paisagens que estamos vendo evocam em mim memórias do meu querido e amado Augusto, que como vocês sabem já não está mais nesse mundo. De todos os passeios que fizemos por aqui, de quando sentávamos nos bancos do parque e passávamos horas olhando para as estrelas no céu da noite... era a coisa mais romântica do mundo. Bons tempos aqueles!", responde Josefina, ao ter uma visão do Rosedal. "Tia, vejo que você amava muito o teu marido. Uma pena que não vou poder conhecê-lo", diz Luna. "Sim, ele foi o amor da minha vida, e me deu quatro filhos lindos. E tudo o que vivi com ele, foi inesquecível... O amarei para sempre, até o fim de meus dias", responde Josefina.

Josefina conta às sobrinhas sobre sua história de amor com Augusto. O conheceu quando ainda tinha 20 anos, andando pelo parque Sarmiento, o principal parque público de Córdoba, fundado em 1911 e batizado em homenagem a Domingo Faustino Sarmiento (1811 – 1888), Presidente da República Argentina entre 1868 a 1874. Ela estava próxima ao lago dos cisnes do parque, e sob a luz da lua viu Augusto pela primeira vez na vida, andando próximo às árvores. Josefina se encantou por Augusto quando o viu pela primeira vez, e este vice-versa. E em seguida os dois ficaram olhando as estrelas por vários minutos, até que após um abraço caloroso cada um seguiu seu caminho. Foi questão de tempo os dois voltarem a se encontrar e a começarem a namorar, e anos mais tarde os dois se casaram, cuja cerimônia teve lugar na Igreja Los Capuchinos, uma das principais da cidade natal do meia da Juventus Paulo Dybala. Na ocasião, Lili, Sharon e o senhor Alfredo estiveram presentes na cerimônia. Segundo Josefina, na ocasião Lili e Sharon estavam lindas, trajando vestidos longos de cor azul turquesa. Após se casarem, Josefina e Augusto tiveram filhos. E, naturalmente, também tiveram desentendimentos e contratempos no longo intervalo temporal em que juntos estiveram, mas todos eles com o tempo foram devidamente superados.

"A tua história com o Augusto é deveras bonita, tia", diz Âmbar. "Sim, e foram páginas de uma história muito bonita que nós dois escrevemos nesses anos com muito carinho, dedicação e acima de tudo amor. E sem sombra de dúvida o esforço valeu e muito a pena. Foi sem dúvida a melhor escolha que fiz em minha vida", responde a prima de Lili e Sharon. Josefina ainda conta que nos últimos anos de vida Augusto dizia o seguinte: que a história de amor entre ele e Josefina não acabou, não ia acabar nunca e que nem a morte acabaria com tal história. Ao ouvir as palavras da tia, Luna e Âmbar invariavelmente se emocionaram. "Espero poder ter uma história dessas com o Matteo, tia", diz Luna. "E eu com o Simón", diz Âmbar.

Na sequência, Âmbar faz uma pergunta à tia. "Tia, não entendo uma coisa. Como que você pôde ficar tanto tempo junto com o tio Augusto? Hoje em dia, vejo muitos relacionamentos amorosos acabam como se fossem a coisa mais banal do mundo, e isso me deixa um tanto grilada, sabe?". "Âmbar, pelo que eu vejo das gerações mais novas, parece-me que hoje em dia a moda é jogar as coisas no lixo ao menor de sinal de defeito. Não se dão ao trabalho de consertá-las como antes, e isso também vale para relacionamentos amorosos", responde Josefina. "Sabe sobrinhas, eu claramente vejo que o Matteo e o Simón são os homens da vida de vocês, e ouçam o que eu digo: vocês nunca mais terão outra chance dessas na vida! Não a desperdicem! Digo isso por experiência própria. Na vida só se ama de fato uma única vez. Tenho certeza que eles ainda lhes farão as mulheres mais felizes desse mundo. Estou por dentro do fato de que os relacionamentos de vocês com eles já teve alguns contratempos, e só lhes peço uma coisa: não tratem o relacionamento de vocês como um produto descartável que pode ser jogado no lixo a qualquer hora", completa Josefina. Luna e Âmbar entendem o que a tia quis dizer, e prometem a ela que vão seguir os conselhos dela.

"Tia, sabe que em um sonho que tive há alguns dias um homem de um país chamado Asgard me disse algo parecido? Ele me deu uns conselhos não só sobre a minha irmã, como também sobre a minha relação com o Matteo", pergunta Luna. "Sério, que legal... Você parece ter uma imaginação bem fértil, sobrinha. A propósito, parece-me que hoje você também sonhou com uns macacos espaciais bem esquisitos, um tal de Doutor Gori e seu comparsa Karas", responde Josefina. "Como sabe disso, tia?", pergunta a namorada de Matteo. "Tua mãe me contou", Josefina responde. "E no quesito imaginação a minha irmã não deixa por menos, sabe. Ela sonhou com o Zangief e o Sagat, dois dos lutadores favoritos dela", Luna responde. "Pelo visto você e a tua irmã puxaram para a minha prima Lili, que também tinha uma imaginação bem fértil", Josefina responde.

Bem nesse momento, o ônibus chega ao local. E Josefina se despede das sobrinhas, de forma emocionada, mas não sem antes pedir a eles para que um dia elas visitem Córdoba para que conheçam também as tias Maria Luísa e Desirée. "Córdoba é uma cidade linda, vocês vão adorar", diz Josefina. Ela também dá algumas dicas de passeio com os namorados às sobrinhas, e uma delas é o já citado Rosedal. "Tenho certeza que o Simón e o Matteo vão adorar esses passeios", diz a prima de Lili e Sharon. "Tia, prometemos um dia visitá-la em Córdoba!", diz Âmbar. Josefina promete que voltará a Buenos Aires assim que as irmãs de Luna nascerem, e quer que as duas estejam na mansão para que um dia ela possa vê-las em pessoa.

A irmã perdida (Sou Luna temporada 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora