Prólogo.

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Quem não conhecia Ryuichi Asami?


Empresário famoso em todo o Japão, esse homem alto de cabelos pretos e olhos dourados surpreendeu a muitos por sua presença carismática e seu poder cada vez maior sobre o arquipélago japonês. Sua influência se estendeu além de suas terras, pois sob sua superfície policiada, Asami era na verdade o chefe do maior ramo da máfia japonesa. Tráfico de armas, drogas, órgãos, nada é tão horrível para este ser humano que não hesitou em abater o menor dos inimigos que se interpôs em seu caminho. Pena não fazia parte do seu vocabulário, só deixava viver se isso lhe garantisse bons dividendos no final do dia. Ele não sabia como parar de trabalhar, negociar, festejar com a decadência de seus inimigos o fazia feliz.

Havia, porém, outra coisa que o fazia feliz. Ou melhor, uma pessoa. Akihito Takaba era um jovem rebelde. Fotógrafo freelancer, o garoto descolado passava a maior parte do tempo se metendo em encrencas maiores. O encontro deles não foi nada como uma reunião de água de rosas. Clorofórmio, cordas, posse física áspera, mas satisfatória. No início, Asami simplesmente queria dar algumas boas lições para Akihito, que mantinha esse hábito irritante de meter o nariz em seus negócios de gângster. E quando, ele não conseguia dizer a si mesmo, havia se tornado mais. Ele não podia contar as vezes que salvou o mais novo e quantas vezes o puniu por se colocar em tal desastre que poderia ter perdido seu império.


Felizmente, Asami estava longe de ser uma idiota dobrada pela incapacidade. Seu império estava indo maravilhosamente bem, cada vez mais florescente. A noite estava linda, ele ia matar alguns idiotas que queriam vender drogas em seu território. Acompanhado de seu fiel braço direito Kei Kirishima, ele estava prestes a deixar o Sion, seu clube privado mais conhecido e exclusivo da cidade. Era assim que lavava o dinheiro dos seus negócios ilícitos, num grande número de clubes e discotecas espalhados pelo território. Ele pegou o celular, fez uma ligação enquanto a secretária o ajudava a vestir o casaco. Ele se deparou com uma mensagem de voz e franziu a testa. Ele digitou o número novamente, ainda sem resposta.


-Kirishima, onde está o Akihito?


-Perguntarei a seus guardas sua localização imediatamente.


A secretária seguiu seu patrão pelos corredores enquanto tentava descobrir. Suoh, o principal guarda-costas de Asami se juntou a eles. Uma vez no corredor, Kirishima anunciou com uma voz envergonhada e irritada ao mesmo tempo.


-Os guardas perderam Takaba-san, Asami-sama.


Asami não estava muito surpresa. Ele apenas se perguntou vagamente o que seu jovem amante estava fazendo enquanto entrava em sua limusine em direção ao ponto de encontro com aquelas pessoas que ousavam entrar em seu território. Tóquio já era dele há muito tempo, ele não dava um pedaço dela para ninguém. Acendeu um de seus preciosos cigarros, deu uma baforada enquanto contemplava a paisagem pela janela fumê. A arma já estava pronta, a Berreta era uma extensão do braço, muitas vezes. É preciso dizer que muitas vezes pensamos em desafiá-lo ultimamente. Ele parecia estar amolecendo porque Akihito poderia mais ou menos fazer o que quisesse? Se era isso que seus inimigos pensavam, eles eram ainda mais burros do que ele imaginava.

Como sempre, a reunião aconteceu em uma área abandonada, que desabou sobre si mesma com o tempo. Asami saiu da limusine, seus homens estavam lá, prontos para a ação. No entanto, um mau pressentimento começou a surgir nele. E aprendera a confiar em seus instintos. Ele não levantou a mão para a arma, no entanto, quando o líder da outra gangue apareceu com um largo sorriso.


-Asami-san.


-Dogho-san. Não tenho tempo a perder com você. Você quer seu filho de volta?


Asami sorriu ao ver a irritação pintar as feições de seu oponente. Ele não tinha o nível. Ele não poderia tê-lo. Então, por que essa preocupação maçante? Akihito ainda conseguiu ser sequestrado? Ele teria que mantê-lo na coleira?


-Eu tenho algo para te mostrar, Asami-san. Tenho certeza que você vai me agradecer.


Holofotes piscaram, fazendo Asami semicerrar os olhos. Kirishima se aproximou dele, assim como Suoh. À frente deles, uma tela de projeção ainda branca. Mas as imagens acabaram aparecendo por lá. Por alguns segundos, Asami pensou que seus sentidos estavam pregando uma peça nele. Saber não. Fei Long, seu colaborador da Tríade Chinesa com sua amante. Nus. Em uma atividade que Akihito só deveria ter com ele. Os gritos de prazer eram altos, Fei Long não teve dificuldade em tirar esses ruídos da jovem loira. Kirishima estava pálido, reconheceu o hotel, mandou os guardas do fotógrafo para lá.


-Descobri por acaso que eles iriam se ver. Não é de admirar que o mercado chinês esteja tão perto de você, Asami-san.


E começou a rir. Asami, com as feições frias desde o início, esperou que terminasse, longe de se sentir humilhado. Traído sim, a humilhação era por outro lado uma emoção que ele não sentia.

-Obrigado por esta informação, Dogho-san. Aqui está sua recompensa.


Asami tirou sua Berreta do coldre e apontou para o filho. A detonação foi tão alta quanto os gritos de prazer, pedaços de cérebro voaram sobre os outros dois traficantes que gritavam de medo. O tiroteio começou, na cegueira causada pelas luzes, Asami não viu a arma apontada para ele, em um ângulo que não podia errar. Seu corpo caiu para trás, as conexões parecendo quebrar quando seu olhar encontrou o céu estrelado. Na verdade, talvez ele tenha se sentido um pouco humilhado, mas nunca havia sentido tanta dor. Ele sabia que havia se apaixonado por esse garoto safado. Era por isso que nem a morte podia doer tanto. Ele sentiu que estava sendo capturado, seus homens estavam acabados.


-Asami-sama! Fica comigo ! Asami-sama!


Pobre Kirishima, o chefe da yakuza pensou enquanto a inconsciência o dominava. Os próximos dias iriam parecer muito longos para ele.

E ao nascer do sol. [TRADUÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora