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- 14 de abril de 1912 /09:30

OLÍVIA ARREGALAVA OS olhos e levava a mão a boca com o choque. Ela virava a cabeça olhando para o imenso quarto.
O quarto tinha lustres gigantes, tons de beges e muitas pinturas. Tinha cheiro de perfume masculino e tabaco fresco.

— Este quarto é o mais grande do navio? — Olívia perguntava enquanto passava a mão pelos quadros, sentindo as pinceladas agressivas da tinta.

— Não, não é nem grande comparado aos outros. — Pietro respondia do outro lado do quarto, sentado na cama, ajeitando seu terno.

— Hm...— Olívia passava de quadro em quadro até chegar em Pietro — Que Deus me perdoe, mas atravessar o Titanic me dá tanta preguiça! — Olívia se sentava ao lado de Pietro, que a colocava escorada em seu peitoral.

— É uma mulher de fé? — suas mãos iam para o cabelo da morena em um cafuné confortável.

— Sou uma mulher que precisa da fé para continuar vivendo, precisa de uma fuga...você entende? — Olívia olhava nos olhos de Pietro e tocava seus cabelos pretos.

— Entendo. — Pietro sorria passando a mão nos lábios de Olívia.

— Então você também é um homem de fé?

— Não sei, mas agradeço a tudo que me trouxe aqui.

— A riqueza? — Olívia sentiu seu sangue esfriar e seu corpo sair do toque de Pietro.

— Também, mas principalmente ao Titanic, porque ele me trouxe você.

— Suas cantadas são tolas. — Olívia sorria.

[...]

- 14 de Abril de 1912 16:00

Olívia e Pietro passaram a tarde toda conversando, cumprindo a promessa de conversar sobre tudo. Conversaram sobre suas famílias, sobre sua infância, as dificuldades e seus gostos. Olívia contou que amava ler, contou que roubava livros na biblioteca quando criança.

— Então a senhorita gosta de livros?

— Oh, então o senhor gosta de falar como senhores ricos? — Olívia ria mostrando os dentes.

— Gosto. — Pietro levantava rápido da cama e puxava gentilmente Olívia consigo com uma mão, assim como fez antes. — Se me permite, senhorita, posso levá-la a um lugar secreto?

— Por favor. — Olívia faz sinal para que ele prossiga e Pietro toma frente.

[...]

- 14 de Abril 1912 / 16:25

Olívia teria a mesma reação que teve a minutos atrás. Ela sentia a felicidade entrar em seu corpo quando olhou para os livros nas prateleiras.

— Meu Deus! — Olívia pegava alguns livros para ver se eram reais ou não. Em suas costas, Pietro fechava a porta — Pode fechar a porta assim? Deve haver pessoas querendo entrar. — Olívia dizia ainda de costas para Pietro.

— Não acho que alguém nesse navio tenha interesse em livros — o rapaz se aproximava cada vez mais de Olívia, até segurar sua cintura, como da última vez — São esnobes demais.

— Ah, isso sim. É um completo desperdício de material nas mãos deles — Olívia se virava para Pietro, que permanecia com as mãos em sua cintura.

— Sabe...eu acho que essa biblioteca é grande demais só para livros. — Pietro colocava sua mão direita no rosto de Olívia.

— Não desdenhe de uma biblioteca, Duarte. — Olívia respondia indo imediatamente ao encontro dos lábios de Pietro. O beijo começou lento, novamente, como se estivessem dançando em um grande salão de valsa.

— Me permite? — Pietro dizia vermelho olhando para os olhos de Olívia, que já entendia o que o rapaz queria dizer.

— Permito. — Olívia sorria como nunca e começava a tirar o terno do rapaz em meio aos beijos rápidos e molhados.

TITANIC - frio como nós. Onde histórias criam vida. Descubra agora