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O TITANIC DESCIA com toda força em direção a água. Pietro já conseguia sentir o frio invadindo seu corpo e as milhares de facas que cortavam sua pele.

— NO TRÊS! — Jack gritou. Pietro olhou para o lado, desesperado, e pode sentir o desespero no olhar de todos — UM...DOIS...

Nada.
Pietro acabara de entrar em um mar de gelo.

Pietro não escutou nada ao cair na água. Seu corpo sentia tanta pressão que Pietro achou ter sido atropelado por um caminhão. Seus braços lutavam para sair do fundo da água.
Seu corpo se desesperava cada vez mais ao sentir os braços de outras pessoas batendo na água.

Pietro pensava em tudo: em Olívia, em sua família que foi deixada para trás, em seu irmão, nas crianças, nas pessoas que estavam nesse navio. Em tudo. Sua mente era um pesadelo.

Mas um pesadelo que te trouxe de volta.

Pietro conseguiu chegar no topo da água. Sua cabeça parecendo ter vinte quilos de gelo. Seus olhos indo para todos os lados procurando alguém.

— JACK! ROSE! — Pietro rodava na água atraindo olhares de milhares de pessoas que estavam ao seu redor, mas nada de respostas. A única coisa que o fazia ter uma esperança era seu colete.

Pietro nadava descontrolado tentando achar algo para se segurar, algo para fugir dessa água que o matava. Mas nada apareceu.
[...]

Em meio do caos, pessoas gritavam, chamavam nomes que nunca respondiam, rezavam, mas agora, tudo ficou em silêncio. Não havia mais uma alma viva ao lado de Pietro, que tremia sem parar.

Uma luz apareceu, e o rapaz contou certeza de que era a morte vindo buscá-lo, mas não. Não. A morte tinha cabelos escuros, um pavor nos olhos e uma mão sútil prensando o bote. Era Olívia.

Seus olhos piscaram várias vezes e Pietro arriscou molha-lós com a água gelada, mas Olívia não sumia. Seus cabelos estavam do mesmo jeito, suas pequenas sardas também, mas seus olhos ganharam mais vida.

— OLÁ! — um homem ruivo gritou — TEM ALGUÉM AÍ?

— T...te...— a voz de Pietro travou completamente.

— PIETROOOOOO! — Olívia se levantou e o bote todo tremeu. Pessoas cochichavam coisas por todos os lados, mas ela deu de ombro — PIETRO, BALANCE OS BRAÇOS! — quando o bote se aproximou mais, Pietro pode escutar os cochichos.

— Não seja tola. — um homem disse.

— Está uma escuridão aqui, não vamos enxergar nada. — o ruivo rebateu.

Olívia pensou um pouco e depois de alguns segundos, colocou as mãos na água e começou a batê-las.

— Pietro...

TITANIC - frio como nós. Onde histórias criam vida. Descubra agora